5 dicas infalíveis para não comprar um carro roubado

Alguns aplicativos e ações simples podem te ajudar a não cair em uma 'roubada' (sem trocadilhos); veja o que pode ser feito

roubo furto suvs
No Brasil, mais de 350 mil carros foram roubados ou furtados em 2023 (Foto: Shutterstock)
Por Eduardo Passos
Publicado em 16/03/2025 às 13h00

O Brasil registrou, em 2023, 353.011 carros roubados e furtados, segundo o Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Isso significa que, a cada hora, cerca de 40 veículos foram levados de seus donos. Parte desse montante é utilizada pelos próprios criminosos, mas muitos desses carros são revendidos.

Os problemas, entretanto, não se limitam à vítima e aos ladrões: além de moralmente errado, quem compra um carro roubado está sujeito a perdê-lo, sem ressarcimento, caso a Justiça descubra quem é o dono legítimo.

VEJA TAMBÉM:

Além disso, o comprador de segunda mão pode responder pelo crime de receptação. No caso de receptação dolosa (quando a pessoa sabe que o carro era roubado), a pena inclui multa e até quatro anos de prisão. Já a receptação culposa (quando a pessoa não sabe que o veículo veio do crime, mas é negligente ao perceber indícios disso) rende multa e até um ano de detenção.

Para não cair no golpe, porém, há diversas formas de levantar a ficha de um veículo usado. As táticas vão desde um aplicativo do Governo Federal à observação de sinais de que algo está errado.

Sinesp Cidadão

tela de celular com sinesp cidadao foto marcelo casal jr agencia brasil
No app é possível consultar se o veículo é roubado ou não (Foto: Marcelo Casal Jr. | Agência Brasil)

Estima-se que mais de um milhão de carros roubados ou furtados já tenham sido recuperados graças ao aplicativo Sinesp Cidadão, lançado em 2013. O app está disponível para Android e iOS e usa as informações de inteligência do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp) para informar se um carro ou moto tem denúncias de roubo ou furto em aberto.

Para isso, basta fazer o login via gov.br e inserir a placa do veículo — valendo tanto para placas cinzas quanto para aquelas no padrão Mercosul. Uma das principais funções do Sinesp é reunir e padronizar os dados de diferentes estados e, no caso dos veículos, o órgão agrega as informações regionais às denúncias registradas pela Polícia Rodoviária Federal, por exemplo.

Mas o Sinesp Cidadão não é 100% confiável: o próprio Ministério da Justiça ressalta que a atualização da lista de carros roubados depende do envio de dados das secretarias estaduais, que podem levar dias para comunicar o fato. Além disso, é comum que veículos apropriados pelo crime utilizem placas frias, que pertencem a uma unidade quase idêntica, mas sem restrições.

Consulta ao Detran

Cada estado tem seu Departamento de Trânsito, e os sites dos Detrans permitem a consulta de restrições de carros de terceiros. Em alguns casos, basta informar a placa. Em outros, usa-se o Renavam, que é o equivalente a um CPF dos veículos.

Em uma negociação de compra, é comum que o interessado solicite o Renavam do carro para consulta. Se o vendedor se negar, desconfie: pode ser um carro roubado. Caso contrário, acesse o site do Detran do estado em que o carro está registrado e faça a consulta.

Medo de carro roubado? Confira o documento

app vio qr foto serpro reproducao
Vio: QR Seguro serve para atestar autenticidade de documento (Foto: Serpro | Reprodução)

Há alguns anos, o Brasil permite que o documento do carro (formalmente chamado de Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo, ou CRLV) seja impresso pelo próprio dono. É uma medida que busca poupar dinheiro e tempo do cidadão, mas que, por outro lado, não permite o uso de medidas anti-falsificação, como marcas d’água e fitas reflexivas.

Isso não impede, porém, a conferência dos dados, já que todo CRLV impresso tem um QR Code, que pode ser checado pelo aplicativo Vio: QR Seguro.

O Vio também é fornecido pelo Governo Federal e está disponível para Android e iOS. Sua função é justamente checar os QR Codes do CRLV, das placas dos carros, da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e do novo Documento Nacional de Identidade (DNI).

“Compare as informações do documento com as apresentadas pelo Vio e veja se o documento é realmente verdadeiro”, explica o Serviço Federal de Processamento de Dados.  Caso haja qualquer divergência entre o que aparece no aplicativo e no mundo real, fique atento.

Contrate um “detetive veicular”

Os clientes mais desconfiados  se estão comprando um carro roubado podem recorrer a serviços especializados em pesquisar o histórico do carro. Alguns são encontrados com uma busca rápida no Google e, por valores entre R$ 14 e R$ 70, cruzam bancos de dados públicos e privados à procura de algum problema.

Além da questão criminal, os chamados laudos cautelares podem detectar se o carro foi reformado após ser comprado como sucata em leilão. Também dá para checar se ele foi alienado por conta de um financiamento atrasado, por exemplo.

No caso de consultas feitas pessoalmente, o “detetive” pode conferir sinais típicos de ilegalidade, como incoerência nos números gravados pela carroceria ou peças não-originais que não são trocadas em revisões.

Tenha bom senso

A sabedoria popular já diz que “quando a esmola é muita, o santo desconfia”. Isso vale para  os carros e, caso encontre um veículo muito mais barato do que o normal, espere uma boa justificativa para isso.

A melhor referência para o preço de carros usados é a famosa Tabela FIPE, disponível gratuitamente. Também há a Tabela KBB, que procura incluir nuances como a conservação do automóvel para refinar o cálculo.

Outro aspecto é a origem do carro: segundo o Ministério da Justiça, em nenhum lugar se rouba e furta, proporcionalmente, tantos carros quanto em Pernambuco. “Um veículo de registro pernambucano sendo vendido no Sul, por exemplo, é motivo para checar duas vezes”, explica o consultor veicular Vitor Ferreira.

Estados com maior taxa de roubo e furto de veículos no Brasil

A taxa representa a quantidade roubos mais furtos para cada 100.000 veículos em determinado estado e foi fornecida pelo Sinesp

  1. Pernambuco – 585,19
  2. Rio de Janeiro – 503,90
  3. Piauí – 455,00
  4. São Paulo – 396,01
  5. Acre – 373,99
  6. Bahia – 373,62
  7. Ceará – 369,62
  8. Roraima – 351,11
  9. Paraíba – 341,33
  10. Alagoas – 316,67
  11. Maranhão – 300,77
  12. Espírito Santo – 286,50
  13. Paraná – 283,32
  14. Rio Grande do Norte – 278,24
  15. Rondônia – 274,72
  16. Amazonas – 248,92
  17. Distrito Federal – 216,94
  18. Minas Gerais – 204,49
  19. Amapá – 192,11
  20. Sergipe – 171,41
  21. Mato Grosso do Sul – 168,88
  22. Pará – 157,93
  23. Rio Grande do Sul – 145,88
  24. Santa Catarina – 132,21
  25. Mato Grosso – 123,01
  26. Tocantins – 122,19
  27. Goiás – 114,16

Fonte: Sinesp

Newsletter
Receba semanalmente notícias, dicas e conteúdos exclusivos que foram destaque no AutoPapo.

👍  Curtiu? Apoie nosso trabalho seguindo nossas redes sociais e tenha acesso a conteúdos exclusivos. Não esqueça de comentar e compartilhar.

TikTok TikTok YouTube YouTube Facebook Facebook X X Instagram Instagram

Ah, e se você é fã dos áudios do Boris, acompanhe o AutoPapo no YouTube Podcasts:

Podcast - Ouviu na Rádio Podcast - Ouviu na Rádio AutoPapo Podcast AutoPapo Podcast
0 Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Comentários com palavrões e ofensas não serão publicados. Se identificar algo que viole os termos de uso, denuncie.
Avatar
Deixe um comentário