Entre picaretagens, empurroterapia e manutenções necessárias
Muita gente tem dúvida quando a oficina está sendo desonesta ou quando realmente há a necessidade de aprofundar na manutenção do carro
Muita gente tem dúvida quando a oficina está sendo desonesta ou quando realmente há a necessidade de aprofundar na manutenção do carro
Se você leva o carro na oficina para uma revisão para fazer um reparo específico. E aí o veredito: o diagnóstico vem com a troca, a substituição de uma peça ou então um reparo mais complexo e você se questiona: será que precisa mesmo? Ou será que é picaretagem?
A maioria das oficinas que a gente conhece trabalha com lisura, com honestidade. Eles querem manter o cliente, inclusive. Agora tem alguns que, quando resolvem praticar a tal da empurroterapia. Aí é a oficina da concessionária, a oficina de bom gabarito, mesmo não sendo de concessionária, tem o Zé da Esquina, o fundo de quintal e qualquer um. Mas como saber o que é correto e o que é picaretagem? Vamos identificar alguns casos.
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Quais são aqueles itens mais sujeitos passíveis de se fazer a tal da empurroterapia? Se o mecânico te diz tem que trocar o óleo do motor porque já passou o ano da última troca, 12 meses é o que está prescrito pelo fabricante. E você retruca: mas calma, eu só andei 3 mil quilômetros. Picaretagem, ou verdade?
Verdade? O óleo do motor, além da quilometragem, ele tem prazo. Passou de um ano. O carro pode ter ficado parado porque os aditivos que estavam lá no óleo já venceram igual remédio. Porém, tem o agravante se você é daqueles que sai de casa, roda 5 minutos para o seu trabalho de manhã, depois volta à noite. Ou volta para o almoço e vai de novo e o carro fica parado horas e horas. Isso é considerado condições severas. Aí não são mais 12 meses ou 10.000 quilômetros. São seis meses ou 5000 quilômetros.
Estava tudo muito bem, quanto se tinha corrente de aço igual de bicicleta movimentando o eixo comando de válvulas. Ela saiu lá de baixo do virabrequim e vai até o eixo comando de válvulas. Era corrente de aço e não tinha manutenção.
Agora, a correia dentada tem que ser substituída a cada 50 mil ou 60 mil quilômetros. Olha no manual tem mesmo que trocar. Mas há dois problemas. Primeiro, se você roda muito na terra, na poeira ou em região de mineração (com aquele pó, o ar contaminado pelo pó) pode trocar mais cedo na metade do prazo, pois ela poderá arrebentar.
Segunda observação: alguns motores da Ford da GM têm a correia banhada em óleo. E aí ela dura, segundo as fábricas, mais de 200.000 quilômetros. Aí tem muitas arrebentando aos 100 mil, 120 mil.
E o dono do carro para a concessionária para descobrir que na troca de óleo ele respeitou direitinho todas as especificações da fábrica, mas usou de uma outra marca. E aí Tem que usar a marca recomendada pela fábrica na troca do óleo, porque se não esse óleo de um outro fabricante pode atacar a borracha da correia dentada. E aí já era.
Você levou o carro para arrumar os freios na oficina, e o mecânico disse: além de trocar as pastilhas que já acabaram, tem que trocar o disco. Mas você pergunta: por que tem que trocar o disco? Eu sei que pode dar um passe, pode retificá-lo?
Sim, diz o mecânico. Acontece que ele já foi retificado, já chegou na espessura mínima e não dá para retificar mais. Tem que trocar o disco. Ou seja, trocar o disco nem sempre é picaretagem. Pode ser necessário.
Ninguém pensa em trocar velas e cabos, não é? Pois é, Olha lá no manual 40, 50, 60 mil. Cada um fala uma coisa e se você não trocar, o motor começa a funcionar mal. A culpa é de quem? Velas e cabos.
Agora um assunto que dá pano pra manga, os tais dos amortecedores. Tem fabricante que desonestamente diz que tem que trocar os 40 mil ou 50 mil. Tem que trocar nada. Empurroterapia, Picaretagem.
Amortecedor pode ter que ser substituído aos 5 mil, 10 mil ou 150 mil. Como assim, Boris? Você enlouqueceu? Não, eu não. Amortecedor depende da maneira que ele é usado. Se você rodou 5 mil, passou num buracão? Lá foi o amortecedor embora. Ele não resiste normalmente a esse tipo de acidente.
Amortecedor que roda no asfalto, igual veludo, sem carregar muito peso, com o motorista cuidadoso, ele pode passar de 100.000 quilômetros sem ter que ser substituído. Agora, o mecânico que nem checa, o amortecedor, nem faz testes e já diz tem que trocar, é picaretagem.
Por falar em assuntos indigestos, vamos falar de bicos injetores. Vou falar mais uma vez: não tem limpeza de bico injetor se o bico não estiver sujo. E como é que você sabe se o bico está sujo ou está entupido?
O motor não vai funcionar legal. Pode estar tossindo, espirrando, engasgando. O consumo aumentou e a performance caiu? Pode ser o bico injetor e aí ele tem que ser substituído ou passar por uma limpeza.
A mesma coisa com o corpo da borboleta que eles chamam de TBI. Mas nem sempre o problema do motor está no bico. Pode estar na vela, pode estar na bobina, pode estar em vários lugares, tem que ser verificado.
Como saber se o pneu está bom? Uma boa referência está na banda de rodagem. Olhe lá no fundo do sulco, tem um tijolinho. Como a borracha como o do seu pneu vai gastando, gastando, gastando até atingir esse tijolinho. Quando chega nessa pituquinha, é porque está na hora de substituir. Chegou em 1,6 milímetro, a profundidade mínima que você poderá rodar com seu carro em segurança.
Mas por falar em pneu, qual é a durabilidade mesmo do pneu? Ele dura quantos anos ou quantos quilômetros? Quilômetros não tem jeito. Pois vai depender do composto da borracha, do alinhamento das rodas. Depende da estrada que você anda. Depende do peso que você carrega no seu carro.
Aí depende da calibragem. Não calibrou? Deixou o pneu murcho? Pode saber que ele vai se desgastar rapidamente. Mas se mantidas todas essas condições ideais, o pneu dura cinco a seis anos da data de fabricação que está lá na banda lateral do flanco tem DOT com a data de fabricação.
Passou de cinco, seis anos, ele começa a perder as características originais. Mas e aí? Tem que parar? É melhor trocar, ou dá para quebrar galho? Você pode até rodar mais cinco ou seis anos, mas passou de 10 anos da data de fabricação, é lixo.
Os filtros do automóvel são muitos, tem o de combustível, tem o filtro de ar, tem filtro do óleo? Tem até filtro do ar-condicionado. Todos devem ser substituídos. O ar-condicionado merece também, de tempos em tempos, passar por uma sanitização para limpar os dutos, pois ali se acumulam fungos, ácaros, bactérias que vão parar no seu pulmão.
Mas uma coisa interessante é o tal do catalisador que está no escapamento. Antes era projetado para durar 80.000 quilômetros, agora mudaram a lei e ele passou a durar 160.000. Mas ele pode não chegar lá se o motor estiver com problemas, jogando combustível dentro. Assim o catalisador pode durar menos.
Mas aí vem a picaretagem do mecânico que diz que tem que trocar o catalisador, tem que trocar porque acendeu a luzinha, lá do painel, dizendo que tem que ser substituído ou porque ele já atingiu 160.000 quilômetros. Mas saiba você que o catalisador tem materiais nobres lá dentro. E esses materiais nobres valem uma nota no mercado paralelo. Então o mecânico tira o catalisador para vendê-lo caro lá fora. Te cuida.
Agora tem uma sugestão das oficinas que eu não sei como é que as pessoas são capazes de concordar. Mas se você não é obrigado a entender de automóvel e aí mecânico fala: vamos fazer uma lubrificação do seu carro? Você pergunta o lubrificar o quê? “A suspensão, as portas ou janelas. É muito bom jogar um óleozinho”, responde. Mas não é muito bom para o seu bolso, pois não se lubrifica mais automóvel há mais de 30 anos.
E a descarbonização do motor? Quem disse que o motor está carbonizado? Ele se manifestou. Ele apresentou um sintoma disso? Se o mecânico diz: vou descarbonizar! Então leva no outro para confirmar.
Nos Estados Unidos, uma concessionária da famosa marca da estrela de Três Pontas, uma concessionária Mercedes, cobrou na fatura da revisão de um carro a troca do óleo do motor. Sim, mas isso é normal? Seria normal se o carro não fosse elétrico. Cadê o cárter? E cadê o carter com o óleo do motor elétrico?
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