Equipes estão ‘sacrificando’ pintura dos carros na Fórmula 1; entenda

Para se enquadrar no novo regulamento técnico e para ganhar desempenho, escuderias reduziram o peso dos carros após remoção da tinta em locais estratégicos

Aston Martin é uma das equipes que precisou retirar parte da pintura para reduzir o peso dos carros na Fórmula 1
Aston Martin é uma das equipes que precisou retirar parte da pintura para reduzir o peso dos carros na Fórmula 1 (Foto: Divulgação)
Por Bernardo Castro
Publicado em 21/04/2022 às 11h04

A temporada 2022 da Fórmula 1 marcou a mudança no regulamento técnico da categoria, que agora conta com uma aerodinâmica completamente diferente da vista em anos anteriores. Uma das alterações nas regras também está no peso mínimo do bólido e isso está tirando o sono dos competidores desde a pré-temporada.

Esse valor se alterou algumas vezes, e a categoria aumentou o peso limite de 752 kg para 795 kg na temporada deste ano. Contudo, a única equipe que se enquadrou na medida foi a Alfa Romeo.

Assim, para evitar uma corrida tecnológica em uma tentativa de reduzir o peso do carro – o que elevaria muito os custos em um regulamento com teto de gastos – a F1 chegou a um acordo para que o peso mínimo fosse 798 kg. E acredite, 3 kg fazem muita diferença.

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Tanto que, na busca de ficar mais leve e ganhar alguns décimos preciosos, os times estão retirando a tinta em algumas partes do carro e correndo com as estruturas de fibra de carbono visíveis.

Segundo Beat Zehnder, gerente da Alfa Romeo-Sauber, a pintura completa pode chegar a 6 kg. Por isso, a Aston Martin afirmou que deixou de colorir algumas partes de seu monoposto e isso fez ele “emagrecer” 350 gramas. Equipes como Williams e McLaren também seguiram esse caminho como exemplo.

As pinturas da Fórmula 1 estão sendo “sacrificadas”

Mas porque elas tiveram de economizar justamente na pintura, que é um dos pontos que mais chamam a atenção no bólido? Bom, o primeiro motivo é que carro bonito não ganha corrida.

O segundo, e esse um pouco mais técnico, é que no regulamento de 2022, mesmo que as escuderias desenvolvam o seu próprio chassi do zero, existem algumas peças que, como medida do corte de gastos, são compartilhadas e não podem sofrer alterações. Um exemplo são as rodas de 18 polegadas fornecidas pela BBS, o que não permite os times produzirem suas rodas por conta própria e com um peso eventualmente menor.

E essa não é a primeira vez que as escuderias têm sido rígidas com suas cores para economizar peso. Você se lembra da pintura da Red Bull no início dos anos 2010, ou a Ferrari pré 2019? As duas esquadras abandonaram a tonalidade mais vibrante para utilizar cores foscas que são bem mais leves.

Então, qualquer parte que pode ser retirada sem grandes complicações é válida. Mas se engana quem acredita que a pintura esta ligada apenas à parte estética. Ela é responsável por um grande papel no comportamento do carro e deve ser extremamente lisa para que a aerodinâmica não seja interrompida.

Além disso, ela precisa ter um efeito térmico. Os carros da Fórmula 1 são cobertos quase que totalmente por fibra de carbono. Esse composto absorve muito calor e, caso não seja coberto por tinta, pode causar superaquecimento em componentes e atrapalhar o funcionamento do monoposto. Por isso, cada equipe deve analisar minuciosamente qual parte pode ser descolorida sem que se tenha um problema com temperatura.

Boris Feldman alerta: vitrificação da pintura do carro 0 km é necessária em apenas alguns casos

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