Os esportivos nacionais dos anos 2010 e os atuais
Lançados na década passada, a safra de esportivos nacionais marcaram a popularização dos motores turbo na indústria brasileira
Lançados na década passada, a safra de esportivos nacionais marcaram a popularização dos motores turbo na indústria brasileira
É fato que, da última década para cá, os modelos verdadeiramente esportivos e com fabricação nacional estão cada vez mais raros. E foi justamente na virada dos anos 2000, que brilhou com mais de uma dezena de modelos apimentados, para os anos 2010 que a coisa começou a ficar complicada, e o mercado dos esportivos nacionais perdeu boa parte de seu time. Mas não acabou…
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Os anos 2010 já são bem mais próximos da atualidade do que parecem. Época que os smartphones passaram a ser itens comuns no bolso do brasileiro, as redes sociais cresceram pra valer, centrais multimídia “brotavam” nos carros. Isso sem falar na nova safra de populares “completinhos” de fábrica, na maior preocupação com a segurança automotiva e por aí vai.
Falando do Brasil de um modo geral, apesar dos primeiros anos em ascensão, foi nessa década que iniciamos uma das mais duradouras crises econômicas que já passamos, perdurando até os dias de hoje. Voltando aos esportivos, vamos ver quem eram os pouco representantes da época.
Último hatch médio vendido pela Fiat brasileira, o Bravo chegou atrasado, mas logo trouxe sua variante esportiva T-Jet, lançada em junho de 2011 com o mesmo motor 1.4 16v turbo a gasolina do Punto e Linea T-Jet. Mas nele havia o bônus do botão Overboost, que aumentava a pressão do turbocompressor e melhorava significativamente sua força. Eram sempre generosos 152 cv de potência, mas o torque, nesse modo, subia de bons 21,1 para saudáveis 23,0 kgfm.
E nem é preciso falar da transmissão manual de seis marchas, direção, freios e suspensão recalibrados. Os dados oficiais falavam em 8,7 segundos na prova de 0 a 100 km/h e velocidade máxima de 207 km/h. Com vendas em baixa, o esportivo saiu de linha em 2016.
Polêmico, o up! TSI chegou em julho de 2015 para ser uma alternativa mais potente e apimentada do hatch pequeno da VW. Tinha, além da tampa traseira preta, algumas versões mais enfeitadas como a Speed, com faixas decorativas, rodas diamantadas e máscaras negras de faróis/lanternas. O interessante é que a mecânica TSI, composta pelo motor 1.0 turboflex de três cilindros de até 105 cv de potência e quase 17 kgfm de torque, além do câmbio manual de cinco marchas com novo escalonamento, estava disponível para a maioria das versões do up! quatro portas.
Leve e ágil, o hatch turbo conseguia ótimos resultados nas acelerações e consumia pouco combustível, mas saiu de linha em 2021 e encerrou o ciclo do VW up! no Brasil.
Provavelmente o mais memorável esportivo brasileiro da década passada, o Sandero RS foi um ousado projeto da divisão esportiva da fabricante francesa, e deu as caras em agosto de 2015. Seu DNA, realmente esportivo, incluía um belo kit aerodinâmico na carroceria, suspensões rebaixadas e endurecidas, freios preparados, direção recalibrada, além de itens então nunca presentes em qualquer Sandero “comum”, como controles eletrônicos de estabilidade e tração, luzes em LED e mais.
O RS trazia o veterano 2.0 16v F4R, com até 150 cv de potência e 21 mkgf de torque (etanol), junto de um curto câmbio de seis marchas, capazes de levar o hatch até os 202 km/h, demorando apenas 8,0 segundos no 0 a 100 km/h. Sua produção durou até o final de 2021, totalizando cerca de 4.600 unidades em pouco mais de seis anos.
Antes de ser abrasileirado em fevereiro de 2016, o lendário esportivo Golf GTI foi alemão e, depois, mexicano, sempre mantendo qualidade ímpares como o motor 2.0 16v EA-888, turbo, rendendo 220 cv e mais de 35 mkgf de torque, além da transmissão automatizada de dupla-embreagem com 6 marchas ou as suspensões independentes nas quatro rodas. O lendário hatch médio da VW, esportivo nato com preparações exclusivas de mecânica, dinâmica e estética, fazia a cabeça de qualquer consumidor do segmento.
Rápido e apurado na condução, o hatch esportivo da VW durou até o final de 2019 e deixou um sucessor pouquíssimo lembrado, que nada tinha de seu carisma histórico: o híbrido Golf GTE, trazido em lote único da Europa.
Poucos lembram, mas o pequeno 208 GT foi fabricado em Porto Real (RJ) durante mais de três anos e meio: ele veio em abril de 2016 e durou até outubro de 2019, sempre com o bom e velho motor 1.6 THP, turbo, rendendo até 173 cv e 24,5 kgfm, junto do câmbio manual com seis marchas curtas. Arquirrival do Renault Sandero RS, o hatch de projeto francês era outro que teve atenção especial da engenharia no desenvolvimento de toda sua mecânica e estética: era pequeno, leve, muito ágil e apurado na condução, tanto que passava dos 220 km/h de máxima e levava só 7,6 segundos na prova de 0 a 100 km/h.
Apesar de ter qualidades de sobra, como o estilo, motorização moderna, bons equipamentos e certo nível de refinamento, o Peugeot esportivo nacional sempre foi bastante caro e tinha produção em pequena escala, levando-o as baixas vendas e, consequentemente, a aposentadoria precoce.
Apesar de não ser tão esportivo quanto nenhum dos outros modelos acima, essa versão do Fiat Argo, hatch compacto premium, merece espaço aqui na lista. Com quase 140 cv e mais de 19 kgfm de torque extraídos do motor 1.8 16v e.TorQ, aliado a agilidade e prazeroso câmbio manual de cinco marchas, o conjunto conseguia, em rotações mais altas, fazer do Argo HGT, que nem era dos mais leves (passava dos 1.250 kg), um carro esperto e bem interessante de ser guiado. Cumpria, por exemplo, a prova de 0 a 100 km/h em pouco mais de 9 segundos, um número digno de atenção.
Além do kit estético com apliques, adesivos e emblemas especiais, a versão HGT tinha rodas aro 17 com pneus de perfil mais baixo, mas nada de especial na mecânica básica. Por ser fora dos padrões e com procura mínima por parte do público consumidor, a configuração durou menos de dois anos no mercado nacional (de maio de 2017 até abril de 2019), e vendeu pouco nesse período.
Que nada! Já na década atual, de 2020 para cá, novos representantes interessantes surgiram com suas propostas esportivas, como o VW Polo GTS apresentado em janeiro de 2020 (motor 1.4 turboflex de até 150 cv e 25,5 kgfm de torque, câmbio automático de seis marchas e preparações exclusivas de freio, direção e suspensões), VW Virtus GTS (mesmo conjunto do Polo só que em uma carroceria sedan, durando até o final de 2022), e, mais recentemente, o Fiat Pulse Abarth, apresentado em novembro de 2022 (1.3 turboflex, 185 cv e 27,5 kgfm, câmbio automático de seis marchas, também preparado para a esportividade).
Agora, se virão outros? Apesar de pequeno e seleto, o segmento dos esportivos nacionais continua vivo, podendo gerar mais frutos pela frente. Tomara…
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Onde está o Focus com seus 178cv? Esqueceram de mencionar essa joia.
Acredito eu que os esportivos nacionais diminuíram drasticamente por que o povo brasileiro começou a dar glórias apenas aos carros importados depois que o mercado de importações abriu, e as marcas aproveitadoras, por redução de custos caparam a maioria dos carros, hoje é raro algum popular ter uma versão apimentada e algum acessório exclusivo como a parati GLS tinha, o Fusca 1600 tinha, o Corcel I que tinha um lindo painel amadeirado e volante 3 raios na versão GT, hoje é difícil ver acessórios desse tipo nos carros de hoje, acredito eu que as marcas tinham bem mais criatividade antigamente, apesar de nossos carros serem “carroças”.
É só minha opinião, eu posso estar louco da cabeça… me corrijam, abraços.