Extintor de incêndio em carros: será o fim da polêmica?

Projeto de Lei quer proibir a cobrança do equipamento como item obrigatório em qualquer tipo de veículo; veja o que dizem os especialistas

extintor de incêndio em frente ao capô de carro aberto
Deputados brigam pela volta e o fim da obrigatoriedade dos extintores de incêndio em carros (Foto: Shutterstock)
Por AutoPapo
Com Agência Câmara de Notícias
Publicado em 30/09/2020 às 11h12

O Projeto de Lei 4575/20 quer vedar a cobrança, pelos órgãos de trânsito, de extintor de incêndio como equipamento obrigatório para o licenciamento e a circulação de veículos automotores. O texto, em análise na Câmara dos Deputados, inclui a medida no Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

Autora da proposta, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) quer por fim às discussões sobre a possibilidade de retorno da obrigatoriedade do uso de extintores.

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extintor de incêndio em frente ao capô de carro aberto
Deputados brigam pela volta e o fim da obrigatoriedade dos extintores de incêndio em carros (Foto: Shutterstock)

O equipamento não consta, no CTB, como item obrigatório para a circulação de veículos. Porém, a Resolução 157/04 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) determinava que todos os veículos novos fabricados no Brasil, a partir de 1º de janeiro de 2005, deveriam ser equipados com extintor de incêndio.

Após sucessivas prorrogações do prazo e estudos técnicos apontarem para a desnecessidade do equipamento, o Contran, por meio da Resolução 556/15, revogou a obrigatoriedade para veículos comuns, como automóveis, utilitários, camionetas, caminhonetes e triciclos de cabine fechada.

Foi mantida a exigência para os veículos comerciais, como ônibus e veículos destinados ao transporte de produtos inflamáveis, líquidos e gasosos.

Joice Hasselmann afirma que “a acertada decisão do órgão de trânsito encontra forte resistência causada pelo lobby de empresas no Congresso, que demandam, a todo custo, o retorno da obrigatoriedade do equipamento para satisfação de interesses financeiros escusos e contrários ao interesse público”.

A parlamentar cita o Projeto de Lei 3404/15, aprovado pela Câmara em 2017, que inclui o extintor de incêndio como equipamento obrigatório para os veículos. Atualmente a proposta está em análise no Senado Federal (PLC 159/17).

O texto apresentado pela deputada veda a cobrança do uso de extintores para veículo cujo peso bruto total não exceda 3.500 quilogramas e cuja lotação não exceda oito lugares, fabricado no Brasil.

Mais recentemente, em setembro de 2019, a Câmara discutiu a volta da obrigatoriedade dos extintores de incêndio em veículos. Na época, uma audiência pública foi convocada pela Comissão de Fiscalização e Controle (CTFC) para discutir o tema.

A reunião aconteceu no Senado e contou com a presença de diversos grupos, como a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a Associação Brasileira das Indústrias de Equipamentos Contra Incêndio e Cilindros de Alta Pressão e o Departamento de Segurança Contra Incêndio e Pânico do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal.

O que dizem os especialistas sobre o extintor de incêndio em carros

Representantes das forças que lidam diretamente com os acidentes, como bombeiros e policiais, defenderam a aprovação da proposta.

Para o diretor jurídico da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais, Marcelo de Azevedo, o extintor para carros integra os cinco pilares que os órgãos de trânsito usam para garantir segurança viária à população (engenharia, educação para o trânsito, fiscalização, legislação e segurança veicular, onde se encaixam os equipamentos).

A falha em um dos pilares prejudica e sobrecarrega todo o resto, colocando vidas em risco, disse.

O policial relatou que, em seus 15 anos de atividade da PRF, já perdeu as contas de quantas pessoas presas nas ferragens de um acidente foram salvas por motoristas que, solidários, usaram seus extintores para debelar o fogo dos carros acidentados, especialmente nos trechos de estradas distantes das cidades.

Chefe do Departamento de Segurança Contra Incêndio e Pânico do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, Eduardo Mesquita informou que, de maio de 2018 a maio de 2019, foram 48.630 acidentes automobilísticos registrados só na capital federal, dos quais 1.421 envolveram incêndio, um número que “não se pode desprezar”.

Claudio Sachs, da Associação Brasileira das Indústrias de Equipamentos Contra Incêndio e Cilindros de Alta Pressão, sugeriu ainda que a lei brasileira se harmonize com a do Mercosul. Em países como Argentina e Chile, o extintor de incêndio para carros é obrigatório.

Apresentando uma outra ótica, o vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Carlos Eduardo Lemos, considerou impróprio aprovar uma lei federal para retomar a exigência do extintor para carros.

“Isso deveria ser regulado por resolução do Conselho Nacional de Transito (Contran), como antes, e a obrigatoriedade fere o Código de Trânsito, a Constituição e o Código de Defesa do Consumidor”, disse Lemos.

Além disso, argumentou, a exigência não deveria ser engessada, impondo um tipo específico de extintor em lei sem considerar a evolução tecnológica. O especialista completou:

Vejo vício de injuridicidade, por contrariar o direito de livre escolha do consumidor e o próprio Código de Trânsito, que fala que compete ao Contran regulamentar matérias específicas. Trazer um tipo específico de extintor ABC para uma lei parece impróprio, parece querer reservar mercado para fabricantes de um determinado produto.

Para Lemos, essa lei teria “consequências jurídicas inimagináveis”, e não há proporcionalidade em trazer tamanha obrigação para a legislação sem considerar o consumidor.

O deputado Vermelho (PSD-PR), que também se manifestou na audiência, lembrou que a obrigatoriedade do extintor de incêndio para carros não causa oneração excessiva à indústria automobilística nem à população, já que um extintor com validade de cinco anos custa R$ 20 e traz tanta oportunidade de segurança para a sociedade.

O extintor ABC é indicado para apagar chamas em materiais sólidos, como plásticos, madeira, tecido (A); líquidos inflamáveis, como gasolina, álcool, diesel (B); e equipamentos elétricos energizados, como bateria e alternador (C).

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11 Comentários
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Alexandre Henrique Fialho de Mello 4 de dezembro de 2021

Gostaria de saber , como está hoje a questão do uso obrigatório do extintor de incêndio nos veículos de passeio.

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Cicero Martiliano 18 de maio de 2021

olá senhor Bores boa tarde gostaria de saber si é pra usar o extintor no veiculo sim ou não por favor me responda obrigado

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Mario Borghesi Flho 15 de maio de 2021

Gostaria que o deputado Vermelho (PSD-PR) me informasse aonde ele consegue comprar extintor de incêndio ABC por R$ 20,00, pois eu preciso comprar para meu carro e não acho este preço em lugar nenhum do BRASIL!

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Antonio Egídio 27 de abril de 2021

Mas afinal tenho um Corolla gli 2020 segundo a concessionária disse que não precisa do equipamento e verdade pois pesquisei e não vi uma resposta concleta. Alguém pode me responder

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Rielson Almeida 28 de outubro de 2020

Baseado nos comentários das pessoas, observei que cada um faz uso do extintor se achar nescessário.. Um extintor que tem custo de 20 reais nas lojas tem preços superfaturados em até três vezes mais para benefiar um mercado desonesto….

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Davi 24 de agosto de 2021

Ninguém fala sobre o abuso de poder de policiais corruptos! Mesmo o extintor estando dentro do prazo de validade eles julgavam motoristas por falta, ou extintor invalidado!!davi

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Fernando Martins 3 de outubro de 2020

Onde que um extintor ABC custa R$ 20,00? O último que comprei em 2015 foi R$ 120,00!!!! Sou contra a obrigatoriedade de usar extintor! O Estado como sempre transfere para o cidadão aquilo que deveria ser sua responsabilidade! Ao invés de melhorar as estradas, melhorar as estruturas dos bombeiros e policiais, acham que um extintor vai resolver o problema de incêndio!!! Os carros estão cada vez mais tecnológicos contando com vários dispositivos de segurança, inclusive, um dispositivo que desliga a bomba de combustível no impacto!!!! Voltar com os extintores, é querer agradar uma indústria dominante! Puro loby!

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Mario Borghesi Filho 15 de maio de 2021

Qdo o motorista vai tirar carta por ventura ele tem aula de mecânica, Elétrica, manutenção do veículo, primeiro socorros e muito menos curso de bombeiro. Isso Já deveria ser estar na grade curricular da escola como trânsito para não precisar pagar o olho da cara para auto escolas e ficar estudando livrinhos e placas. Agora um extintor de R$ 20,00 doeu no coração e não achei este preço em lugar nenhum no BRASIL! kkkkkkkkk

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salomão lindolfo 1 de outubro de 2020

no meu entender isso é coisa do passado, já nem existe mais deixe a livre escolha quem quiser usar use, se não quiser não use, agora querer impor obrigar isso é fora de lei, usar uma coisa sem sentido veja os numeros de acidentes por falta desse equipamento é minimo, o que eles deveriam corregir era as estrada brasileiras e não ficar Debatendo uso de extintor da pra ver claramente que isso é coisa de Deputado que não tém o que fazer ai ficam falando isso, pode ter certeza de uma coisa tem alguma empresa pedindo pra isso acontecer, e algum Deputado querendo tirar proveito e colocar alguns centavos no bolço com isso

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Sergio 30 de setembro de 2020

Bem, não entro no mérito da eficiência dos extintores em automóveis, o que sei, em plena crise econômica, com desemprego recorde, o secretário do governo anterior, de forma no mínimo atribulada, simplesmente desconsiderando toda lógica do mercado de trabalho, aboliu essa obrigatoriedade de extintores. Somente em minha cidade, no primeiro mês cheio dessa nova norma, foram demitidos, na época,148 trabalhadores de uma fornecedora do equipamento para montadoras.

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João Aparecido Alves 18 de abril de 2021

Sou a favor do retorno urgente….segurança para todos afinal e um tal das montadoras chamarem para recall e vários casos com risco de incêndio..entao melhor termos afinal investimento barato em comparação com o valor do seu bem..seu carro

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