Um dos carros mais famosos dos jogos de corrida teve uma versão real feita para um dos executivos mais importantes da indústria
Há 40 anos foi lançado Out Run, um dos jogos de corrida mais icônicos já feitos. Ele é de uma era mais simples dos videogames, a premissa era apenas atravessar os cinco estágios o mais rápido possível em uma Ferrari Testarossa enquanto desvia dos carros.
A inovação dele era a falta de linearidade, ao final de cada estágio o jogador tinha que escolher entre dois caminhos. Isso significa que são 15 fases diferentes e diversas combinações possíveis. Cada partida tem cenários diferentes.
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Outro fator que marcou em Out Run foi a trilha sonora, o jogador pode escolher entre três músicas. Elas são composições originais do japonês Hiroshi Kawaguchi, que também fez a trilha de outros jogos icônicos como Alex Kidd, Afterburner, Super Monaco GP, Virtua Fighter 3 e Yakuza 3.
Porém vamos focar aqui na Ferrari Testarossa de Out Run, que era praticamente fictícia. Ela é conversível no jogo para poder aparecer o motorista e sua namorada, mas essa carroceria só existiu em uma unidade.
A Testarossa foi produzida apenas como cupê, não teve nem o teto targa que existia na irmão menor 308. A Ferrari recusou fazer uma versão conversível alegando que seria difícil resolver alguns problemas estruturais causados pela remoção do teto.
Apenas uma exceção foi feita como presente para Gianni Agnelli, para celebrar seus 20 anos como presidente da Fiat. Várias preparadoras e a Pininfarina também fizeram conversões da Testarossa, mas nenhuma teve o mesmo esmero dessa feita “em casa”.
A Ferrari teve o cuidado de encurtar as portas para acompanhar as linhas do conversível, fez uma tampa traseira exclusiva e instalou uma capota de lona com acionamento elétrico.
O emblema da marca na dianteira era feito em uma peça sólida de prata, já a pintura era no tom Argento Nürburgring. O motivo dessas escolhas estava no próprio nome de Agnelli, que começa com “Ag”, a abreviação de prata na tabela periódica.
Como o executivo sofria de uma lesão crônica na perna esquerda, causado por acidente sofrido em sua infância, essa Testarossa especial trazia câmbio manual com embreagem automática feito pela Valeo. O motor 12 cilindros boxer de 396 cv não foi modificado.
Na garagem de Gianni Agnelli haviam vários carros especiais, como uma perua Fiat 130 e alguns Panda modificados. A Testarossa rodou 23 mil km nas mãos do executivo, hoje está no Museo Casa Enzo Ferrari.
Voltando para Out Run, ele foi desenvolvido por Yu Suzuki. O japonês queria fazer um jogo de corrida para fliperamas que parecesse superior aos da época, com uma experiência mais realista de direção.
A inspiração foi o filme Quem Não Corre, Voa, que por sua vez era inspirada na Cannonball Run — uma corrida ilegal que atravessa os EUA de ponta a ponta. Mas Suzuki achou os EUA muito vazio e grande.
Para se inspirar, o japonês viajou pela Europa a bordo de um BMW 520, passando por Frankfurt, Roma, Mônaco, Alpes Suíços, Riviera Francesa, Florença e Milão. Esses locais estão representados no jogo.
A ideia de usar uma Ferrari Testarossa veio após ver o carro em Mônaco. Quando voltou ao Japão, Suzuki fotografou uma unidade do esportivo e gravou o ronco do motor para servirem de referência.
Grande parte da programação de Out Run foi feita por Yu Suzuki sozinho, o desenvolvimento do jogo levou 10 meses. O maior desafio foi deixá-lo divertido sem perder os aspectos realistas.
No jogo a Testarossa virou um conversível apenas por questões estéticas. Ela é um modelo cupê sem o teto, como as conversões feitas pela Straman e Lorenz & Rankl. As unidades feitas pela Pininfarina a pedido do Sultão de Brunei tinham uma peça diferente.
No início de 2025 foi anunciado pela Universal Pictures que um filme baseado em Out Run está em desenvolvimento. Por trás dele está o diretor Michael Bay, de Transformers, e a atriz Sidney Sweeney está como produtora.
Por enquanto apenas sabemos essas informações. Com Michael Bay participando, tem grandes chances da Ferrari explodir.
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