Fim dos SUVs: Por quê monsieur Cobée (infelizmente) está errado?

Seus argumentos são racionais e lógicos. Mas desde quando comprador de SUV usa de racionalidade para comprá-lo?

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SUVs como o SW4 cativam por vender "robustez" (Foto: Toyota | Divulgação)
Por Boris Feldman
Publicado em 28/01/2023 às 11h03

Vincent Cobée, CEO da Citroën, afirmou à revista inglesa “Auto Express” que o elétrico vai acabar com o SUV, embora ele mesmo reconheça que “os números não estão me dando razão no momento”. A minha torcida é para que “messiê” Cobée esteja correto, pois não existe nada mais irracional que um SUV, mas é por isto mesmo que duvido de sua profecia.

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Seus principais argumentos estão no excesso de peso e baixa aerodinâmica dos elétricos. Ele diz que “se a aerodinâmica é ruim em um veículo elétrico, você pode perder até 50 quilômetros de alcance. E, no caso de um SUV e um sedã, estamos facilmente falando de 60 a 80 quilômetros”.

O principal executivo da marca francesa argumenta que a solução adotada atualmente pelas fábricas de elétricos é aumentar o tamanho da bateria, mas ela se tornaria inviável pelo peso, tamanho e limites governamentais. “ou por vergonha – ele completa – de deixar os filhos na escola num automóvel com mais de 2 toneladas de peso”. Ele lembrou que, nos anos 1970, um carro pesava cerca de 700 kg, passou hoje para 1.300 kg e subirá brevemente para 2.000 kg.

Por serem mais altos, têm a aerodinâmica prejudicada, o que também reduz sua eficiência, principalmente em velocidades mais elevadas. E também exige maior capacidade da bateria.

Fim dos SUVs ou SUVs sem fim?

Será que o elétrico vai mesmo matar o SUV? Tenho vários motivos para duvidar deste vaticínio.

1 – Se é pelo peso, o desenvolvimento da bateria vai torná-la mais leve e eficiente. E os “monstrengos” elétricos ficarão mais leves a médio ou longo prazo. Tem SUV elétrico – hoje – com bateria que pesa mais de uma tonelada. A do EV Hummer, por exemplo, da GM, vai além dos 1.300 kg, mais que um Chevrolet Tracker. Mas ela continua desenvolvendo baterias mais modernas e eficientes para eliminar o surrealismo de um SUV pesando quatro toneladas.

gmc hummer ev branco frente parado em trilha com rodas dianteiras e traseiras estercadas
Bateria do Hummer EV pesa insanos 1,3 mil quilos e poderia ser um fator para o fim dos SUVs (Foto: GM | Divulgação)

2- Segundo o próprio CEO da Citroën, as fábricas estão percebendo a inutilidade prática de tanto peso e altura e passando a denominar de SUV o hatch e o sedã um pouco mais altos. O novo C3 que a marca francesa lançou recentemente no Brasil não deixa de ser um misto entre hatch e SUV.

3- O que é um SUV? Com definição bastante imprecisa (até o Renault Kwid foi assim chamado…), o Chevrolet Spin, produzido há muitos anos no Brasil foi lançado como um monovolume ou minivan. Único que sobreviveu no segmento já que Fiat Doblò, Citroen C4 Picasso, Nissan Livina foram descontinuados. Única opção produzida aqui a comportar sete passageiros e com preço muito abaixo dos importados, a GM se faz de desentendida e inclui o Spin na categoria de SUV, para ampliar o volume de interessados.

renault kwid outsider azul visto de lado em frente a obra arquitetonica
O termo SUV é tão vago que até um Kwid e categorizado assim (Foto: Renault | Divulgação)

4- Dificilmente a indústria vai abandonar o SUV e voltar ao hatch, sedã ou perua, pois não lhe interessa: ela cobra muito mais por ele, embora seu custo de produção não aumente proporcionalmente. Ou seja, sua rentabilidade é insuperável.

5- Não é o elétrico que vai matar o SUV, mas alguma outra categoria que a indústria poderia “inventar” para também se tornar modismo. Ninguém me convence de que os designers das principais fábricas de automóveis não estejam dedicados a projetar alguma “insuperável e irresistível novidade” tão inútil quanto o SUV, mas que vai exercer uma poderosa atração, um inexplicável e inabalável magnetismo sobre o consumidor e conquistar o mercado nos próximos anos. Guardam o projeto na gaveta até perceberem que o SUV “cansou”…

chevrolet suburban vermelha frente FIM DOS suvs
SUVs são grandes, pesados, poluem muito e mais propensos a acidentes, mas são as vedetes do mercado (Foto: GM | Divulgação)

6- “Messiê” Cobée se utilizou de argumentos extremamente lógicos e racionais ao defender sua tese. Mas, quem disse que o cliente usa de racionalidade ao decidir pela compra de um SUV? Durante anos o brasileiro só adquiriu automóveis de duas portas, uma opção totalmente ilógica, assim como os carros preto e prata. O SUV não resiste a uma análise lógica e está na contramão do que se prega hoje em termos de mobilidade e meio ambiente. É mais pesado, beberrão, poluente e menos aerodinâmico, mais difícil de manobrar e não oferece mais espaço nem conforto. E o pior, está provado (mas pouco divulgado, é claro) que provoca acidentes de consequências muito mais graves quando atinge outro veículo. Mas, a indústria abriria mão desta atraente e tentadora rentabilidade, por mais óbvios e racionais que sejam os argumentos contrários ao “queridinho do mercado”?

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21 Comentários
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Alex 2 de abril de 2023

É bom lembrar que carro elétrico é mais caro do que o carro a gasolina. Além disto, a energia elétrica é muito cara no Brasil e a tendência é seu preço aumentar com o aumento de consumo. Para piorar esta realidade, o preço de energia também é uma questão social sensível…

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Georges 6 de fevereiro de 2023

É evidente que quem desenvolve baterias para veículos está focado em autonomia, tempo de carregamento e peso/volume delas. O que se tem para o momento é isso mas no futuro carros pequenos urbanos deve ser uma realidade mais factível. Quanto a SUVs, é o filão das montadoras mas moda não dura para sempre. Quando descobrirem uma outra situação que lhes dê mais rentabilidade que esses trambolhos vão tratar de convencer todo mundo que é o melhor, nem que seja com rodas no teto e sem bancos no interior. O povo aceita qualque coisa para estar na moda.

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Rafael 4 de fevereiro de 2023

Comprador de SUV em sua grande maioria é burro, então não adianta usar argumentos lógicos para dizer que SUV vai acabar.

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3 de fevereiro de 2023

Estão todos enganados. O futuro não é híbrido, não é a etanol, a gasolina, a diesel, ou elétrico. O futuro é sem carros. Claro, nem eu que escrevi, nem qualquer um que tenha lido, vai presenciar isso.

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Américo 3 de fevereiro de 2023

Profecia correta, mas vai demorar mais um tempinho. SUV, para mim, não passa de trambolho que dá a falsa impressão – principalmente às mulheres – de poder, segurança e “status”. São ruins de manobrar, centro de gravidade e aerodinâmica ruins. Quanto aos sedans, tenho um Civic G10 2021, e não o troco por nada, apenas concordo com a observação feita num comentário acima – é meio complicado entrar e sair do veículo por sua concepção da acomodação interna “baixa”, fora isso é uma delícia. Carros elétricos…há que se pensar muito antes de entrar na onda. São caros, pouca autonomia e nem imagino o alto custo de eventuais manutenções. O tempo dirá que tem razão.

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Walsfor de Souza 3 de fevereiro de 2023

O cara que inventou o SUV não gostava de carro de verdade. Trambolhudo, pesado, na maioria das vezes feio e sem nenhum prazer ao dirigir. Além de perigoso e instável, mas tem recursos que ajudam com isso, e daí? Tomara que acabem, assim como os veículos elétricos (totalmente contrários ao meio ambiente e à ecologia), que já acabaram nas 3 vezes em que tentaram tocar essa aberração e essa será a quarta. Temos o metanol e o hidrogênio, ambos ecologicamente inteligentes, a depender somente da política.

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jayme antonio da costa 3 de fevereiro de 2023

Quero saber o que vai acabar com os ELÉTRICOS. Quando o povo, principalmente na Europa, se der conta de que para produzir energia elétrica se gera muito mais CO2 do que um veículo movido à Álcool. Será que os governantes estão cegos para esse fator: poluição na produção de energia elétrica !!!

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roberto 3 de fevereiro de 2023

sempre tive peruas pois tenho familia grande e gosto de viajar. O sedan peca pela altura limitada do porta malas, mais dificil de acomodar as bagagens. as vezes por 1cm não se consegue fechar a tampa. Hatch pior. Vejo vantagens no SUV ou vans (saudades da Zafira e outros) é que combina o porta malas que preciso com posição de dirigir mais conveniente. entrar e sair de um sedan como o civic é uma ginastica para pessoas como eu e voce Boris.. Tambem acho que vai se trabalhar na redução de peso Hoje. Um civic pesa 1449kg e HRv touring 1422kg, diferença irrelevante. consumo do civic realmente é melhor. que voltem as peruas

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Nelson 2 de fevereiro de 2023

Acho que o CEO está correto, tenho um SUV que não é elétrico, mas na estrada percebo que o carro perde velocidades devido a aerodinâmica alta.

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luiz daniel lins bittencourt 3 de fevereiro de 2023

DICA : experimente um Chevrolet Equinox 2.0 turbo ,não perde velocidade…

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Adeir 30 de janeiro de 2023

O carro elétrico atual espetado na tomada já morreu três vezes e com certeza irá morrer pela quarta vez, o carro do futuro é o carro elétrico movido a etanol, pois além de ser menos poluente ao ar muito mais ecológico do que o carro elétrico atual, ele não terá problema de autonomia, tempo perdido para recarregar a bateria, e o preço das baterias quando for substituí-las, a Nissan já tem carros em teste movido a eletricidade vinda do álcool, eu não compraria um carro elétrico atual, preço da bateria inviável, pouca autonomia, e perda de muito tempo para recarregar a bateria na tomada.

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jayme antonio da costa 3 de fevereiro de 2023

E que tal um veículo hibrido com motor a combustão movido somente à álcool

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Elioricardoalvessilva 3 de fevereiro de 2023

De fato veículo elétrico pode ser bom em tese o problema que mencionou são as baterias que não será tão barato trocá-la quanto a suv tenho e excelente? pode não ser estou satisfeito com ele e um Duster 1.6 16V ah usado

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Daniel 28 de janeiro de 2023

Infelizmente a racionalidade passa longe da maioria nesse país, está provado que qualquer boa(?) narrativa é prontamente aceita e ainda defendida por muitos! Pensar pra quê, né??
Agora estão querendo “salvar o mundo” com carros enormes e pesados ou ultra-rápidos que não consomem combustíveis fósseis mas se “esquecem” do desperdício causado pelo peso exagerado (muitas vezes pra levar apenas uma pessoa) e pela produção de baterias enormes, entre outros problemas.
Se a situação ambiental está tão crítica assim (o que não duvido) porque continuam permitindo essas barbaridades e não dão incentivos apenas para compra de carros que sejam realmente racionais e eficientes?

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Keppaty 29 de janeiro de 2023

Poderiam começar com os carros PCD, você não acha?

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Karl Heinz Schroeder 28 de janeiro de 2023

As garagens dos prédios de apartamentos, dos shoppings centers não foram feitos para SUVs. Aliás foram feitas para FIAT 500 ou mini.

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Elioricardoalvessilva 3 de fevereiro de 2023

Rapaz você comentou algo que infelizmente aconteceu comigo levei um passageiro em um prédio que veículo grande terá dificuldade de subir a garagem claro existe prédios que tem bom espaço o prédio em questão e muito imprensado ficou meio mal feito quem mora ali só modelo pequeno uma picape não entra não tem espaço para ela

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Santiago 28 de janeiro de 2023

A moda irracional dos SUVs, versus a moda falsamente ecológica dos automóveis elétricos a bateria.
Em comum ambos têm a desvirtude de não serem amigáveis ao meio ambiente, de maneiras diferentes.
Pior ainda é juntar essas duas modas em uma só: A moda dos pesados SUVs elétricos a bateria (produzidos aos milhões, e com fila de espera). Triste e patético.

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José Getúlio de Oliveira 28 de janeiro de 2023

Lamentável!
Meu sedan (grande eu tenho 1,88m) é econômico, seguro, fácil de manobrar, etc
Não troco por SUV.

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Clara Elisa Almeida 28 de janeiro de 2023

Boa tarde?

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Cadillata 28 de janeiro de 2023

No tempo da moda dos carros pretos e pratas, eu sempre comprava carros brancos, meus preferidos, com desconto.
Até que um dia a cor branca em carros deslanchou.
Li críticas de proprietários de Corolla, que “não imaginavam” alguém que pudesse comprar um desses branco. Era quase uma heresia.
Teve uma menininha que disse o seguinte: “Nunca reparei que carros brancos fossem lindos, mas agora eu os acho o máximo. Claro, depois que se tornou moda, típica Maria vai com as outras.
E concordo com o Boris. Até nova cartada e que talvez já exista, os “suves” como diz o BS, ainda dominarão o mercado por um bom tempo.
É uma pena.

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