Ford Ranger Raptor: entenda por que o Brasil não teve essa picape
A Ford Ranger Raptor foi flagrada vária vezes em testes no Brasil e o fabricante queria vender, mas a nossa legislação impediu o lançamento
A Ford Ranger Raptor foi flagrada vária vezes em testes no Brasil e o fabricante queria vender, mas a nossa legislação impediu o lançamento
O mercado da Argentina pode ser usado como termômetro do que está por vir para o Brasil. Os nossos hermanos possuem gosto similar ao nosso, mas recebem alguns importados antes devido ao volume de vendas menor e menos necessidade de burocracia para registrar um modelo novo. Um desses carros que eles receberam antes de nós foi a Ford Ranger Raptor.
Essa versão esportiva da picape média que é nossa velha conhecida já foi até flagrada rodando em testes no Brasil, mas nunca chegou às concessionárias. A Ranger Raptor é fabricada apenas na Tailândia e de lá é enviada para Europa, Oceania, Ásia e América Latina.
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O papel dessa versão é servir como halo car, um carro de imagem que serve mais para atrair pessoas à concessionária do que gerar volume de vendas. O Brasil ficou de fora e não foi devido a mais uma das decisões estranhas da nossa filial e sim por causa da legislação.
A Ford Ranger Raptor serviu como plataforma de estreia do novo motor 2.0 biturbo diesel EcoBlue e só é oferecida com essa mecânica. E a portaria 346 do Ministério da Indústria e Comércio (MIC) diz que apenas picapes, caminhões e ônibus com capacidade de carga acima de 1.000 kg podem receber motor diesel. A obrigatoriedade de tração 4×4 com reduzida é apenas para utilitários — SUV e jipes basicamente — e não vale para picapes.
A Ranger Raptor traz um eixo traseiro completamente diferente do usado pela Ranger comum vendida no Brasil. No lugar dos feixes de molas entram molas helicoidais e os amortecedores são da Fox Racing. O eixo traseiro também adota um Watts-Link, uma barra que ajuda a evitar que a carroceria se mova lateralmente sobre o eixo.
Essas mudanças focadas em performance fez que a capacidade de carga da picape caísse para 620 kg, o que a torna impossível de ser homologada no Brasil. Modificar essa suspensão para que possa ser capaz de levar uma tonelada ou usar o feixe de molas da Ranger comum seria inviável e tiraria a proposta da picape.
É justamente por esse motivo que a Ram 1500 é vendida no Brasil com motor V8 à gasolina e não o V6 3.0 EcoDiesel oferecido nos EUA. Sua capacidade de carga é de apensa 610 kg. Mas ao contrário da Ram, a Ranger Raptor não possui um motor à gasolina como opção. A Ford Australiana até iniciou o desenvolvimento de uma Raptor com o V8 do Mustang, mas a matriz norte-americana vetou o projeto.
Avaliamos a Ram 1500 Rebel. Veja o que achamos:
Por muitos anos o termo “picape esportiva” significava uma caminhonete mais potente e feita para ser mais rápida no asfalto. A Ford F-150 Lightning, a Dodge Ram SRT-10, a GMC Syclone e a Fiat Strada Sporting são alguns exemplos disso.
Em 2010 ,a Ford criou um novo conceito de picape esportiva com a F-150 SVT Raptor. No lugar do desempenho em asfalto ela se inspirou nas picapes que participam de rali e nos Trophy Trucks: o foco era correr em alta velocidade longe do asfalto, principalmente em desertos.
A Ranger Raptor nasceu em 2019 como uma versão menor da F-150 Raptor para mercados onde essa picape não é vendida ou onde ela seria considerada grande demais para as vias. Mas o tamanho menor da Ranger não limitou a sua capacidade de saltar dunas, o eixo traseiro que citamos anteriormente é até mais avançado que o usado pelas duas primeiras gerações da F-150 Raptor.
O pacote de performance feito pela engenharia da Ford australiana (filial responsável pela Ranger) deve nada para a irmã maior: o chassi foi reforçado para aguentar os impactos dos saltos e ondulações, as bitolas ficaram 15 cm maiores, os braços da suspensão dianteira são de alumínio e amortecedores da Fox Racing são usados nos “quatro cantos” da picape.
Graças às molas helicoidais, a Ranger Raptor possui melhor tração em pisos acidentados, melhor estabilidade e também ficou mais confortável, sem o comportamento saltitante típico das molas semielípticas. O ponto negativo disso foi a perda da capacidade de carga. Mas uma picape que vem com pneus BF Goodrich 285/70 R17 não foi feita para carregar sacos de grãos na fazenda, para isso existe o modelo XL.
O motor 2.0 biturbo usado pela Ranger Raptor veio para suceder o nosso conhecido 3.2 de cinco cilindros. Esse motor menor gera 213 cv a 3.750 rpm e 51 kgfm entre 1.750 e 2.000 rpm. Força parecida com a do 3.2 mas emitindo menos poluente e consumindo menos. Junto do motor novo está o novo cambio automático de 10 marchas desenvolvido em parceria com a General Motors.
O desempenho em linha reta é na média de outras picapes médias: zero a 100 km/h em 10,5 s e velocidade máxima limitada em 170 km/h. Esse desempenho foi um dos pontos mais criticados pela imprensa estrangeira, a Ranger Raptor possui um chassi capaz de mais do que o motor pode oferecer.
Nesse estilo de picapes esportivas feitas para correr na terra ou em deserto só existe, por enquanto, a dupla da Ford e a exagerada Ram 1500 TRX, com mais de 700 cv. A Toyota possui nos EUA versões TRD Pro da Tundra e da Tacoma, que acrescentam mais capacidade de fora de estrada e estilo parrudo, mas nada extremo.
A Chevrolet Colorado ZR2, vendida nos EUA, é a picape mais próxima da Ranger Raptor. Ela traz bitolas maiores, suspensão mais alta, amortecedores eletrônicos Multimac, braços maiores na suspensão dianteira e proteções na parte inferior. Seu foco é em trilha mais fechadas.
Quem deve aparecer com uma rival direta da Ranger Raptor é a Toyota. A divisão esportiva Gazoo Racing está preparando uma Hilux equipada com um novo V6 turbodiesel e inspirada nas Hilux que correm no Rally Dakar.
Nossos vizinhos da Argentina possui a venda de veículos diesel liberada e, por isso, podem comprar a Ranger Raptor. O preço lá em pesos é de $ 7.348.950. No site argentino também consta o preço em dólares, que é US$ 69.990, ou R$ 392.160 em conversão direta.
Fotos: Ford | Divulgação
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