GM fica ou vai embora? Sinuca de bico da montadora no Brasil

'Eu definitivamente não queria estar na pele de Santiago Chamorro, presidente da filial brasileira da General Motors'

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General Motors seguirá exemplo da Ford, que fechou suas fábricas no Brasil? (Ilustração: Ernani Abrahão | AutoPapo)
Por Boris Feldman
Publicado em 02/12/2023 às 09h03

A GM ameaçou, há cerca de cinco anos, fechar suas portas no Brasil. Nunca se sabe se a empresa blefa para obter melhores condições ou se pretende mesmo deixar o país. Recentemente, seu vice-presidente de Comunicação e Relações Governamentais, Fabio Rua, negou que a ameaça venha a se concretizar (*). Mas vários indícios sugerem o contrário:

  • Na mesma época, a CEO global da GM, Mary Barra, declarou que não pretendia investir “para perder dinheiro”, referindo-se ao mercado brasileiro;
  • A marca da gravatinha não hesitou, em passado recente, a se despedir – como fabricante – de vários mercados importantes como o europeu (vendeu a Opel/Vauxhall para a Peugeot) e o australiano, onde tinha a Holden;
  • A mesma Mary explicou que a GM – em termos mundiais – não iria produzir híbridos mas pular dos motores a combustão diretamente para os elétricos. Uma sinuca de bico para sua filial no Brasil, mercado que – por suas características – deverá necessariamente passar pelos híbridos, que não estariam em seu portfolio.
  • A linha Chevrolet tem boa participação no nosso mercado, mas concentrada praticamente numa única plataforma de compactos, de ticket médio baixo: Onix, Onix Plus, Tracker e Nova Montana.  Além da Spin, S10 e Trailblazer, projetos obsoletos e de pouca rentabilidade para a empresa. Os demais são importados, com preços elevados e baixo volume.
  • Depois de todos os esforços para reduzir custos de produção e vendas, a GM acabou apelando para uma solução mais complexa há dois meses, quando tentou demitir mais de 1.200 trabalhadores em três fábricas. Alegou queda nas vendas locais e exportação, mas não deu certo, pois foi impedida pela Justiça do Trabalho.
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Complexo industrial da GM em São Caetano do Sul (Foto: Chevrolet | Divulgação)
  • A linha Chevrolet já recebeu todo o leque de carrocerias da plataforma mundial GEM (sedã, hatch, SUV e picape), desenvolvida na China, mas não se anunciou uma renovação de modelos a curto ou médio prazo. Estratégia de marketing ou desaceleração mesmo?
  • Produzir localmente tem custo muito elevado (o famoso “Custo Brasil”) e nosso mercado está estagnado, com capacidade ociosa de cerca de 50% e volume de vendas estancado há anos nas duas milhões de unidades. A GM vendeu sozinha quase este número (1,7 milhão) na China;
  • As fábricas de automóveis consideram o fortalecimento dos sindicatos como um entrave para sua atuação (e permanência) no país;
  • A GM é uma das empresas insatisfeitas com os benefícios fiscais concedidos às fabricas de automóveis instaladas no Norte, Nordeste e Centro-Oeste e os considera um complicador na disputa de mercado, reduzindo ainda mais sua rentabilidade.

Luz no fim do túnel?

Surge agora, entretanto, uma luz no fim do túnel para a filial brasileira: Fabio Rua esclareceu que, se for impositiva uma mudança de planos, a GM poderia, sim, investir nos híbridos. E até já existe um Monza (novo Onix) na China com esta motorização.

Se a CEO Mary Barra mantiver a decisão de pular direto para os elétricos, a empresa poderá ser bem sucedida em países desenvolvidos, mas a filial brasileira terá dificuldade em manter volumes razoáveis de vendas, pois os carros elétricos são caros e de recarga complicada. Hoje, por exemplo, o mais barato elétrico que ela traz para o Brasil, o Bolt, custa mais de R$ 250 mil. E está deixando de ser produzido nos EUA.

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Chevrolet Bolt EUV: chegou com ‘prazo de validade’ (Foto: Chevrolet | Divulgação)

Outro problema será o fim da isenção dos impostos de importação dos carros eletrificados: mesmo que ela tenha um volume isento de tributação por cotas, os preços vão aumentar. Santiago Chamorro, seu presidente no Brasil, alega que as baterias terão seu preço sensivelmente reduzido a médio prazo e outros argumentos para justificar a permanência da empresa no país mesmo atuando só com motores a combustão ou elétricos. Mas ele sabe que a presença de versões híbridas no portfolio de qualquer grande empresa do setor nos próximos anos é essencial para sua sobrevivência.

Tomar uma decisão como a da Ford há dois anos (fechar fábricas), é extremamente complicado e uma sinalização foi o recente entrave colocado pela Justiça do Trabalho (além de greve nas fábricas) à demissão de trabalhadores. Mas a marca do logotipo oval não tem do que se queixar: depois que se transformou numa importadora, reverteu os resultados financeiros, de um gigantesco prejuízo para uma razoável rentabilidade nas operações locais.

Eu definitivamente não queria estar na pele de Santiago Chamorro…

(*) Pode ser uma meia-verdade (ou meia-mentira): a GM poderia não sair do Brasil assim como a Ford, que ficou, mas apenas como importadora…

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10 Comentários
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Marco 7 de fevereiro de 2024

Em fevereiro de 2024, os comentários da reportagem cairam por terra. GM vai investir no Brasil

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bruno vasconcelos 10 de dezembro de 2023

Os Fabricantes tèm q se unir contra os Chineses… a Stellantis fez muito certo e está colhendo os Frutos com 21 marcas compartilhando tecnologias. A Fiat queria comprar ou fazer parceria com a Chevrolet, algo assim, a Chevrolet recusou e se deu mal, agora deve estar com valor bem abaixo de mercado, vai ser vendida pra alguma marca como quase falencia, ja saiu da Europa, é fim chegando…

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Polvo 5 de dezembro de 2023

Eu também acredito que seja uma decisão difícil mesmo. É preciso investir em novos produtos, ao mesmo tempo que a rentabilidade da filial tem que se manter. A concorrência por aqui é grande, nosso mercado e os mercados dos nossos vizinhos não crescem e a ameaça do carro elétrico chinês é real. A GM e outras empresas estão numa sinuca de bico.

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Mister Gasosa 4 de dezembro de 2023

Não acho coerente a pessoa dizer que se preocupa com o meio ambiente e compra um SUV gigante que pesa muito e gasta muito combustível e por tabela polui mais porque consome mais combustível. Se compra estes carros pela moda e status. Conheço casais que não tem filho e nem vai ter provavelmente e tem SUV que só andam os dois.
Creio que o mercado de compactos será coberto por carros impostados da China, devido a mão de obra da China ser mais barata do que a do Brasil, salvo melhor juízo. Com esta perda de postos de trabalho o governo terá que investir mais em educação e tecnologia para realocar este trabalhadores que vão perder o mercado de trabalho na indústria automobilística.

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Edgar jose 3 de dezembro de 2023

Tive perto de entrar em uma enrascada,quando fui comprar um carro na GM,como não conheço motor obtive ofertas dos motores 3 cilindradas correia interna banhada a óleo, deixei pra pesquisar antes da compra quando descobri a cagad# que ia fazer,pesquisando com mecânicos de minha empresa, por pouco não cometo esse erro!!

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Gustavo rosa da Silva 3 de dezembro de 2023

Olha sou Gustavo rosa da Silva do estado do rio grande do sul, trabalhei em 2006 a 2009 ,ali na GM de Gravataí na cidade a onde eu resíduo a 35 anos , sou serralheiro, caldeireiro, soldador, sou técnico de manutenção, pois já tem alguns anos q caiu o trabalho aqui desta GM , pois não tem muita ampliação da fábrica, também muita demissão rolou dela pra cá , em fim se tiverem q ir q vão por tem q dar espaço pra alguma empresa q nos de trabalho e segurança no nosso ramo , as empresas somente usam nossa mão de obra e no final o trabalhador fica doente e não tem como trabalhar novamente tanto psicológico ou braçal, aqui tá bem fraco o trabalho nesta área tanto na produção como nas manutenções e montagens industriais e concertesa tudo isto e política, estas ameaças já pegaram o forte do brasileiro estes americanos

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Bijuja 3 de dezembro de 2023

Tchau e não seja como o Filho Pródigo.
Não volte.

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Tobias 3 de dezembro de 2023

Custo Brasil, conversa furada. Incompetência e mamar nas tetas do governo.

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FELIPE 3 de dezembro de 2023

O “custo Brasil” existe sim, mas na ganância de repassa-lo integralmente para o preço final, conseguem colocar os carros em patamares inalcançáveis para grande parte da população…

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Georges 3 de dezembro de 2023

Primeiro passo é colocar o Monza como substituto do Onix. Pode até manter o nome. Terão o híbrido para chamar de seu. Depois a carroça Tracker entra no jogo. Fecha as fábricas no Brasil e vai produzir na Argentina. Já mamou tanta isenção quanto a falecida Ford.

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