GM fecha os olhos para híbrido flex e é criticada por executivos

Para a GM, a eletrificação se concentrará apenas modelos 100% elétricos, sem considerar as necessidades de cada mercado

carro hibrido chevrolet volt azul de frente
Chevrolet Volt não emplacou no mercado norte-americano, em que a demanda por elétricos é maior (Foto: GM | Divulgação)
Por Boris Feldman
Publicado em 28/09/2022 às 18h03

Depois de duramente criticada nos Estados Unidos por suas picapes elétricas, a Silverado e Hummer, pesadas, antiecológicas e perigosas, a GM sofreu também críticas por sua política de eletrificação no Brasil. Como assim?

Em um seminário organizado recentemente pelo site Automotive Business, Adriano Barros, diretor da GM do Brasil, afirmou que a empresa pretende pular dos carros com motores a combustão flex, diretamente para os elétricos, sem passar pelos híbridos.

VEJA TAMBÉM:

E não é difícil explicar. Simplesmente porque a GM está desativando seus híbridos nos Estados Unidos, pois a grande demanda do mercado lá é pelos elétricos. Então, a engenharia da matriz, em Detroit, não desenvolve mais a tecnologia que incorpora motores a combustão e elétricos na mesma plataforma.

Faz sentido nos Estados Unidos, mas não é o que sinaliza o mercado brasileiro, e por isso o diretor da GM foi também criticado nesse seminário por três presidentes: Márcio de Lima Leite, da Anfavea, Associação dos Fabricantes; Rafael Chang, da Toyota, e Antônio Filosa da Stellantis.

Eles concordam que a eletrificação é o futuro do automóvel, mas discordam do carro elétrico como caminho único para se atingir essa meta. Eles defendem a presença do etanol em busca da redução global de emissões de CO2.

Banana para  o híbrido flex

Parece que a GM desconhece a importância do nosso combustível para as metas de descarbonização do Brasil e do mundo. Que um carro híbrido no nosso país, abastecido com o etanol, emite menos CO2 que um elétrico, e também que o híbrido flex emite menos aqui, menos que nos Estados Unidos.

Por quê? Pois nossas fontes são muito mais limpas que nos Estados Unidos, onde lá 60% da energia elétrica vem de usinas movidas por combustíveis fósseis. Ou seja, o híbrido pode não ser uma solução inteligente para os Estados Unidos, mas no Brasil a situação é outra. Pois ele emite menos que um elétrico, em primeiro lugar.

291020211635543762novo corolla 2020 xei 3 ms qpayynsudl
Toyota Corolla foi pioneiro em combinar motor híbrido com uso do etanol (Foto: Toyota | Divulgação)

Em segundo, custa menos, já que só bateria é muito menor. Terceiro, o elétrico demanda uma gigantesca infraestrutura de recarga, viável nos Estados Unidos, mas não do Brasil. Quarta, o híbrido plug-in permite rodar de 50 km a 60 km diariamente só com a bateria, sem emissões, alcance suficiente para maioria dos motoristas.

Por isso, Filosa da Stellantis defendeu a combinação de biocombustível com eletrificação como caminho mais inteligente para o Brasil. É a forma mais rápida de atingirmos nossas metas de descarbonização.

Já Chang, da Toyota, apontou para o mesmo caminho que Filosa, mas foi até mais enfático: “eletrificação não é o futuro”, diz ele, “é o presente”. E defendeu diferentes tecnologias para cada país.

O executivo diz que sua marca produz híbridos flex e plug-in, elétricos, e carros com célula a combustível. Ele não disse, mas sabe-se que a Toyota está desenvolvendo também o hidrogênio para alimentar o motor a combustão.

Mas Lima Leite, da Anfavea, foi direto ao ponto e afirmou que a GM está no caminho errado pois, enquanto outros mercados não tem alternativa ao elétrico, o Brasil a tem. Ele diz “que a combinação do eletrificação com o etanol é o caminho.”

chevrolet bolt ev 2023 vermelho frente
Bolt EV é único eletrificado da marca no Brasil e custa o dobro o Kwid E-Tech e Caoa Chery iCar (Foto: Marcelo Jabulas | Autopapo)

Não é à toa que o mundo inteiro está de olho aqui para entender como o etanol entra na equação da descarbonização do mundo. A GM sabe o que está fazendo, mas os elétricos que ela produz são muito caros. O mais barato dela aqui no Brasil é o Bolt, por R$ 329 mil.

Os elétricos da Renault, o Kwid, e Caoa Chery, o iCar, custam menos da metade, na faixa de R$ 150 mil. E ainda agrava o problema o fato de várias regiões do país ainda não contarem com o razoável volume de eletropostos.

Mas a GM pode ter, na manga, armas para se tornar mais forte no mercado de elétricos com um compacto do tamanho do Kwid, por exemplo, quem viver, verá…

Newsletter
Receba semanalmente notícias, dicas e conteúdos exclusivos que foram destaque no AutoPapo.

👍  Curtiu? Apoie nosso trabalho seguindo nossas redes sociais e tenha acesso a conteúdos exclusivos. Não esqueça de comentar e compartilhar.

TikTok TikTok YouTube YouTube Facebook Facebook X X Instagram Instagram

Ah, e se você é fã dos áudios do Boris, acompanhe o AutoPapo no YouTube Podcasts:

Podcast - Ouviu na Rádio Podcast - Ouviu na Rádio AutoPapo Podcast AutoPapo Podcast
SOBRE
0 Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Comentários com palavrões e ofensas não serão publicados. Se identificar algo que viole os termos de uso, denuncie.
Avatar
Deixe um comentário