Apesar do barulho, governo erra ao taxar carros elétricos novamente?
Veículos eletrificados são nicho para consumidores de alto poder aquisitivo; por outro lado, indústria nacional, historicamente, é acomodada
Veículos eletrificados são nicho para consumidores de alto poder aquisitivo; por outro lado, indústria nacional, historicamente, é acomodada
A repercussão da retomada gradual das alíquotas de importação para carros elétricos e híbridos no Brasil, claro, foi péssima entre os consumidores. Zeradas desde meados da década passada, apenas neste ano que vivemos um boom dos eletrificados impulsionado pela chegada das montadoras chinesas BYD e GWM.
A Associação Brasileira dos Veículos Elétricos (ABVE) e a Associação Brasileira de Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (ABEIFA) criticaram duramente a medida, claro. E, obviamente, também, a associação das montadoras, Anfavea, elogiou.
VEJA TAMBÉM:
Vale destacar que países desenvolvidos da União Europeia estabelecem uma alíquota de importação de 10% para carros importados da China. Nos Estados Unidos, o valor é é de 27,5%. Além disso, a UE propôs uma investigação sobre o apoio estatal do país asiático para as montadoras locais – inclusive falando em sobretaxação – algo que não foi proposto no Brasil.
Mas a quem, de fato, interessa, manter a alíquota de importação de carros eletrificados zerada? A pauta ambiental? Com volume insignificante de vendas – mesmo com a alta crescente em 2023 -, em praticamente nada a frota circulante deste tipo de veículo contribui para a descarbonização no Brasil.
A isenção de impostos – tanto de importação quanto o de propriedade – para carros elétricos favorece apenas ao consumidor de alto poder aquisitivo. Enquanto isso, a frota brasileira envelhece ano após anos, criando uma curiosa situação em que carros poluidores ficam nas ruas. E o Brasil segue sem qualquer incentivo para renovação de frota ou não se fala em inspeção veicular.
Por outro lado, a indústria nacional, historicamente, está acostumada a bater na porta do Palácio do Planalto em busca de “salvação” e benefícios quando o calo aperta, sempre com o discurso de “preservar empregos”.
O que falta ao governo brasileiro é estabelecer medidas que de fato incentivem a competitividade da indústria automobilística e a estimule a adotar novas tecnlogias para, de fato, serem produzidas por aqui. Não adianta, também, permitir que as montadoras com plantas industriais no Brasil apenas importem os componentes e, literalmente, apenas montem seus carros eletrificados por aqui.
Várias fabricantes já anunciaram planos claros de zerarem suas emissões de carbono, não só de seus carros, mas de toda a sua cadeia produtiva. Com grande parte de nossa energia vinda de fontes renováveis, poderíamos nos tornar exportadores de peças e componentes. Mas, aposto, mais uma vez, o Brasil vai continur sendo apenas o “país do futuro”.
👍 Curtiu? Apoie nosso trabalho seguindo nossas redes sociais e tenha acesso a conteúdos exclusivos. Não esqueça de comentar e compartilhar.
TikTok | YouTube | X |
Ah, e se você é fã dos áudios do Boris, acompanhe o AutoPapo no YouTube Podcasts:
Podcast - Ouviu na Rádio | AutoPapo Podcast |
Espero que não deletem meu comentário, não estou ofendendo ninguém…
Os governos e políticos brasileiros são incompetentes. O Brasil exporta minério de ferro e importa aço da china para produzir carros e tantos outros produtos manufaturados, aí já começa errado. Mesma coisa com o petróleo que é exportado e depois volta como matéria prima para produção de plástico. A produção industrial brasileira está minguando e nada é feito para reverter isso. É sabido que os melhores salários são pagos pela indústria e, pela lógica, com melhor empregabilidade o brasileiro conseguiria ter acesso ao carro 0Km. Na situação em que a economia está hoje e grande parte da população trabalhando informalmente, o carro zero virou produto de nicho, carro elétrico nem se fala.
Mas quem vai pagar o imposto são as empresas, não o consumidor final!!!!!
Governo acerta ao taxar carros elétricos pois a isenção além de injusta com os concorrentes favorece os empregos na China ao invés de no Brasil !
Carro elétrico nunca foi isento de impostos. Ele paga ICMS, PIS CONFINS, IPI, assim como os carros a combustão produzidos aqui. O elétrico era isentado apenas do imposto de importação, que vai voltar a partir do ano que vem até atingir a alíquota de 35%.
Ou seja, juntando os impostos que ele já paga(em torno de 40%) com o imposto de importação de 35%, o valor final do carro ficará acima de 70% de imposto. Olha só o absurdo que é isso, a empresa passa anos fazendo pesquisas, desenvolve o carro, monta uma fabrica para produzir ele, e ao vender o carro 70% do valor fica com o governo que literalmente não fez nada!
Mais uma vez parabéns pela lucidez.
Se as nossas indústrias tivessem um pouco mais de inteligência, não digo inteligência pra explorar o consumidor pois isso tem de sobra, fariam parcerias com o governo para que todos saíssem ganhando, mas só pensam no próprio umbigo.
Na mais recente crise de consumo, ninguém sugeriu abaixar os preços para estimular a demanda, mas assim que o governo abaixou os impostos e a demanda cresceu os preços baixaram milagrosamente mesmo depois do fim do incentivo. Curioso não???