GP Singapura: curiosidades da primeira corrida noturna da Fórmula 1
Apesar de ser realizado a noite, o GP de Singapura é um dos mais quentes do ano e os pilotos chegam a perder até 4 kg ao completar a corrida
Apesar de ser realizado a noite, o GP de Singapura é um dos mais quentes do ano e os pilotos chegam a perder até 4 kg ao completar a corrida
A Fórmula 1 caminha para a sua reta final da temporada 2022 e desembarca em Singapura para realizar o 17º GP da temporada.
Max Verstappen e Red Bull estão dominando de maneira confortável os Campeonatos de Pilotos e de Construtores e o bicampeonato do holandês já pode ser confirmado após a bandeira quadriculada no domingo, mas falaremos sobre isso um pouco mais a frente.
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Apesar de ser relativamente recente no calendário da categoria, o Circuito Urbano de Marina Bay já carrega alguns acontecimentos que entraram para a história da categoria – alguns deles de forma negativa – e sempre será conhecida como o GP que mais exige do preparo físico dos pilotos.
O AutoPapo então listou algumas curiosidades da corrida que acontece neste domingo.
O GP de Singapura disputado no circuito de Marina Bay entrou no calendário da Fórmula 1 em 2008 e, desde então, não recebeu a categoria apenas em 2020 e 2021 por causa das restrições aplicadas devido à pandemia de Covid-19.
Hoje, os GPs da Arábia Saudita, Abu Dhabi e Bahrein também são realizados sob a luz da lua, mas o a primeira corrida da Fórmula 1 a acontecer durante a noite foi em Singapura.
Como os carros de Fórmula 1 não possuem faróis, a pista precisa ser muito bem iluminada para que a prova aconteça de forma segura.
No fim das contas, o circuito de Marina Bay conta com 1500 refletores que juntos totalizam 3,18 milhões de watts, com toda iluminação interligada por 108 km de cabos elétricos.
A iluminação atingida é de 3 mil Lux, que corresponde a quatro campos de futebol.
Durante a semana do GP de Singapura os pilotos e os mecânicos das equipes não costumam ver a luz do sol. Isso porque para se adaptar com a rotina da prova completamente noturna eles mantêm o fuso horário da Europa, que é 6 horas atrasado em relação ao do país.
O fato de estarem guiando carros a alta velocidade não exclui o fato de que a F1 é um esporte de altíssimo rendimento, afinal, os pilotos precisam estar muito bem preparados fisicamente e mentalmente para encarar as corridas, principalmente quando se fala no GP de Singapura.
A etapa asiática é a mais desgastante para os competidores por causa da condição climática que envolve calor e umidade extremamente elevadas. Para se ter uma ideia do perrengue dos pilotos, o cockpit chega a uma temperatura de 60ºC, uma verdadeira sauna.
Isso faz as estrelas do espetáculo perderem, no mínimo, 1,5 kg durante a corrida. O francês Romain Grosjean relatou ter perdido 4 kg durante a etapa de 2013.
Essa situação chega a ser preocupante já que a performance cognitiva começa ficar pior quando a pessoa perde de 1% a 2% do seu peso de forma tão brusca.
Ainda que o calor não estivesse presente, o GP de Singapura seguiria sendo um grande desafio. O traçado possui 23 curvas, número considerado alto, e não possui retas muito longas. Por isso, o piloto precisa ficar o tempo todo mexendo no volante, alterando as marchas e mudando o balanço dos freios, por exemplo. Em 2018 Valtteri Bottas chegou a fazer 4.140 trocas de marchas ao longo de 61 voltas.
Além disso, existe a força G que é aplicada sobre eles quando acionam os freios e fazem as curvas.
Se compilado o tempo de acionamento dos freios, ele corresponderá a 25% de todo o tempo da corrida. No fim de um GP, a carga total do dispositivo pode chegar a 70 toneladas.
A etapa ainda é uma das mais longas do calendário e em três edições precisou ser finalizada pelo limite de tempo de 2h. A mais “rápida” teve uma duração de 1h51min.
Conhecido também como Singapuragate, esse foi um dos – se não o – maiores escândalos da história da Fórmula 1 e aconteceu durante a estreia do GP de Singapura em 2008.
Na época, Nelsinho fazia a sua primeira temporada na categoria pela equipe Renault e a maracutaia foi armada para beneficiar Fernando Alonso durante a corrida.
Naquela temporada a Renault não estava em uma boa fase, mas as coisas pareciam promissoras para o GP de Singapura. Alonso liderou dois dos três Treinos Livres e era um forte candidato a cravar a pole-position, no entanto, seu carro teve problemas durante o Q2 e ele foi apenas o 15º colocado no grid.
Para a corrida, o chefe da equipe Renault Flávio Briatore e Pat Symonds, diretor de engenharia, sabiam o que devia ser feito para que Alonso vencesse a corrida e bolaram uma estratégia baseada no que aconteceu com Nelsinho Piquet durante o GP da Alemanha daquele mesmo ano.
Na etapa germânica o brasileiro largou em 17º, adotou a estratégia de apenas um pitstop e aproveitou uma bandeira amarela na sequência para que as coisas dessem certo. O resultado ajudou Nelson Jr a conseguir o seu único pódio na carreira.
Voltando a Singapura, Alonso foi o primeiro a ir aos boxes, o que era estranho já que ele havia saido do fundo do pelotão. Pouco depois, Piquet bateu forte na curva 17, ponto calculado cuidadosamente para que o carro de segurança entrasse na pista.
Na época, o regulamento ainda dizia que o pit-lane ficava fechado até que todos os carros se alinhassem atrás do safety-car. Então ninguém conseguia parar de imediato e tirar proveito da ocasião.
Quando o carro madrinha agrupou o pelotão e todos os pilotos foram para os boxes, Alonso assumiu a ponta e não perdeu mais.
Após ser demitido da Renault por falta de desempenho em meados de 2009, Nelsinho denunciou o caso à FIA que deu início às investigações. Em depoimento, o piloto afirmou que a ordem foi dada poucas horas antes da largada em uma reunião rápida com Briatore e Symonds.
Em setembro a FIA ouviu os envolvidos, analisou os documentos e deu o veredito: Briatore foi banido da F1, Symonds foi suspenso por 5 anos, Nelsinho não foi punido por delação premiada e Alonso foi inocentado pois não haviam provas de que ele sabia dos planos.
O resultado da corrida também foi mantido, já que ele não poderia ser cancelado porque já havia passado quase um ano e o campeonato já tinha sido concluído.
Foi no mesmo ano do Singapuragate que aconteceu a lambança nos boxes da Ferrari que prejudicou Felipe Massa na disputa pelo título de 2008.
Caso o GP de Singapura tivesse sido cancelado, inclusive, Massa teria se sagrado campeão naquele ano independente da ultrapassagem de Lewis Hamilton em Timo Glock na última curva de Interlagos no GP do Brasil.
Em 2008, o GP de Singapura foi a 15ª corrida do calendário e Massa chegou na etapa com apenas 1 ponto de desvantagem para Hamilton. Na classificação, o brasileiro fez a pole e Hamilton segundo colocado.
O carro da Ferrari estava muito bem acertado para aquele fim de semana e Massa já tinha mais de 3 segundos de vantagem para Lewis quando Nelsinho bateu propositalmente e acionou a bandeira amarela.
Nos boxes, durante o reabastecimento, um dos mecânicos apertou o botão que acionava a luz verde que sinalizava ao piloto que estava tudo ok para ele voltar para a pista. No entanto, o botão foi acionado sem querer, e Massa partiu com a mangueira de combustível ainda acoplada ao carro.
Curiosamente naquele ano a Ferrari tinha decidido não usar o convencional “pirulito” segurado por um mecânico que o levanta quando tudo estivesse nos conformes.
Com a trapalhada, Felipe acabou caindo para o último lugar do grid ao voltar para a pista e terminou a corrida apenas em 13º, enquanto Hamilton foi 3º e aumentou a vantagem na liderança.
O início da temporada 2022 da Fórmula 1 deu a entender que Ferrari e Red Bull estavam em pé de igualdade e a decisão seria levado até a última etapa, como aconteceu no ano passado no embate entre Lewis Hamilton e Max Verstappen.
No entanto, a Ferrari perdeu fôlego ao longo da temporada e a Red Bull despontou como melhor equipe, com Max Verstappen sobrando em relação aos rivais. A diferença hoje em relação ao segundo colocado Charles Leclerc é de 116 pontos e o piloto holandês pode assegurar o título no domingo desde que saia da etapa asiática com 125 pontos de diferença em relação ao rival mais próximo.
Para essa diferença existir ele precisa, necessariamente, vencer e contar com um tropeço de Leclerc e do companheiro Sergio Pérez.
Por isso, Max pode ser campeão nos seguintes cenários:
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