Citroën C3: conheça o histórico do compacto francês
Após se consolidar no Brasil com o Xsara Picasso, a Citroën pulou no movimentado mercado de hatches compactos com o sofisticado C3
Após se consolidar no Brasil com o Xsara Picasso, a Citroën pulou no movimentado mercado de hatches compactos com o sofisticado C3
A Citroën vem tratando a terceira geração do compacto C3 como importante para a marca. Ele foi revelado oficialmente no final de 2021 junto de um plano para aumentar a participação do fabricante no mercado brasileiro.
Essa não é a primeira vez que o C3 tem a missão de levantar a Citroën no Brasil. Em 2001 a marca começou a fabricar a minivan média Xsara Picasso em Porto Real (RJ), em 2003 foi a hora de expandir as operações da marca entrando na categoria mais concorrida: a de hatches compactos.
VEJA TAMBÉM:
Nos anos anteriores o Volkswagen Polo e o Chevrolet Corsa haviam inaugurado a subcategoria de “compactos premium”. O C3 veio justamente para esse filão, deixando o mercado de populares a cargo do irmão Peugeot 206.
O carro foi inspirado pelo 2CV, carro responsável por motorizar a França no pós-guerra e um dos modelos mais icônicos da marca. Ele trazia também um teto mais alto, que era tendência na época, o que ajuda no espaço para a cabeça dos ocupantes e também resulta numa ampla área envidraçada.
A estética criativa francesa continuava por dentro: os instrumentos eram digitais, o painel possuía dois tons, as portas traziam puxadores em forma de arco, as maçanetas tinham desenho diferente e havia até uma mesinha no encosto dos bancos dianteiros para quem vai atrás.
A primeira geração do Citroën C3 foi vendida nas versões GLX e Exclusive, a primeira com motor 1.4 8 válvulas ou 1.6 16 válvulas, a mais completa trazia apenas o motor mais forte. Desde a GLX já existiam equipamentos de conforto como direção elétrica, banco com regulagem de altura e travas elétricos.
Os modelos 1.6 traziam freios a disco nas quatro rodas e ABS, já os airbags duplos eram opcionais. O topo de linha Exclusive ainda trazia bancos em veludo, faróis de neblina, ar-condicionado e chave com telecomando. Hoje parecem itens triviais, mas em 2003 era acima da média da categoria.
O Peugeot 206 era um hatch francês a moda antiga, ou seja, era pequeno e trazia suspensão traseira do tipo braços arrastados e com barras de torção como elemento elástico. Esses sistema é independente e compacto, em contrapartida exige alinhamento e adiciona complexidade na hora de fabricar.
O Citroën C3 estreou uma plataforma nova no grupo PSA que mais tarde seria usada por outros veículos. Sua arquitetura é mais tradicional e traz eixo de torção na traseira. Ela serviu como base para o Peugeot 207, o 1007 e também para o Citroën C2. Nenhum desses carros vieram para o Brasil, apenas o C2 chegou a ser cogitado.
Sob o capô estavam os mesmos motores 1.4 e 1.6 do 206, para o bem e para o mal. O 1.4 rendia 75 cv e foi marcado por ser problemático. Já o 1.6 de 110 cv era robusto e continua em produção até hoje, sendo usado por C4 Cactus, 208, 2008 e pelo novo C3 que está a caminho.
O desenho arredondado e nada agressivo acabou agradando mais ao público feminino. Segundo dados da marca na época que a segunda geração foi lançada, mais de 50% dos compradores do primeiro C3 eram mulheres.
Uma parceria entre a Citroën com o estilista Ocimar Versolato pode ter reforçado essa imagem de “carro feminino” em um país tão machista quanto o Brasil. Em 2004 foi lançada uma edição especial assinada pelo estilista que trazia interior todo preto com bancos de couro, disqueteira para cinco CDs integrada e uma bolsa.
Essa parceria acabou não sendo duradoura. O presidente da Citroën brasileira, Sérgio Habbib, e sua esposa Sandra — que representava a Jaguar — haviam feito um investimento de R$ 15 milhões na grife de Versolato. As sete lojas do estilista, sendo quatro apenas em São Paulo (SP), não trouxeram o retorno financeiro prometido e a parceria foi rompida.
Em meados de 2008 o C3 ganhou um face-lift para se manter atualizado perante aos novos concorrentes, como o Fiat Punto. A atualização recebida no Brasil foi diferente da troca de para-choques feita em 2005 na Europa.
Aqui a intenção foi dar um ar mais robusto ao compacto. Saía a grade pintada na cor da carroceria e entrava uma nova em preto e com moldura cromada, além de um para-choque com desenho mais robusto. Isso tirou a harmonia do desenho original, mas veio junto de novo equipamentos.
O grande destaque no face-lift foi a opção por câmbio automático no C3. Desde o lançamento do Honda Fit que esse equipamento veio ganhando espaço no segmento e compactos, a Peugeot e a Citroën usaram a caixa AL4 de 4 marchas em seus hatches equipados com motor 1.6.
Em 2012 veio a segunda geração do C3, mantendo a linha de oferecer um hatch compacto confortável e bem equipado. O que mais chamava a atenção no modelo era o para-brisa panorâmico. que terminava na metade do teto. Em dias de sol forte o motorista podia puxa um quebra-sol escamoteável.
O desenho continuava arredondado e com o teto em forma de arco, remetendo ao 2CV. A versão nacional do C3 trazia uma grade falsa que não havia no modelo europeu. A intenção era a mesma do face-lift de 2008: deixar o desenho menos “fofinho” para agradar ao gosto dos brasileiros.
Por dentro o painel também era diferente do usado na Europa, sendo usado o mesmo da C3 Picasso — que também era diferente do usado no velho continente. Saía os instrumento digitais e entrava um conjunto analógico mais esportivo.
Sob o capô estavam os mesmos motores, porém o 1.4 8 válvulas teve o deslocamento aumentado para 1.5. O 1.6 16v ganhou comando de válvulas variável. O câmbio automático de 4 marchas era de uma geração mais nova, batizada de AT8.
Em 2016 a PSA decidiu por fim no defasado motor 1.5 e colocar em seu lugar um moderníssimo 1.2 de três cilindros. Esse propulsor gera 90 cv e 13 kgfm, era menos que o 1.5 mas o foco ficava no baixo consumo de combustível. Segundo a etiqueta do Inmetro o C3 1.2 fazia 14,8 km/l na cidade e 16,6 km/l na estrada quando abastecido com gasolina.
Esse motor era importado da Europa, mas ele já aportava no Brasil preparado para o país. Ele já era flex e trazia partida a frio sem o tanquinho de gasolina. Quando foi lançado conseguiu nota A em todas as certificações de eficiência.
No exterior também havia versões turbinadas desse motor, que por aqui poderiam substituir o 1.6 aspirado ou até mesmo o 2.0 usado na linha de médios. Mas não sabemos se existia planos de nacionalização desse propulsor. Ele foi descontinuado no Brasil em 2019 e com a fusão a FCA com a Stellantis, os motores Firefly passam a ficar disponíveis para a Citroën.
Uma mudança mecânica muito aguardada chegou em 2017: o Citroën C3 automático abandonava o câmbio de 4 marchas e passava a usar uma caixa Aisin de 6 velocidades. Isso pôs fim ao receio de compradores com a má fama do câmbio antigo e ajudou tanto no desempenho quanto no consumo.
O C3 permaneceu com poucas alterações a partir daí. O motor 1.2 de entrada destacava pela eficiência e podia ser equipado em versões recheadas. O 1.6 16v com ficou mais competitivo perante a concorrência com o câmbio novo e trazia luxos como o cruise control e retrovisor fotocrômico.
Mas isso não foi o suficiente, o C3 não vendia tão bem quanto antes e já estava com uma nova geração a caminho. Com a criação da Stellantis a engenharia da Fiat interveio nessa nova geração, que estava sendo desenvolvida em conjunto pelo Brasil com a Índia.
A engenharia de Betim (MG) promoveu uma série de melhorias no carro para ficar mais competitivo no Brasil e ainda fez uma versão 1.0 com o motor Firefly. O resultado dessas melhorias e mais detalhes sobre o novo C3 veremos em breve no lançamento.
Fotos: Citroën | Divulgação
👍 Curtiu? Apoie nosso trabalho seguindo nossas redes sociais e tenha acesso a conteúdos exclusivos. Não esqueça de comentar e compartilhar.
TikTok | YouTube | X |
Ah, e se você é fã dos áudios do Boris, acompanhe o AutoPapo no YouTube Podcasts:
Podcast - Ouviu na Rádio | AutoPapo Podcast |
Não é “interviu”… é interveio….
Para mim, o 1.0 não é uma melhoria, mas uma gambiarra… Estão rebaixando o c’è com esse motor.
Ainda não vi pessoalmente, mas acho que essa nova geração do C3 fará sucesso, mas não sera comparável aos anteriores, justamente por ser inferior em acabamento e tudo mais