Um dos principais destaques do Salão do Automóvel, Honda Prelude já foi vendido no Brasil há 30 anos e teve tricampeão como garoto-propaganda
Uma das grandes surpresas do Salão do Automóvel 2025 foi o Honda Prelude. O esportivo híbrido chegou ao mercado internacional este ano e desembarcará por aqui já em 2026.
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A apresentação pegou todo mundo de surpresa, já que não se tinha muita expectativa pela coletiva da japonesa, que já tinha lançado o novo WR-V. O SUV esteve no palco do Teatro Celso Furtado, mas o Prelude causou comoção.

O cupê híbrido é equipado com o mesmo conjunto da atual geração do Civic, que combina motor 2.0 a combustão, com duas unidades elétricas: uma para entregar torque nas rodas e outra para gerar eletricidade para a bateria. A potência combinada é de 204 cv e o torque é de 32,1 kgfm.
Com visual esportivo e elegante, Prelude deverá se posicionar abaixo do Civic Type R. A marca japonesa garantiu que o esportivo furioso continuará em linha.
O Honda Prelude tem uma história com o Brasil e com um brasileiro em especial: Ayrton Senna. Quando a quarta geração do Prelude foi lançada, em 1991, Senna era o grande nome da Fórmula 1 e corria pela McLaren, que utilizava motores Honda.
O tricampeão era venerado como uma divindade no Japão. A Honda escalou o piloto para sua campanha de marketing para promover o modelo. E logo, o Prelude ficou conhecido como o Honda do Senna.
Por aqui, o carro chegou nos anos 1990, logo após a abertura das importações. Era um cupê de linhas suaves, sem vincos ou elementos extravagantes. Ele seguia o estilo arredondado dos carros dos anos 1990, com colunas finas.
Por dentro, o carro chama atenção pelo painel com desenho minimalista e bastante sofisticado. O carro oferecia o que era luxo na época: ar-condicionado, rádio com toca-fitas, vidros e retrovisores elétricos. Os bancos eram esportivos, com laterais largas para acomodar motorista e passageiro.

Hoje há poucas opções à venda nos portais de carros usados. Os preços não são exorbitantes, e giram em torno dos R$ 50 mil.
Agora, três décadas depois, o Prelude se prepara para voltar ao Brasil. Mas não espere por preços camaradas. A Honda deverá definir o valor na véspera do lançamento e certamente deverá girar na casa dos R$ 400 mil.
No final dos anos 1970, a Honda já tinha conquistado boa fama na Europa e Estados Unidos. Além do Civic e Accord, a marca resolveu apostar em um cupê 2+2 compacto. Era o Prelude, que compartilhava estrutura com seu sedã de prestígio.
Se nome é uma expressão oriunda da literatura e da música. É a introdução de uma peça. No caso da Honda, era o prelúdio de uma nova fase, em que a japonesa deixaria de ser apenas um fabricante de carrinhos compactos.

O cupê estilo arrojado, com destaque para a seção posterior. Por dentro, o carro era sofisticado, com direito a computador de bordo e o inovador teto solar elétrico. Um detalhe curioso estava no quadro de instrumentos que agrupava no mesmo mostrador velocímetro e conta-giros.
Sob o capô, o Prelude atendia à realidade da época, que ainda sentia os efeitos da Crise Petróleo, além de tensões no Oriente Médio. Assim, o modelo é equipado com motores 1.6 (80 cv) ou 1.8 (90 cv), o Prelude poderia ser equipado com transmissões manual ou automáticas.
Com quase 172 mil unidades produzidas de 1979 a 1982, a Honda se sentiu encorajada a lançar uma nova geração do esportivo.
Em 1982, o segundo Prelude chegou ao mercado, com estilo futurista e retilíneo, com direito a faróis escamoteáveis. A carroceria tinha crescido consideravelmente de 4 metros para 4,45 m. Os motores também ficaram mais potentes, com opção 1.8 de até 160 cv.

Além do Japão, o cupê também era vendido nos Estados Unidos, Canadá, Europa e Austrália. A segunda geração foi a mais popular em vendas, com 336 mil unidades produzidas.
O Prelude recebeu sistema de direção com esterçamento nas quatro rodas (4WS), que era restrita ao mercado japonês. A recepção foi boa e direção nas quatro rodas seria oferecida fora do arquipélago na geração seguinte, que estreou em 1987.
Com visual mais esportivo, o cupê contava com diferentes motores, com potências que variavam de 105 a 160 cv, além da direção esterçante no eixo traseiro, que se tornou uma febre, correspondendo a mais de 80% dos pedidos.

Com o inovador sistema de direção, o Prelude entregava excelente comportamento dinâmico, que afrontou o poderoso Chevrolet Corvette C4, em um teste da revista Road & Track. Mais leve e com melhor distribuição de torque, o japonês desbancou o clássico esportivo americano.
O feito foi positivo para o Prelude, que se consolidou entre os esportivos japoneses. Naquela época, modelos como Toyota Celica (e Supra), Nissan Z (Silvia e Skyline), assim como o Mazda RX7 faziam sucesso dentro e fora do Japão. O cupê ficou em linha até 1991, e acumulou 161 mil unidades produzidas.
Quando a quarta geração chegou ao mercado, a Honda já era uma marca de prestígio no mercado e uma potência no automobilismo. Seus motores equipavam os monopostos da McLaren, comandos por Ayrton Senna e Alain Prost. A dupla dominou a Fórmula 1 entre 1988 e 1991.
Para marcar o lançamento do novo Prelude, Ayrton Senna foi convocado para fazer a publicidade do carro. Sua versão mais nervosa contava com motor 2.2 de 200 cv e boa parte das versões usavam o sistema 4WS.

Senna tinha participado do desenvolvimento do NSX, que chegou ao mercado em 1991, era o estado da arte da engenharia da Honda. Ou seja, tudo culminou para um bom desempenho do Prelude.
Mas naquela época, seus rivais também viviam seu auge. O Toyota Celica era um doutrinador no Mundial de Rali (WRC). Para complicar ainda mais a vida do Prelude, o Supra receberia sua geração mais popular em 1993.
Se não bastasse, a Mazda tinha acabado de lançar a terceira geração do RX-7, com motor Wankel semelhante ao do protótipo 787-B, que venceu as 24 Horas de Le Mans, em 1990. E ainda tinha a Nissan com seu temido Skyline GT-R (R32) “Godzilla”, que era o verdadeiro devorador de mundos. Assim, até 1996, o Prelude comercializou menos de 99 mil unidades mundo afora.

Em 1996 a Honda apresentou a quinta geração do Prelude. O modelo voltou a ter formas retilíneas, inspiradas na terceira geração.
O cupê de 4,52 m era um excelente 2+2 para quem queria viajar com muito conforto. Os 195 cv do motor VTEC 2.2 entregavam ótimo comportamento. No entanto, era impossível oferecer o mesmo desempenho de seus conterrâneos furiosos.
Se um cliente japonês quisesse um Honda de alta performance teria que entrar na fila do NSX. Caso não quisesse esperar, rapidamente migraria para concorrentes como Supra, GT-R e uma das incontáveis versões do RX-7.

E ainda se tinha opções mais em conta, mas de ótima performance como os Toyota Celica GT-Four, Mitsubishi Lancer Evo e Eclipse, Subaru WRX, Nissan 350ZX e Silvia. Todos eles tinham opção de tração traseira ou integral.
Em 2001, a Honda decidiu que era hora de tirar o Prelude do mercado. Naquela época ele ainda sofria concorrência interna com o Accord Coupé, Integra e Civic Coupé. A última geração fechou a conta com 58.118 carros produzidos.
O Prelude encerrou seu ciclo de quase 23 anos como um carro elegante, esportivo, mas sem exageros. Estreou numa época em que se buscava mais que um carro compacto ou familiar.
O problema é que junto dele, seus rivais japoneses evoluíram também e forçaram europeus e norte-americanos a avançar. No início dos anos 2000, o Prelude era só mais um na multidão, sem o lastro de um Mercedes ou a truculência de um GT-R.
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