Mais etanol na gasolina é problema para quem não tem motor flex, mas terá maior custo por quilômetro para todos
Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, defendeu na última segunda-feira (20), aumentar o percentual de etanol na gasolina de 30% para 35%, para “fortalecer a produção de biocombustíveis no Brasil”, percentual previsto na Lei Combustível do Futuro votada pela Câmara em 2024. E prevê uma redução da dependência do país à importação de combustíveis fósseis.
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No entanto, o deputado se esquece de alguns fatos:

Como é aprovado o novo percentual, caso a proposta de Hugo Motta seja levada adiante?
A decisão é da Comissão Nacional de Política Energética (CNPE), constituída pelo próprio Ministério de Minas e Energia (MME) com membros de ministérios, técnicos e autoridades no assunto, que não tem um corpo técnico para esta avaliação. O governo contrata então um órgão independente (no caso do E30, foi o Instituto Mauá de Tecnologia) para emitir um parecer sobre o comportamento dos veículos com o novo percentual.
É a tal da “viabilidade técnica” prevista na lei, e teremos um repeteco do processo que culminou com a aprovação, em junho, do aumento do percentual de etanol de 27% para 30%, efetivado em 1º de agosto. O Mauá realizaria ensaios para aprovar o novo teor, e o CNPE avaliza o resultado.
A gasolina E35 não vai causar problemas para quem tem carro flex, mas pode ser problemática para veículos com motor a gasolina. Se ele ainda tiver carburador, dá para resolver com uma “gambiarra”: aumentar o giguilê (“gicleur”), para permitir maior fluxo de combustível. E uma “regulada” no avanço do distribuidor. Os carros importados com injeção não tão antigos se ajustam automaticamente pela central eletrônica.

Porém, os bem mais antigos não são capazes de se ajustar ao maior teor de etanol. Principalmente porque o CNPE ainda mantém, inexplicavelmente, o padrão de etanol na gasolina como E22, determinado por uma lei federal de 1993. E mantido inalterado até hoje, apesar de vários aumentos da mistura.
Isto significa que todos nossos motores são calibrados para este teor, que não existe na prática. Extremante prejudicial, pois os sistemas eletrônicos não se ajustam para teores mais elevados de etanol, ainda que os ensaios do Mauá não revelem problemas operacionais.
Mas não se verificam emissões de poluentes, aldeídos ou hidrocarbonetos. Nem como outras variáveis (detonação, velocidade de chama, calor de vaporização, etc) se comportam com esta nova composição gasolina/etanol. Ou os eventuais problemas provocados por esta nova mistura a longo prazo nos veículos.
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O Hugo Mota poderia debater a redução de impostos sobre o etanol. Pronto, com o etanol vendido mais barato, quem tem flex pode escolher pelo combustível que oferece maior economia. Pronto. O que não pode é continuar essa palhaçada de forçar o consumidor a pagar pelo que não quer. E nem continuar achando normal o etanol subindo de preço quando o petróleo sobe no exterior. Não tem como os produtores ficarem na vantagem o tempo todo. E pior ainda é a situação do diesel com a porcaria do biodiesel,
Mesmo com impostos o etanol era financeiramente mais vantajoso antes da chegada dos veículos flex. Com a chegada da nova tecnologia, o mercado distribuidor subiu a régua do etanol e eliminou a sua vantagem frente à gasolina.
Se é bom para o consumidor que os preços não sejam oficialmente tabelados pelo governo, é péssimo que na pratica estejam informalmente tabelados pra cima pelo setor privado das distribuidoras e varejistas.
Hugo Mota “expressou-se mal”. Na verdade é pra fortalecer (ainda mais) a influência e os lucros do agronegócio.
Enquanto o povo continuar votando em qualquer um pra deputado (e desdenhando a importância desse cargo), o festival de estultices vai continuar e só piorar.
Na prática mesmo os veículos flex, enfrentarão problemas, pois as injeções diretas, não estão preparadas para um percentual acima dos 20% – (alta pressão e alta temperatura) causam danos aos bicos a medio e longo prazo.
OBS: problemas acontecem a partir dos 20K
Ass.
Eudes Ramos.