A unidade de Iracemápolis trabalha em um regime com mais processos nacionalizados que o CKD e irá adotar peças nacionais até o final do ano
Agora é oficial: a GWM inaugurou sua fábrica em Iracemápolis (SP) e iniciou a produção nacional. Ela é a primeira marca da nova leva de chinesas a nacionalizar seus veículos, passando na frente da BYD — que segue adiando sua inauguração.
A GWM começa suas atividades produzindo o Haval H6 em quatro versões (HEV2, PHEV19, PHEV34 e GT), a caminhonete Poer P30 e o SUV de sete lugares Haval H9. Esses dois últimos são novidades no mercado brasileiro e contam com motor turbodiesel, eles compartilham uma plataforma tradicional com chassi separado da carroceria.
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A solenidade de inauguração contou com o Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva e seu vice Geraldo Alckmin. O primeiro carro a ser finalizado na linha de montagem foi um Haval H6 GT, que recebeu um adesivo escrito “fabricado no Brasil”.
Segundo Mu Feng, CEO da GWM global, o Brasil ocupa uma posição estratégica para a marca. Ela irá atender toda a América Latina conforme a produção for escalando. Essa é a terceira planta do grupo fora da China, as duas primeiras ficam na Rússia e na Tailândia.
A fábrica de Iracemápolis foi construída pela Mercedes-Benz em 2014, com inauguração em 2016. Ela encerrou a produção em 2020 e vendeu a unidade para a GWM no ano seguinte, antes mesmo dela começar a importar seus veículos para o Brasil.
A unidade passou por reformas para poder montar os veículos da GWM. Incialmente ela faria apenas a Poer, mas os planos foram alterados para incluir o Haval H6.
Hoje a unidade de Iracemápolis possui 1,2 milhão de m², área construída de 94 mil m² e 600 trabalhadores. Ela começa a operar com capacidade para produzir 50 mil carros anualmente.
A estrutura conta com área de soldagem, linha de pintura robotizada, linha de montagem, sistemas de fornecimento de energia e equipamentos, além de uma cadeia de suprimentos e logística integrada. São feitos mais processos localmente que na unidade da BYD que irá operar em regime SKD, onde os carros chegam em kits pré-montados e já pintados.
O sistema adotado pela GWM no Brasil é chamado de “peça por peça”, que é mais complexo que o próprio CKD. Ainda no primeiro ano de produção terá a incorporação de componentes de fornecedores nacionais.
Nos planos já incluíram as expansões. Até o final de 2025 o quadro de funcionários crescerá para 1.000 postos e o objetivo é chegar a 2.000 trabalhadores. O investimento chegará a R$ 10 bilhões em dez anos, com R$ 4 bi destinados até 2026.
A GWM já possui mais de 110 empresas cadastradas com interesse em fornecer componentes, sendo que 18 já estão participando da produção e do desenvolvimento dos veículos. A marca citou Basf, Bosch, Continental, Dupont e Goodyear dentre essas que estão na ativa.
Ao lado da fábrica será construído o Centro de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da GWM na América do Sul. Ele contará com 60 técnicos e engenheiros, que irão atual no desenvolvimento e testes dos produtos locais.
A primeira tarefa deles é criar motores flex para os modelos híbridos e acertar os carros para as condições de rodagem do Brasil. A GWM também estabeleceu parcerias com institutos de pesquisa e coopera com universidades para desenvolver tecnologias, formar profissionais de nível técnico e até doutores.
O primeiro carro a sair da linha de montagem da GWM em Iracemápolis foi um Haval H6 GT, idêntico ao importado. Essa família de SUVs médios híbridos foi nacionalizada sem mudanças.
A versão HEV2 utiliza um sistema híbrido pleno, sem recarga externa. Ela combina um motor 1.5 turbo a gasolina com um elétrico, que entregam 243 cv e 54 kgfm em conjunto. O câmbio possui apenas duas marchas.
O Haval H6 PHEV19 é o híbrido plug-in de entrada, com o mesmo 1.5 turbo e um motor elétrico mais forte, que totalizam em 326 cv e 54 kgfm. Sua bateria é de 19 kWh, que resulta em 74 km de autonomia.
Os modelos PHEV34 e GT utilizam o mesmo conjunto mecânico, com o 1.5 turbo e dois motores elétricos, sendo um para cada eixo. Em conjunto rendem 393 cv e 77,7 kgfm, que fazem o SUV acelerar de zero a 100 km/h em 4,9 segundos.
A bateria deles é de 34 kWh, a maior usada em um híbrido plug-in vendido no Brasil. A autonomia é de 113 km, também a maior para essa propulsão. A diferença entre o PHEV34 e o GT está no estilo, com o segundo sendo um SUV cupê e contando também com desenho exclusivo na dianteira.
Já a picape Poer P30 e o SUV Haval H9 não foram lançados ainda, a GWM programou a estreia deles no mercado para setembro. Ela confirmou apenas que usarão motor 2.4 turbodiesel, tração 4×4 com reduzida e câmbio automático de 9 marchas.
Ambos são modelos mais tradicionais, com eixo rígido na traseira e construídos sobre chassi. O alvo é a dupla da Toyota, Hilux e SW4. A escolha por vender com motor diesel foi bem acertada após o fiasco da BYD Shark, mas há planos de versões híbridas para o futuro com o conjunto do Tank 300.
A GWM planeja produzir outros modelos no Brasil futuramente, mas de início serão essas três linhas. A marca já faz sucesso com o Haval H6 e está com um pós-venda bem estruturado, tudo indica que está caminhando para ficar bem estabelecida no país.
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“1.5 turbo e um motor elétrico mais forte, que totalizam em 326 cv”… é praticamente um elétrico, do contrário este pequeno bloco 1.5T não aguentaria tamanha compressão para gerar metade desta ‘cavalaria’ mesmo se fosse feito em alumínio aeronáutico… provavelmente será mais um motor descartável de alta compressão.
Ao que parece a GWM está mesmo levando a sério a proposta de fabricação com conteúdo nacional.
Além do quê a instalação da sua planta brasileira vem transcorrendo com um cronograma bem definido, e sem tropeços ou irregularidades.
– Parabéns GWM, está fazendo as coisas acontecerem de verdade! Muito além da propaganda!