Plano de incentivos fiscais ficou bem abaixo das expectativas
Trapalhadas do governo, como falha na comunicação e tempo curto de duração, atrapalharam o êxito do chamado 'carro popular'
Trapalhadas do governo, como falha na comunicação e tempo curto de duração, atrapalharam o êxito do chamado 'carro popular'
Os números de vendas de veículos novos em junho último e ao final do primeiro semestre (ler abaixo as estatísticas) demonstram que só vontade de acertar não é suficiente para dar um suporte crível ao mercado de veículos. Para começar, houve uma falha de comunicação ao se insinuar a volta do “carro popular”. Comentei anteriormente que esse tipo de veículo não tinha a menor chance de ser recriado em razão de inexistirem as condições técnicas e de mercado dos anos de 1990.
Apesar de o programa federal reservar os maiores descontos aos subcompactos por sua economia de combustível, os melhores resultados ficaram com as picapes pequenas (+ 53%) e os hatches compactos (+ 20%). Subcompactos e SUVs compactos subiram apenas 5% e 11%, respectivamente.
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O programa criado por Medida Provisória (MP) incluiu automóveis e comerciais leves, além de caminhões e ônibus. Dessa forma dois terços dos incentivos ficaram para segunda categoria cujos preços são muito maiores. Depois houve um reforço para a primeira categoria e ainda assim em apenas 30 dias os recursos para os estímulos se esgotaram.
Em razão da natural demora no estudo da MP houve grande retração nas vendas e acúmulo de estoques nos pátios dos fabricantes, o que obrigou a paralisação de várias linhas de montagem. A lição que fica: é contraproducente anunciar um programa de duração tão curta, embora necessário. Afinal, com a taxação sobre veículos leves mais severa do mundo qualquer alívio compensa. Porém, por apenas um mês, perturba mais do que ajuda. O Governo Federal já descartou outra revisão, mantendo apenas os incentivos para veículos pesados que devem durar no máximo mais três meses e sem nenhum reforço.
Neste mês de julho ainda haverá bons números a registrar porque cerca de 79 mil unidades vendidas deixaram de ser emplacadas em junho pelo acúmulo de serviços nos Detrans. Mas tanto a Anfavea quanto a Fenabrave mantiveram as modestas previsões de crescimento em 2023 (entre 2% e zero, respectivamente, anunciadas em janeiro deste ano).
Agora as expectativas se voltam ao início de redução cadenciada da taxa básica de juros pelo Banco Central, em agosto. Haverá mais três reuniões até o fim do ano. O mercado de veículos continua altamente sensível aos custos dos financiamentos.
No entanto, o máximo que se pode desejar hoje é um feliz 2024.
Com as vendas de junho impulsionadas pelo curto programa de incentivos fiscais do Governo Federal houve reflexos no acumulado do primeiro semestre. O crescimento foi de 10% de veículos leves e pesados em relação ao mesmo período de 2022.
A normalização na produção levou o Onix de volta à liderança entre os hatches compactos. Mas o melhor desempenho foi do Polo que em apenas um ano passou de 1% para 19% no segmento graças à versão de entrada Track, deslocando o HB20 da segunda para a terceira colocação.
O Corolla chegou a uma participação recorde no histórico de classificação desta coluna desde o seu início em 1999: 81% entre 12 concorrentes. Mas também se destacaram os BMW Série 3/4 com 71% de nove concorrentes. A chegada da picape Montana afetou a ex-recordista de participação entre todos os segmentos: Strada já alcançou quase 80%, porém enfrentou um mergulho para “apenas” 57%, embora ainda lidere com folga.
Houve mais três vencedores no primeiro semestre deste ano frente ao resultado de 2022. Panamera superou o Taycan (numa “briga” em família entre os sedãs grandes da marca Porsche); Cayenne deixou para trás os BMW X5/X6; Tracker caiu para o terceiro lugar, entregando a liderança para o T-Cross que penou para superar o Creta: 13,5% de participação contra 13% do rival sul-coreano.
Criei agora mais duas categorias para acompanhar a evolução das novas tecnologias: híbridos e elétricos. Estas representam apenas 5,6% e 0,6%, respectivamente, das vendas totais de modelos leves. Corolla Cross e XC40, respectivamente, lideraram no primeiro semestre do ano.
Ranking da coluna tem critérios próprios e técnicos com classificação por silhuetas. Referência principal é distância entre eixos, além de outros parâmetros. Sedãs de topo (baixo volume) e monovolumes (oferta reduzida) ficam de fora. Base de pesquisa é o Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). Citados apenas os modelos mais representativos (mínimo de dois) e de maior importância dentro do segmento. Compilação de Paulo Garbossa, da consultoria ADK.
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