Maio Amarelo 2025: O papel da bicicleta no trânsito

Mobilidade humana, responsabilidade humana: por que a bicicleta é parte da solução para os graves problemas do trânsito?

Crédito Sense Bikes
Bicicleta tem papel importante na mobilidade urbana e pode ajudar a reduzir assustadora estatística de mortes (Foto: Crédito Sense Bikes)
Por Camila Melo
Publicado em 18/05/2025 às 15h00

O trânsito é um espaço de encontros, deslocamentos e, acima de tudo, de vidas em movimento. No entanto, todos os anos, milhares dessas vidas são interrompidas de forma precoce por acidentes evitáveis. O Maio Amarelo nasceu para chamar a atenção para isso: a urgência de um trânsito mais seguro, humano e consciente. Em 2025, o tema da campanha “Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana” nos convida a refletir sobre o nosso papel enquanto agentes do trânsito e da transformação social. E, nesse cenário, a bicicleta assume um papel fundamental.

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Mais do que um meio de transporte, a bicicleta é símbolo de mobilidade limpa, saudável, acessível e democrática. Ela nos aproxima da cidade, do tempo e de nós mesmos. Mas para que seu potencial seja plenamente realizado, é preciso responsabilidade: das pessoas que pedalam, das que dirigem, das que planejam as cidades e de toda a sociedade.

Crédito Polka Dot Images
O uso da bicicleta como solução deve ser estimulada, mas seguida de critérios e responsabilidade (Foto: Polka Dot Images | Divulgação)

Neste texto, busco explorar por que a bicicleta é tão relevante para o futuro da mobilidade urbana no Brasil e como podemos avançar juntos para um trânsito mais seguro e humano para todos.

Por que falar de bicicleta no Maio Amarelo?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1,19 milhão de pessoas morrem todos os anos em acidentes de trânsito no mundo e mais da metade das vítimas são usuários vulneráveis, como pedestres, ciclistas e motociclistas. No Brasil, dados do Ministério da Saúde indicam que em 2022, 665 ciclistas morreram vítimas de sinistros de trânsito, número que poderia ser drasticamente reduzido com políticas adequadas de proteção.

A bicicleta é um elemento essencial quando falamos de segurança viária e mobilidade sustentável. Ela contribui com vários dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, como saúde e bem-estar, cidades sustentáveis e ação contra a mudança do clima. Ao incentivarmos o uso da bicicleta, estamos promovendo vidas mais saudáveis, cidades menos poluídas e um trânsito mais equilibrado.

Mobilidade humana é sobre escolhas que cuidam

A bicicleta representa uma forma de mobilidade ativa e responsável, mas que só se torna viável quando as cidades acolhem essas escolhas. A responsabilidade humana, tema do Maio Amarelo 2025, se desdobra em várias esferas:

  • Do poder público, que deve garantir infraestrutura segura e campanhas de educação;
  • Dos motoristas, que precisam respeitar o espaço de quem pedala;
  • Dos ciclistas, que também devem agir com atenção e responsabilidade no trânsito;
  • Da sociedade como um todo, que precisa valorizar a mobilidade ativa como uma ferramenta de equidade social.

Dados que mostram o potencial da bicicleta

  • Como já contei em outro texto, segundo a pesquisa “Mobilidade da População Urbana 2022” do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), apenas 7% dos deslocamentos urbanos no Brasil são feitos de bicicleta. Em contraste, mais de 60% dos trajetos urbanos têm menos de 5 km, uma distância totalmente viável para pedalar.
  • Em cidades como Amsterdã, 36% das viagens diárias são feitas de bicicleta. Em Copenhague, esse número chega a 62%, segundo a Copenhagenize Index. Isso mostra que, com infraestrutura e cultura adequadas, a bicicleta pode ser o principal meio de transporte urbano.
  • O relatório “Health Economic Assessment Tool (HEAT)” da OMS calcula que cada pessoa que troca o carro pela bicicleta para um trajeto diário reduz em 30% o risco de morte prematura, além de contribuir com menor emissão de CO₂ e poluição do ar.

Responsabilidade compartilhada: o que podemos fazer?

Crédito Valeriia Boiko
Maio Amarelo chama para a reflexão de como cada um pode ajudar a tornar a mobilidade mais segura e eficiente (Foto: Valeriia Boiko | Divulgação)

Cidadãos, motoristas, gestores públicos, empresas, educadores, todos temos um papel. O Maio Amarelo nos convida à ação:

1. Se você é motorista:

  • Respeite a distância mínima de 1,5m ao ultrapassar ciclistas.
  • Reduza a velocidade em vias compartilhadas.
  • Esteja atento em cruzamentos e conversões.
  • Lembre-se: um ciclista é uma vida, não um obstáculo.

2. Se você é ciclista:

  • Sinalize suas manobras.
  • Use iluminação adequada.
  • Respeite sinais de trânsito e faixas de pedestre.
  • Priorize rotas seguras e, sempre que possível, use equipamentos de segurança.

3. Se você é gestor público:

  • Invista em ciclovias conectadas e bem planejadas.
  • Crie políticas de incentivo fiscal ao uso da bicicleta.
  • Promova campanhas educativas contínuas.
  • Garanta bicicletários seguros em pontos estratégicos.

4. Se você é educador:

  • Leve a temática da mobilidade ativa para a sala de aula.
  • Ensine desde cedo que trânsito é um espaço de respeito mútuo.
  • Promova atividades como “bike to school” com os alunos.

Mobilidade humana começa com empatia

Falar de mobilidade humana é falar de pessoas. É lembrar que cada ciclista, pedestre, motorista ou passageiro é uma vida com história, destino e sonhos. A bicicleta, como ferramenta de mobilidade, exige e promove responsabilidade. Ela nos ensina a olhar, ouvir, ceder e compartilhar valores fundamentais para um trânsito que respeita e preserva a vida.

Neste Maio Amarelo, ao refletirmos sobre nosso papel no trânsito, que possamos enxergar a bicicleta não como um risco, mas como parte da solução. Que a mobilidade humana seja, de fato, humana. E que pedalar, mais do que um ato de deslocamento, continue sendo um ato de vida.

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