Marcas de carros elétricos: ilustres desconhecidas que valem bilhões

No balanço das emissões de CO2, a vantagem do veículo elétrico sobre o 'tradicional' só aparece a partir dos 110 mil km

rivian r1t 2022
Picape da Rivian: nas ruas, apenas no ano que vem (Foto: Rivian | Divulgação)
Por Boris Feldman
Publicado em 20/11/2021 às 07h30
Atualizado em 09/01/2022 às 19h00

Já ouviu falar em Rivian, Lucid ou VinFast?

Pois saiba que, apesar de serem fábricas de automóveis relativamente novas, estão avaliadas por dezenas ou centenas de bilhões de dólares e já superaram o valor de marcas tradicionais. Assista ao vídeo!

A Rivian acaba de conquistar o terceiro lugar no ranking das mais valiosas do mundo, avaliada em U$ 138 bilhões e superou a VW (U$ 136 bi).

A Lucid Motors, por sua vez, ultrapassou a Ford com U$ 89 bi, contra U$ 79 bi da marca do oval. E próxima da GM, avaliada em U$ 91 bi.

Mas ainda valores de menor relevância comparados com a Tesla, estimada em quase 1,1 trilhão de dólares.

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A também novata VinFast ainda não tem avaliação nestes patamares, mas surpreendeu o setor ao anunciar, apesar de criada há apenas cinco anos, a disposição de construir uma fábrica de elétricos nos EUA. Ela pertence ao VinGroup, o mais poderoso grupo econômico do Vietnã.

É também curioso destacar que a norte-americanca Rivian (com apoio e participação societária da Amazon) ainda não tem um faturamento considerável, pois ainda inicia a entrega de suas picapes.

Por outro lado, a Lucid (também dos EUA) teve seu modelo de estreia (elétrico, é claro) premiado pela revista norte-americana Motor Trend (Carro do Ano), concorrendo com Mercedes (EQS), Porsche (Taycan) e Honda (Civic) entre outros. Tem autonomia de cerca de 800 km e 1.110 cv de potência.

Não faturam. Mas valem bilhões

Estas novas empresas não são exatamente fábricas de automóveis, mas startups de mobilidade. E sequer ofereceram resultados financeiros consistentes, pois são avaliadas por suas perspectivas futuras.

Assim como a Tesla, a mais valiosa marca de automóveis do mundo apesar de ter operado anos no vermelho. É a aposta na tecnologia desenvolvida na esteira da rápida virada para a eletrificação da indústria automobilística.

E as fábricas tradicionais, como se situam nesta súbita reviravolta do setor?

Baseando-se em dados mais convencionais, concretos e palpáveis como volume de produção, faturamento, fluxo de caixa e rentabilidade, a mais valiosa do mundo é a Toyota, avaliada em U$ 260 bilhões, seguida da Volkswagen (U$136 bi), Daimler (U$ 108 bi), GM e Ford.

Elas todas migram rapidamente para a eletrificação e algumas já prometeram abandonar o motor de combustão em 20 anos, para ficarem bem na foto do esforço mundial pela descarbonização. E nas avaliações das bolsas.

Carro elétrico é mesmo solução?

Entretanto, e por incrível que pareça, não há uma unanimidade de o carro elétrico ser solução definitiva para a “limpeza” atmosférica.

Até a Volvo, uma das mais veementes defensoras da eletrificação e que decidiu abominar o motor a combustão num prazo de dez anos, fez um interessante comparativo entre as duas tecnologias.

A pesquisa revela que a produção do elétrico pode gerar até 70% mais emissões que o tradicional, de combustão. Contabiliza desde a extração da matéria prima, seus transportes e processos industriais. Acrescenta então o volume de gases carbônicos emitidos nos primeiros 200 mil km de uso do veículo, estabelecendo uma média entre a energia elétrica gerada para recarregar baterias de origem renovável (solar, eólica) e a tradicional (usinas térmicas, carvão).

No frigir dos ovos, a empresa sueca concluiu que o carro elétrico polui menos que o de combustão durante sua utilização. Mas precisa rodar 110 mil km só para compensar as emissões adicionais provocadas durante as diversas etapas de sua produção. Só a partir daí traz vantagens ambientais.

A rigor, o elétrico apenas desloca o ponto de emissões de dióxido de carbono, da cidade para o campo. Mas, sob o aspecto global, quase não muda nada.

… e o biocombustível?

E ainda existem outras dúvidas que abalam os argumentos favoráveis à eletrificação veicular. Questões regionais entre elas. Como a do Brasil, por exemplo: nossa matriz energética ideal deveria abandonar os combustíveis líquidos em favor da eletricidade?

Pouco provável, considerando-se que grande parte da geração de nossa energia elétrica seja “limpa”. Então, valeria a pena abandonar a opção do álcool/biodiesel como alternativa ao combustível fóssil?

No extenso cardápio mundial de alternativas ao petróleo e ao GNV, o hidrogênio (H2) vem subindo degraus entre as favoritas. Utilizado diretamente no motor a combustão ou para alimentar a célula a combustível (fuel cell) que produz energia elétrica. Neste caso, não se esquecer de que o H2 pode ser obtido a partir do nosso etanol.

Então, se o hidrogênio sobe mais alguns degraus nesta escala de prioridades energéticas, outras startups de mobilidade poderiam se tornar a bola da vez.

E deixar em lágrimas os investidores nas Rivians e Lucids da vida…

Como usar etanol em carros elétricos? Eu explico!

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5 Comentários
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José 22 de novembro de 2021

Basta anunciar que vai ser criada e a marca nova vale mais do que todas as outras. É a especulação e a habilidade de enganar tudo e todos.

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Rodolfo 20 de novembro de 2021

Neste artigo diz: “Mas precisa rodar 110 mil km só para compensar as emissões adicionais provocadas durante as diversas etapas de sua produção. Só a partir daí traz vantagens ambientais”.
Eu acho que vou demorar uns 11 anos para rodar uns 110 mil km, será que as baterias ainda estarão com autonomia aceitável (pra mim 400 km basta).

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bruno vasconcelos 22 de novembro de 2021

Isso! As baterias tem prazo de validade… depois de 8 anos em media tem q ser trocadas.. e o custo altissimo!! Bicicletas eletricas custam 3.000 reais pra trocar a bateria de litio e duram 3 anos, ou seja, mil reais por ano só de bateria!!! E o custo de uma bicicleta começa em 6 mil reais…. incrivel como apostam numa tecnologia carissima de eletricos com preço de energia só aumentando e risco de apagão….. este mundo está muito doido.

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Rodolfo 22 de novembro de 2021

Exatamente! Carro elétrico vai ser um tiro no pé de quem comprar… imagine pagar R$ 300 mil em um hatch elétrico e após 10 anos ser inviável trocar as baterias.

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Rodolfo 20 de novembro de 2021

… As usinas hidrelétricas do Brasil dependem da quantidade de chuvas, sendo que não é raro ter estiagens e os níveis dos reservatórios abaixarem e a tarifa de energia elétrica aumentar junto com a bandeira vermelha. Se a minha conta de energia elétrica já está cara imagine com um carro elétrico na minha tomada.
… Se os automóveis a combustão forem proibidos de fabricar no Brasil creio que o preço da energia elétrica será corrigido de acordo com o valor internacional assim como está sendo a gasolina.
… Já o etanol creio que ele sempre acompanha o preço da gasolina nos reajustes aqui em São Paulo-SP, salvo melhor juízo. Disseram que o carro flex veio para nos dar independência da gasolina … eu acho que a teoria é uma, mas a prática me parece que é outra, salvo melhor juízo.
… Assim independentemente do resultado… seja o futuro elétrico ou a etanol no Brasil, acho sempre vamos ficar na mão dos preços internacionais da energia elétrica e etanol/açúcar, salvo melhor juízo.

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