O Maverick terrível e Diplomata do ‘doutor’: pequenas lembranças

"Nunca mais dirigi um carro tão ruim como aquele Maverick seis cilindros amarelão, que não ficou muito tempo em produção"

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Motor 6 cilindros dava um desempenho pífio ao Maverick (Foto: Ford | Divulgação)
Por Chico Lelis
Publicado em 01/12/2024 às 17h00

Nesta semana conto algumas passagens da minha vida profissional, que começou há mais de 55 anos, em A Tribuna (jornal centenário santista).

A primeira​, ​minha passagem pela Ford, em 1973, ano de lançamento do Maverick V8 e do Maverick 6 cilindros (mesmo motor da Rural e o Aero Willys) 4 portas, um carro amarelão. O Luiz Carlos Secco, grande mestre de muitos de nós jornalistas do setor, chamou o Reynaldo Lavia para levar um carro ao Rio de Janeiro. Como responsável pela área de competição na Imprensa da fábrica, ele se entusiasmou, pensando que iria levar o V8.

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Frustração quando soube que seria o 6 cilindros. Não titubeou e sugeriu que eu fosse levar o carro. “Manda o chicolelis, assim ele se diverte um pouco lá no Rio”. E assim foi feito, o Seccão me chamou e me passou a nobre missão de levar o Maverick para o Rio de Janeiro.

E lá fui eu dirigindo aquela “barcaça”, que não corria, não “curvava”, não tinha retomada. Um horror! Nunca mais dirigi um carro tão ruim como aquele Maverick amarelão, que não ficou muito tempo em produção. O que valeu foi ter livrado pelo colega  de sofrer, muito mais do que eu sofri na Dutra, com até bicicleta me ultrapassando pela direita.

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Chevette por Diplomata

Saul Galvão foi um dos mais respeitados críticos gastronômicos desta terra descoberta por Cabral. Sempre simpático, foi de Jaú (SP), para São Paulo fazer Direito no Largo de São Francisco (escola da USP), mas não terminou o curso, virou jornalista no Grupo Estado de São Paulo, nas áreas de Internacional e Política.

Era um personagem, como seu bigode à la Hercule Poirot, o famoso detetive de Agatha Christie, autor de pelo menos 10 livros (à venda na Amazon) sobre vinhos e comida. Sua mania era descobrir os ingredientes dos pratos servidos nos restaurantes que frequentava.

Tivemos um bom  relacionamento na época em que ele já se dedicava à Gastronomia, nos anos 80. Falávamos muito sobre suas peripécias pelas mesas dos melhores restaurante de São Paulo, sem que ele nunca tenha feito qualquer “fofoca” ou revelado qual o seu preferido.

De uma coisa ele se queixava de todos os restaurantes. Ele tinha um simples Chevette, carro popular na época, e sempre que parava defronte de qualquer dos restaurantes badalados da cidade, seu carrinho era colocado longe da vista dos frequentadores da casa.

Então, me ocorreu a ideia de sugerir que usasse, por alguns dias, um Chevrolet Diplomata, o mais “chic” dos nacionais da época. Ele topou e passou a frequentar os mesmo restaurantes de sempre, onde o seu “Chevetinho” era escondido da freguesia.

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Linha 1992 ainda ganhou câmbio manual de 5 marchas nas versões 4.1

– Chico, foi demais – contou-me ele depois – o carro era deixado na porta e até me chamavam de doutor, pois antes era “seu” Saul.

O Vectra e a bicicleta

Logo após seu lançamento, em 1996, a GM, associada à Caloi, lançou uma bicicleta com a marca Vectra. “Lindona”, na cor prata do carro, com 18 marchas, “top” de linha. E nós, do Departamento de Imprensa, selecionamos alguns jornalistas para, além de testar o carro, também usassem por um período, a bicicleta da Caloi. Ambos faziam um belo conjunto.

Para os “ciclistas de plantão” foi um sucesso, mas muitos delegaram aos filhos, ou netos, o uso da “magrela”. Pois bem, eu fui à Goiânia, fazer a entrega da dupla, ao jornalista Fernando Campos, amigo querido.

Jantamos juntos e, na saída do restaurante, lá estava  a Caloi colocada em um suporte, sobre o teto do Vectra. Rumamos em direção ao Castro’s, hotel onde eu ficara hospedado. E, ao alcançarmos a calçada do hotel, um barulho enorme nos assustou.

O freio feio foi acionado em segundos, ao mesmo tempo em que ambos gritamos: “a bicicleta!”

Descemos do carro e olhamos para cima. Um pedaço do teto de gesso, da entrada tinha sido raspado e a Caloi nada sofrido, graças à rapidez com que Fernando reagiu ao barulho que ouvimos instantes antes.

Uma revelação sobre a Caloi. No momento do faturamento das bicicletas, houve uma falha no sistema e não foi emitida a nota fiscal de volta delas e as mesmas não poderiam voltar para a GM.

Só descobrimos isso quando o primeiro jornalista tentou devolver a bicicleta da fábrica e o segurança impediu, pois não havia a tal da nota de retorno. Então, tem algumas “Caloi Vectra” espalhadas por ai.

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