Antes de sair de viagem com a família, é fundamental travar as portas para aumentar a segurança e outras histórias da carochinha
O universo do automóvel é cheio de teorias, convicções, teses e, claro, falácias. O problema é que muita lorota acaba ganhando status de verdade absoluta pela repetição. E como são muitas e é impossível listar tudo que é cascata ou fato, resolvi elencar algumas que podem tornar seu cotidiano mais seguro e também mais barato. Confira.
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Carro flex tem algumas tecnicidades muito próprias, que resultam em verdades e mitos também. Avanço tecnológico pode transformar fato em mentira e vice-versa. Um deles é a dica de não estacionar à noite na garagem logo depois de abastecer com etanol, o carro que rodava antes com gasolina. Mas, não se diz que motor flex pode funcionar com qualquer dos dois combustíveis em qualquer proporção, já que a central eletrônica o ajusta para isso?
Sim, mas tem um porém…
A central eletrônica é ajustada por um sensor no escapamento, que percebe o teor de oxigênio sendo queimado pelo motor, o que indica também qual combustível está vindo do tanque. Maior ou menor teor de oxigênio reflete a proporção de etanol e/ou gasolina chegando ao motor. E como ele deve ser regulado para otimizar a operação.
Mas, suponha que o carro vinha rodando com gasolina e, logo antes de chegar à noite em casa, tenha sido abastecido com etanol. Até o novo combustível entrar no motor e ser queimado, é necessário rodar vários quilômetros. Só então a sonda no escapamento percebe a mudança e informa a central. Se abastecer e estacionar logo depois, o etanol pode chegar ao motor, mas o sensor ainda não o identificou no escapamento. No dia seguinte, pela manhã, ao acionar o motor, a central “acha” que tem gasolina no tanque, mas está chegando etanol. E o carro não “pega” de jeito nenhum.
Entretanto, motores mais modernos, com turbina e injeção direta, exigem a presença de um “sensor de linha”, ou seja, instalado nos dutos que levam o combustível aos cilindros. E a regulagem da central é imediata. Cai por terra a dica de rodar alguns quilômetros antes de parar.
Então:
Gasolina comum precisa de aditivo. Mas qual? O que tem detergentes e dispersantes. Mas o posto oferece o “octane booster”, que aumenta a octanagem da gasolina e o desempenho do motor. Pode até ser verdade em alguns casos, mas, para isso, o aditivo deve conter óxido de ferro. Esse destrói velas e o catalisador.
Pai, tio e avô sempre “esquentaram” o motor pela manhã. Pois seus carros eram carburados. Hoje, com a injeção eletrônica, não é mais necessário este cuidado, pois a central cuida disso. “Esquentar” o motor só tem, como finalidade, queimar combustível à toa. Basta deixá-lo funcionar por uns 20 ou 30 segundos, tempo para o óleo lubrificante subir do cárter até as partes mais altas do motor.
Estas malditas lombadas, “quebra-molas” que quebram tudo, são consideradas “mal necessário”, uma substituição burra e barata ao radar que controla velocidade. Mas se pelo menos respeitassem a legislação e tivessem as medidas exigidas pelo código, não quebrariam tanto os carros. Outro problema é a recomendação – sabe-se lá de onde surgiu – de passar em diagonal por elas. Só para torcer inutilmente o monobloco do carro. O correto é manter o carro em linha reta mesmo. E não passar com o freio acionado para não abaixar a frente do automóvel e aumentar o risco de quebrar alguma coisa.
Carro usado tem que ter baixa quilometragem? Bobagem. Primeiro, porque os vigaristas conseguem reduzir o que indica o hodômetro. Segundo, porque vale mais a manutenção bem feita do que ter rodado pouco. Prefiro um carro que rodou 150 mil km com as revisões em dia do que outro com 50 mil km que nunca fez uma preventiva…
A culpa desta inverdade ter se espalhado foi da Ford com seu câmbio Powershift. Dupla embreagem é o “estado da arte” da transmissão, com mudanças rápidas, suaves e sem trancos. Mas o da Ford, por um erro de projeto, foi um caos em todo o mundo e explodiu a imagem do sistema.
“Não se esqueça de travar as portas” é a recomendação frequente para quem está saindo de viagem com a família. Bobagem: o travamento não aumenta a segurança, apenas neutraliza o mecanismo de abertura. “Mas eu tenho medo das crianças atrás acionarem a maçaneta!” Temor infundado: sempre tem uma pequena alavanquinha que impede as portas de se abrirem do interior. Mas, por quê não travá-las? Porque se o travamento central não contar com uma desativação automática no caso de um acidente, complica ainda mais a ação de quem vier resgatar os passageiros.
Aumenta mesmo, se o motorista pisar fundo e rodar mais rápido. Caso contrário, o consumo deve sempre diminuir por uma lei da física: a turbina aproveita uma energia que era desperdiçada. E então é inevitável o aumento da eficiência do motor com a consequente redução de consumo.
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Essa do aditivo eu não sabia. E pelo termo “octane ‘booster'”, fica fácil de lembrar qual recusar.
Quanto às lombadas, mais uma dica:
– Em ruas e avenidas desconhecidas, vale tirar um pouco o pé e ficar dando uma rápida espiada nos postes às margens do logradouro, pois é ali que os ‘boosters’ dos engenheiros de tráfego fixam as sinalizações das lombadas. É que na inteligência deles, o motorista tem que dirigir sempre olhando pro poste, e não pra rua.