Um terço do mercado mundial pode ser de veículos chineses até 2030
Tecnologia, baixo custo de produção e estilo são ingredientes que os chineses passaram a dominar, segundo os analistas de mercado
Tecnologia, baixo custo de produção e estilo são ingredientes que os chineses passaram a dominar, segundo os analistas de mercado
Essa previsão talvez se enquadre no campo das hipóteses, mas foi feita pela AlixPartners, consultoria de gestão global sediada em Nova York (EUA) com escritórios em mais de 40 países. Segundo Mark Wakefield, colíder para assuntos automobilísticos e industriais, “a China tem sido disruptiva, capaz de criar veículos indispensáveis, que chegam mais rápido ao mercado, são mais baratos, avançados em tecnologia e estilo, além de fabricar com mais eficiência”.
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Numa primeira leitura pode sugerir algo como “o último a sair que apague a luz”, mas o consultor prudentemente previu que marcas chinesas devem passar de 21% das vendas de automóveis no mundo para um terço em 2030. Seria um aumento de participação de 50% bastante significativo em apenas seis anos. Pelas contas da empresa os chineses estariam vendendo nove milhões de unidades fora do seu país, entre exportações e produção localizada.
Outro executivo da consultoria, Andrew Bergbaum, foi mais contundente: “Fabricantes que esperam continuar operando sob os princípios de negócios usuais estão prestes a mais do que apenas um rude despertar – estão caminhando para a obsolescência”, disparou.
Em outro ponto do relatório a AlixPartners reconhece que existem agora apenas cinco modelos à venda nos EUA fabricados na China: os SUVs Lincoln Nautilus e Buick Envision, o sedã Volvo S90 e os elétricos Polestar 1 e 2. Marcas chinesas não são vendidas nos EUA.
Aí já começa a complicar. O mercado americano é o segundo maior do mundo, porém sustenta a incomparável relação de 18 habitantes para cada veículo vendido. Na China, o maior mercado, são 56 habitantes por veículo comercializado. Com o imposto de importação de 100% recém-anunciado, na prática marcas chinesas não teriam como enfrentar. Mas estas já estão se instalando no México, visando o mercado americano. No entanto, tudo indica que essa porta de entrada também ficará fechada.
Na Europa, como nos EUA, nenhum fabricante está parado. Podem se associar aos chineses como já fez a Stellantis — “se você não pode vencê-los, junte-se a eles”. Ou a Renault, que acaba de anunciar um acordo com a sul-coreana LG Energy Solutions e a chinesa CATL para produção de baterias 20% menos custosas já em 2026. Também a União Europeia passa a taxar importações da China, embora algum acordo de meio-termo possa ser alcançado em razão do peso da Alemanha, que exporta modelos caros e muito rentáveis para a China.
Nenhuma dúvida existe sobre o avanço chinês. Mas daí a se concluir que concorrentes ocidentais ficarão inertes, vai uma longa e irremovível distância.
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