5 ‘jeitinhos’ que as montadoras usam para tentar te enganar
Números são fortes argumentos para venda de carros, mas nem sempre são usados de forma honesta ou com metodologia adequada
Números são fortes argumentos para venda de carros, mas nem sempre são usados de forma honesta ou com metodologia adequada
Por razões obvias, as montadoras usam sempre os pontos mais fortes de seus carros na publicidade. Mas muitas vezes esses argumentos são ginásticas mentais, verdadeiros migués, para tirar alguma vantagem.
Usar números em padrões diferentes do habitual, dar um nome diferente para um equipamento, coisas assim. A sorte de vocês, leitores do AutoPapo, é que ficamos de olho nesses ‘migués’ das montadoras e deixamos as informações mais claras. Confira alguns deles.
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Quem é mais velho deve se lembrar que em comparativos de picapes, as referências eram as medidas de comprimento e largura da caçamba. O volume era um dado apresentado, porém estava longe de ser o mais importante.
Com o lançamento da Chevrolet Montana, que trazia uma caçamba de lateral alta, a montadora deu destaque a esse volume. O migué foi para disfarçar que perdia em comprimento para a defasada Ford Courier.
A Volkswagen usou argumento parecido quando lançou a geração atual da Saveiro, que trazia laterais mais altas na caçamba que a rival Fiat Strada. A montadora italiana respondeu reestilizando sua picapinha e dando caçamba de maior volume.
Hoje é difícil achar medidas de largura e comprimento das caçambas de caminhonetes vendidas no Brasil. Usando apenas volume, a Ram Rampage supera a Saveiro de cabine simples: 980 litros contra 924 litros, mas é na caminhonete da Volkswagen que cabe uma moto.
Outra forma racional de promover a caçamba é anunciando se cabe um pallet. Hoje essa medida passou a ser usada apenas por vans e furgões.
O Brasil utiliza o sistema de medidas internacionais, o SI. Fugimos desse padrão na hora de medir a força dos carros, pois usamos o cavalo vapor (cv) na potência e quilograma de força multiplicado por metro no torque. O padrão seria kilowatt (kw) e newton multiplicado por metros (Nm) respectivamente.
Apesar do nosso padrão, muitas montadoras insistem em divulgar o torque em Nm por resultar em um número maior. Falar que seu carro tem 250 Nm faz mais vista que os 27,5 kgfm do rival.
A Volkswagen começou por aqui a usar o torque em Nm para classificar os motores, no lugar de dar o deslocamento volumétrico e a potência. Isso faz que os 170 TSI e 200 TSI pareçam motores diferentes, mas na prática ambos são o mesmo 1.0 turbo com algumas alterações em periféricos e calibração.
Existem duas formas de medir o volume do porta-malas: o VDA (Verband der Automobilindustrie), que mede o espaço útil com blocos de isopor, e o SAE, que mede todo o volume do compartimento independente como se fosse para transportar líquido.
Como o bagageiro é usado para levar malas, pacotes, caixas e coisas assim, o padrão VDA é mais próximo da realidade. O método SAE gera resultados imprecisos.
Algumas montadoras, sabendo que seus modelos saem prejudicados em uma comparação justa, usam o migué de divulgar apenas o dado SAE sem especificar a metodologia. Se você achar que o volume do porta-malas parece muito grande e distante da realidade, pode desconfiar da medição.
Até o Inmetro aparecer com um padrão de medição próprio, usávamos o método WLTP para comparar a autonomia de carros elétricos. O padrão chinês resulta em números maiores de autonomia que a dupla adotada por aqui, porém são fora dos resultados práticos encontrados pelos consumidores na rua.
Algumas montadoras vão além e divulgam a autonomia baseadas em medições próprias. Esse migué costuma ser baseado em velocidade constante e baixas velocidades. O padrão do Inmetro está diminuindo essa atitude, mas existe o risco de ver dados enviesado sendo usados por concessionárias.
Em 2010 a Jaguar colocou na nova geração do XJ o primeiro painel digital moderno, que consiste em uma tela colorida de TFT de 12 polegadas. Passados 13 anos, esse equipamento está se popularizando em carros compactos.
O interessante nessa solução é permitir a personalização, o motorista pode escolher o modo que acha mais agradável e priorizar as informações que preferir. Mas algumas montadoras estão usando o painel digital como migué apenas para reduzir custos.
O Volkswagen Polo TSI manual 2023 vinha com uma tela no lugar dos instrumentos analógicos, mas faltava o botão para alternar entre as visualizações. O resultado foi um carro sem conta-giros, pois a tela padrão era a que prioriza as médias de consumo.
No fim das contas, existem alguns painéis digitais que acabam fazendo o mesmo que os computadores de bordo que já eram usados junto dos reloginhos analógicos. E a montadora ganha em escala ao fazer um painel para toda a linha.
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