Algumas empreitadas deram certo, outras nem tanto, a ponto de poucos saberem que, um dia, essas marcas já produziram caminhões
Às vezes, algum diretor ou presidente de montadora, ou simplesmente as circunstâncias, leva uma empresa a se aventurar em um novo segmento. Seja por busca de maiores lucros, diversificação do portfólio ou até por vontade pessoal, é o caso de quando a Samsung tentou fazer caminhões, assunto que já abordamos aqui. Hoje, porém, vamos falar de cinco montadoras tradicionalmente conhecidas por seus carros, mas que também se arriscaram no mundo dos caminhões.
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A história da Nissan com caminhões é curiosa e marcada por uma sequência interminável de mudanças de nome. Em 1935 foi fundada a Nihon Diesel Industries e, três anos depois, surgiu seu primeiro motor a diesel, o ND1.
Entre 1942 e 1950, a empresa mudou de nome três vezes: primeiro para Kanega-Fuchi Diesel, depois para Minsei Sangyo Co e, por fim, para Minsei Diesel Industries. Em 1955, lançou o motor UD (Uniflow Diesel), sigla que se tornaria referência da marca.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão precisava se reconstruir, e caminhões de alta capacidade estavam em alta demanda. Em 1958 começaram as vendas do modelo 6TW, o primeiro caminhão japonês com capacidade acima de 10 toneladas.
Nos anos 1960, veio mais uma mudança de nome, agora para Nissan Diesel Motor. Dois anos depois, iniciou-se a produção em Ageo. Os modelos da época eram o Nissan 680 e o 780, ambos semipesados, além do C80 e do pequeno Cabstar, um VUC.
Em 1975 nasceu o primeiro grande sucesso: a linha de médios Condor. Já nos anos 1990, a marca apresentou o pesado Big Thumb, também vendido pela Samsung com suas próprias adaptações.
Em 2007 ocorreu a incorporação ao Grupo Volvo e, em 2010, outra mudança de nome: Nissan Diesel passou a se chamar UD Trucks, homenagem ao famoso motor UD. Em 2021, a UD Trucks foi vendida para a Isuzu.
Atualmente, a Nissan ainda oferece pequenos caminhões (VUCs), mas os pesados ficaram no passado.

Hoje a Audi é sinônimo de luxo e design, daqueles carros que muitos penduravam em pôsteres no quarto. Mas, bem antes disso, a marca já produzia caminhões.
Em 1913, a Audi decidiu ampliar seu portfólio e lançou os modelos Bt e Ct. O Bt tinha 28 cv e o Ct, um pouco mais forte, chegava a 35 cv. Ambos eram construídos sobre chassis alongados de automóveis de passageiros, com suspensão reforçada e capacidade de carga de 1 tonelada. Havia ainda o Tipo F, com chassi reforçado, e o modelo Fc, com pneus duplos no eixo traseiro e capacidade de 1,5 tonelada.
Ao todo, 362 unidades foram produzidas entre 1912 e 1928. A velocidade máxima chegava a modestos 55 km/h.

Quem conhece a história da Mitsubishi sabe que ela já fez de tudo, inclusive caminhões e ônibus. Na verdade, ela ainda faz, mas sua trajetória é cheia de mudanças.
A Mitsubishi nasceu como Mitsubishi Fuso, dentro da antiga Mitsubishi Shipbuilding (hoje Mitsubishi Heavy Industries). O nome Fuso vem da palavra chinesa “Fusang”, referência a uma árvore sagrada da vida eterna. Seu primeiro veículo comercial foi um ônibus, o “B46”, em 1932. O primeiro caminhão veio em 1941: o diesel YB40, de 2 toneladas.
Em 1955 surgiu o T33, caminhão de 8 toneladas considerado o primeiro pesado genuinamente japonês. Em 1963 veio o seu modelo mais icônico, o Canter T720, ainda em produção — e hoje com versões híbridas, a hidrogênio e elétricas.
Em 1983 nasceu o The Great, sucedendo às linhas FT, FU e FV. Em 1996, esse modelo evoluiu para o Super Great.
A virada ocorreu em 2003, quando a Daimler AG comprou 43% da Mitsubishi Fuso. Em 2011 aumentou sua participação para quase 90%, e vários modelos passaram a compartilhar cabine e componentes com caminhões Mercedes-Benz. Volante, painel e até catalisadores se tornaram itens comuns entre Fuso e Mercedes.
Hoje, embora a Fuso ainda ostente os três diamantes, ela é praticamente a “Mercedes do Japão”. E continua expandindo: na Austrália, por exemplo, vende o Shogun, voltado para composições pesadas.

Se muitos lembram apenas da clássica van H, a Citroën também teve uma história relevante com caminhões e ônibus.
Nos anos 1920 e 1930, no pós-guerra, a demanda por caminhões para reconstrução era enorme. Em 1933 surgiu o Type 45, de design conservador. No ano seguinte, veio o Type 32 Tracteur, versão cavalo mecânico do Type 45.
No fim dos anos 1930 apareceu o TUB (Traction Utilitaire Basse), baseado no Traction Avant. Considerado por muitos a primeira van com porta lateral deslizante, teve cerca de 1.800 unidades produzidas entre 1939 e 1941. Havia também o TUC, com capacidade maior (1.100 kg).
Em 1947 foi lançada a famosa H-Van, produzida até 1981.
Nos anos 1950 surgiu o Type 23, com variantes cavalo mecânico e chassi rígido.
E, em 1965, nasceu o Type N350, apelidado de Belphégor, inspirado no Citroën DS, com pequenas janelas acima dos faróis. Sua capacidade variava de 3,5 a 8 toneladas, com mais de 140 combinações possíveis. Foi produzido até 1972.
Depois dele, a Citroën comprou a Berliet e lançou o modelo K, praticamente um Berliet K adaptado. Por dois anos recebeu logo dupla; depois, apenas Citroën. Esse foi considerado o último caminhão “de verdade” da marca.
A partir daí, a Citroën focou em vans, muitas delas fruto de parcerias com outras marcas, como Fiat, Peugeot e Talbot.

A Dodge teve uma passagem curta, mas marcante, no Brasil. A Chrysler começou a produzir caminhões no fim dos anos 1960 utilizando a antiga fábrica da International em Santo André (SP). Inicialmente, oferecia três modelos: a picape D-100, o leve D-400 e o médio D-700, equipado com motor V8 a gasolina de 5,2 litros.
Sob controle da Volkswagen Caminhões e Ônibus, o D-700 passou a usar motor Perkins a diesel e ganhou novas opções de configuração, incluindo versões 6×2. Nos anos 1980, a Volkswagen usou o motor V8 Dodge para criar caminhões a álcool, como o E-13 (9,6 toneladas) e o E-21 (6×4).
Em 1982 surgiu o D-1400 TD, com motor MWM de 128 cv, mas a marca já perdia espaço. Em 1984 os modelos a álcool e diesel foram atualizados, mas a produção terminou ainda naquele ano, encerrando a história dos caminhões Dodge no Brasil.
Ao todo, cerca de 235 mil veículos Chrysler foram produzidos no país — e quase um terço eram comerciais (picapes e caminhões Dodge).
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