Motores aspirados não foram abandonados e seguem evoluindo

As normas de emissões estão cada vez mais apertadas, mas as montadoras seguem conseguindo extrair o máximo dos motores

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O 1.5 da Honda evoluiu para ficar parelho aos 1.0 turbo (Foto: Honda | Divulgação)
Por Eduardo Rodrigues
Publicado em 18/09/2025 às 06h00

A chegada do downsizing, nome dado a motores pequenos turbinados feitos para substituir unidades maiores, não decretou o fim da aspiração natural. Algumas marcas ainda investem nesse tipo de propulsor.

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As japonesas são as que lideram nisso, principalmente para usar junto de sistemas híbridos. Toyota, Honda e Nissan lançaram motores aspirados novos ou atualizaram eles para ficarem mais eficientes nos últimos anos aqui no Brasil, mas existem exemplos vindos de outros países também.

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O fato é que não existe uma fórmula única na hora de buscar a maior eficiência energética. Vamos mostrar a seguir quais são as evoluções mais recentes dos motores aspirados e seus usos.

Injeção direta

Toyota Corolla GR Sport 2025 branco frente parado
A Toyota combina os dois tipos de injeção (Foto: Toyota | Divulgação)

A onda do downsizing foi marcada por motores turbinados e com injeção direta. Apenas algumas exceções, como o motor do Chevrolet Onix e o 1.5 turbo da Caoa Chery seguiram com a injeção multiponto.

A Honda e a Nissan adotaram a injeção direta em seus motores aspirados. Essa solução permite um controle mais preciso do que é injetado no motor e também utiliza pressão mais alta.

Isso ajuda a reduzir o consumo pois é possível trabalhar com mistura mais pobre. Porém há a desvantagem de não ter o combustível limpando as válvulas.

A Toyota combina a injeção direta com a multiponto no duto de admissão, o que resolve essa questão. Essa solução também ajuda em altas rotações ou em situações onde o motor é mais exigido.

Taxa de compressão elevada

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A Mazda utiliza taxa de 18:1 em um motor, que pode trabalhar em ciclo diesel (Foto: Mazda | Divulgação)

Antigamente os motores usavam taxa de compressão mais baixa devido a limitação na qualidade do combustível e ao uso de materiais mais simples nos motores. Hoje os motores utilizam materiais mais resistentes e possuem maior precisão na construção, sem contar que até mesmo a gasolina comum possui octanagem mais alta.

Por isso, vemos nos últimos anos um crescimento na taxa de compressão. Esse termo é usado para designar o quanto que a mistura ar/combustível será comprimida pelo pistão.

Quanto maior, melhor será a eficiência térmica, mas em valores extremos pode ocorrer batida de pino e detonação. Até meados dos anos 2000, a taxa de compressão rondava entre 9:1 e 10,5:1. Com os motores flex ela subiu para para uma média de 11,5:1, podendo variar dependendo do fabricante.

O novo motor 2.0 aspirado da Toyota, que estreou com o Corolla atual em 2019, utiliza taxa de compressão de 13:1. Como o etanol possui efeito antidetonante, essa taxa maior “conversa” melhor com nossa gasolina comum. Em outros países exigem gasolina premium para motores de alta compressão.

Fora do Brasil existe a Mazda trabalhando com taxas que podem chegar a 18:1 em motores aspirados. Em algumas situações ele trabalha no ciclo diesel, com o combustível sendo detonado por compressão sem o uso das velas.

Ciclos alternativos

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O 2.0 do Nissan Sentra trabalha em ciclo Atkinson, por isso bebe pouco (Foto: Nissan | Divulgação)

Motores aspirados trabalhando em ciclo Atkinson costumam ser mais usados em modelos híbridos. Esse funcionamento é mais eficiente na hora de queimar o combustível, mas possui o lado negativo de gerar menos potência.

A Nissan é a única marca que vende um carro que trabalha no ciclo Atkinson sem ser híbrido, com o 2.0 do Sentra. Essa versão mais recente também possui injeção direta.

O seu ciclo Atkinson é mais brando, resultando em potência de 151 cv e torque de 20 kgfm. Mesmo sendo um 2.0 puxando um sedã médio de 1.400 kg, ele possui médias de consumo surpreendentes.

Variação nos comandos de válvulas

Quando os motores multiválvulas começaram a ser vendidos no Brasil, nos anos 90, foram criticados por renderem apenas em altas rotações. O brasileiro gosta de resposta boa em baixa, para não ter que esticar as marchas.

O comando de válvulas variável apareceu para remediar isso. O Toyota Corolla, por exemplo, conta com o recurso desde a geração lançada em 2003 e muitos compradores nem sabiam que era um motor 16 válvulas.

Existem dois tipos de comandos variáveis: o variador de fase, que muda o tempo de abertura das válvulas (como o VVTi da Toyota), e o que alterna a amplitude da abertura das válvulas (VTEC da Honda).

O motor 1.5 aspirado atual da Honda, usado no City e no HR-V, combina os dois tipos de variadores. Por isso, ele consegue boa elasticidade e consumo baixo.

Carros híbridos ainda usam muito os motores aspirados

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O turbo ainda é minoria nos carros híbridos (Foto: BYD | Divulgação)

Os carros híbridos demandam menos dos motores a combustão, já que ele trabalha em conjunto com o elétrico. Por isso, a solução mais comum é um motor aspirado trabalhando em ciclo Atkinson, mas temos modelos eletrificados turbinados em nosso mercado.

A BYD, por exemplo, utiliza um 1.5 aspirado em seus híbridos plug-in. Mesmo nos modos de condução onde as duas propulsões são combinadas, o motor a gasolina trabalha mais como gerador de energia para as baterias que tracionando.

Já a Horse, joint-venture entre a Renault e a Geely para produzir motors, aposta em um 1.6 aspirado para os híbridos plenos. A empresa apresentou em 2025 um conjunto mais recente que utiliza um 1.8 aspirado também.

A vantagem do motor aspirado em um híbrido é ser menos complexo. Como trabalha mais em uma faixa ideal de rotações, por ser complementado pelo motor elétrico, ele não precisa ter respostas tão rápidas e pode focar mais na eficiência.

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