Conheça 5 motores fabricados no Brasil apenas para exportação
As montadoras investem em grandes fábricas por aqui com intenção de enviar os carros prontos ou apenas componentes para outros lugares
As montadoras investem em grandes fábricas por aqui com intenção de enviar os carros prontos ou apenas componentes para outros lugares
O carro é uma máquina complexa, com suas peças vindo de várias partes do globo. Nem todos os carros fabricados no Brasil possuem seus motores feitos por aqui, o 1.2 que a Peugeot usava no 208 vinha da França, por exemplo.
O oposto também ocorre: as montadoras produzem motores no Brasil com destino para a exportação. Muitos deles são variações de propulsores já usados em carros nacionais. Listamos cinco exemplos a seguir.
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Em 1974 a Ford começou a produzir no Brasil um moderno motor 2.3 de quatro cilindros com comando no cabeçote. De início foi usado pelo Maverick nacional, mais tarde chegou ao Jeep CJ5 e Rural.
A fábrica de motores localizada em Taubaté (SP) não ficou apenas no 2.3, ela também fazia uma versão 2.0 para exportação. Nos anos 80 veio a variação mais importante: um 2.3 turbo.
Esse motor foi exportado para os EUA, para ser usado no Mustang SVO, Thunderbird Turbo Coupe e Merkur XR4Ti. Ele teve versões de 177 a 208 cv, sempre oferecendo desempenho superior ao do V8 5.0 da época.
O nosso Chevrolet Monza era fruto do projeto “Carro J” da General Motors, seu carro global. Nos EUA ele foi vendido por todas as divisões da GM, exceto a GMC, usando um motor de quatro cilindros com comando no bloco diferente do Família 2 adotado no resto do mundo.
As versões do Carro J vendidas pelas divisões intermediárias Pontiac, Oldsmobile e Buick ofereciam como opcional o motor Família 2. Na publicidade da época esse motor era considerado mais “europeu” e fornecia melhor desempenho.
O Família 2 1.8 e 2.0 utilizado nesses carros era exportado do Brasil, saindo da mesma linha de montagem que os motores usados nos nossos Monza. Porém existia um diferencial: já usavam injeção eletrônica desde o início, em 1982.
Em 1984 o motor Família feito no Brasil para exportação ganhou uma versão turbinada, que rendia 152 cv. Em 1987 os Carros J passaram a adotar o 2.0 brasileiro, que na versão turbo rendia 167 cv.
A partir de 1989 o motor brasileiro foi trocado em favor de outro quatro cilindros com comando no cabeçote, o Quad4 desenvolvido pela Oldsmobile. Os EUA voltou a usar o Família 2 mais tarde com o nome EcoTec e cabeçote de 16v, porém ele não vinha do Brasil.
No final dos anos 90 a Rover buscava modernizar sua linha e a Chrysler queria expandir sua presença na Europa. Elas se uniram em uma joint-venture para produzir um motor de quatro cilindros novo, que seria usado em carros compactos.
Assim nasceu a Tritec, com fábrica em Campo Largo (PR). O motor existia em versões 1.4 e 1.6, com 16 válvulas e comando único no cabeçote tocado por corrente. Seu projeto era bem parecido com o do motor usado pelo Chrysler Neon, porém em escala reduzida.
Com a BMW comprando a Rover, o motor Tritec foi parar no primeiro Mini da era moderna. Essa geração nunca veio ao Brasil oficialmente, assim como as versões 1.6 dos Chrysler Neon e PT Cruiser.
Em 2008 a Fiat comprou a fábrica da Tritec em Campo Largo. A engenharia brasileira da montadora italiana realizou uma série de mudanças nesse motor e criou uma versão 1.8. Assim nasceu o E.torQ.
As versões 1.4 e 1.6 com supercharger saíram de cena. Mas os 1.6 e 1.8 aspirados serviram para substituir o 1.8 da Chevrolet que era usado em alguns modelos, dando mais desempenho para os derivados do Palio e Punto.
Já no Jeep Renegade e na Fiat toro o 1.8 ficou subdimensionado, situação que só foi revertida com a adoção do 1.3 turbo. No início de 2023 a Fiat fechou a fábrica de Campo Largo, que ainda fazia o E.torQ para reposição.
No final dos anos 80 a Volkswagen queria lançar um carro abaixo do Golf nos EUA, para competir com modelos asiáticos e o iugoslavo Yugo. No lugar de trazer o Polo, ela preferiu levar a dupla brasileira Voyage e Parati, levando o nome Fox.
Eles receberam diversas modificações para se enquadrar à legislação dos EUA e também atender às demandas locais. Uma delas foi usar injeção eletrônica no motor AP 1.8, algo que nunca ocorreu na família Gol de primeira geração.
O motor de exportação também recebia catalisador, para atender às normas de emissões mais estritas. Por isso sua potência era de 82 cv, valor menor que os 96 cv do AP carburado do Voyage nacional.
A Renault começou a produzir motores no Brasil em dezembro de 1999, praticamente junto do início da produção de automóveis. A planta de São José dos Pinhais (PR) começou pelo 1.6 16v, que era usado pela Scenic.
Com a chegada do Clio, foi nacionalizado o motor Tipo D. Porém não fizeram apenas o 1.0 dessa família por aqui, também produziram no Brasil o 1.2 16v de 75 cv que era usado na Argentina e outros países vizinhos no compacto francês.
O nosso 1.0 existia devido a nossa legislação, que concede impostos menores para esse deslocamento. O 1.2 possuía a vantagem de ter mais torque: 10,7 kgfm contra os 9,6 kgfm do 1.0. Em ambos o pico era em 4.250 rpm.
Essa diferença acabou quando o Clio Brasileiro virou flex, o nosso 1.0 16v ficou mais forte e empatou no torque: 80 cv e 10,5 kgfm. O motor 1.2 16v seguiu sendo fabricado no Brasil para exportação até o fim do Clio, o Sandero só recebeu o 1.6 por lá.
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Se não me falha a memória os Voyage e Parati dos EUA não eram injeção eletrônica e sim injeção mecânica.