5 motores feitos em parceria: quando montadoras se unem sob o capô
Desenvolver motores novos exige investimentos milionários, por isso as montadoras formam parcerias para viabilizar os projetos
Desenvolver motores novos exige investimentos milionários, por isso as montadoras formam parcerias para viabilizar os projetos
A Renault e a chinesa Geely anunciaram uma parceria para desenvolver motores a combustão novos, com alta eficiência. Ajudando a financiar está a Aramco, gigante saudita do petróleo que detém a segunda maior reserva do óleo no mundo.
Apesar de alguns países estarem com planos de banir os carros à combustão, ainda existe espaço para esse tipo de motor. Principalmente utilizando combustíveis renováveis, como o etanol e as gasolinas sintéticas que estão em desenvolvimento.
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Voltando a parceria, esse tipo de desenvolvimento em conjunto de motores é uma prática comum. Isso se deve ao alto custo de criar um propulsor novo, já que ele precisa ser usado em diferentes carros. Listamos cinco dessas parcerias.
Antes de ser uma marca independente, a Mini pertencia à Rover. Essa marca britânica havia uma parceria com a Chrysler para desenvolver um novo motor compacto, para substituir a unidade antiga. Assim nasceu o Tritec, com uma fábrica em Campo Largo (PR), aqui no Brasil.
A BMW comprou a Rover e lançou o Mini com uma marca separada, usando esse motor Tritec em versões 1.4 e 1.6. Apesar de ser uma parceria, o propulsor foi projetado em sua maior parte pela Chrysler. O projeto inclusive parecia uma miniatura do motor usado pelo Neon.
Sua construção era simples, trazendo bloco em ferro fundido, cabeçote em alumínio, 16 válvulas acionada por comando simples. A BMW chegou já com o projeto avançado e fez criticas ao motor, mas o manteve no Mini até a chegada da segunda geração em 2008.
Em 2010, a Fiat comprou a fábrica da Tritec, atualizou o motor e criou uma versão 1.8. O motor foi rebatizado de E.Torq e veio para substituir o 1.8 8 válvulas da General Motors. A fábrica paranaense foi fechada de vez em 2022, junto da aposentadoria desse projeto.
A segunda geração do Mini também trouxe um motor fruto de parceria sob o capô: o Prince. No Brasil conhecemos esse motor como THP, pois esse é o nome que a francesa PSA dá para a versão turbinada em seus carros.
Assim como o Tritec, o Prince tem versões 1.4 e 1.6, mas dessa vez com bloco em alumínio e duplo comando de válvulas. As versões aspiradas substituíram na Europa os antigos 1.4 e 1.6 da PSA, que tiveram sobrevida no Brasil e na Argentina.
A BMW usou as versões aspiradas do Prince no Mini, as turbinadas também foram usadas pelo compacto e nas séries 1, 2 e 3. A variante alemã se difere do THP por trazer o comando de válvulas variável Valvetronic. Hoje a PSA é a única que usa o propulsor.
Motores 2.0 de quatro cilindros foram os mais importantes para os fabricantes a nível global. Nos EUA é comum ser motor de entrada, em outros mercados é uma opção intermediária ou de topo. Ou seja, precisa conciliar desempenho, com eficiência e durabilidade.
Nos anos 2000, a Hyundai estava com um plano de crescer mundialmente, a Chrysler tentava fazer carros médios e a Mitsubishi precisava de um motor novo. As três empresas juntaram os interesses e criaram a Global Engine Alliance, para criar motores em conjunto.
O fruto disso foi um propulsor com versões 1.8, 2.0 e 2.4. De início as três marcas estavam alinhadas, mas com o tempo cada uma seguiu seu caminho nas melhorias. Hoje o 2.0 Tigershark usado pelo Jeep Compass até 2021 é bastante diferente do 2.0 Theta que a Hyundai usa no IX35.
A Chrysler foi a primeira a aposentar seu motor da parceria Global Engine Alliance, o Tigershark saiu de linha nos EUA agora em 2023 com a chegada do 2.0 turbo no Jeep Compass. O Theta continua sendo feito em versões turbinadas e o 4B1 da Mitsubishi segue sendo feito como 2.0 e 2.4 aspirado.
A Daimler contribuiu com a aliança entre Renault, Nissan e Mitsubishi. E nesse processo houveram alguns intercâmbios. O motor 1.3 turbo, que é usado aqui por Duster, Captur e Oroch, foi um dos frutos dessa parceria.
A base foi o bloco do motor HR da Nissan, que engloba os 1.0 e 1.6 usados por March, Versa, Logan e Sandero. A Mercedes-Benz contribuiu projetando o cabeçote e o sistema de indução forçada. Lá fora existem diferentes opções de potência para esse 1.3 turbo, de 116 a 159 cv. Aqui ele rende ainda mais graças ao etanol: 170 cv.
O motor 1.0 turbo de três cilindros que está cotado para estrear aqui com um SUV inédito da Renault também faz parte desse intercâmbio. Na Mercedes o 1.3 turbo se chama M282 e tem desativação de cilindros para ficar mais eficiente.
Tivemos no Brasil alguns sedãs executivos europeus com motor V6, como o Peugeot 406, Citroën C5, Ford Mondeo, Volkswagen Passat e Renault Laguna. Em suas terras natais, essas versões com seis cilindros eram de nicho, o volume era feito por motores de quatro cilindros.
Por isso, o investimento de desenvolver um motor V6 para vender pouco nem sempre era justificado. A Renault e a Peugeot haviam iniciado uma parceria para fazer motores em 1966, que mais tarde teria a chegada da Volvo. Com as três unidas foi criado um motor V6, com planejamento para ter também um V8.
O nome PRV significa Peugeot, Renault e Volvo. Esse V6 chegou ao mercado em 1974 e tinha concepção moderna para a época: bloco em alumínio e comando de válvulas no cabeçote. O ângulo entre as bancadas é de 90°, mostrando a provisão para o V8 que nunca saiu do papel.
Graças a esse V6, a Peugeot e a Volvo conseguiram melhorar suas vendas nos EUA. A Renault nunca deslanchou por lá, mas a Chrysler usou esse propulsor devido a compra do projeto de um sedã desenvolvido pela francesa.
O uso mais famoso do V6 PRV foi no DeLorean DMC 12, o carro do filme “De Volta Para o Futuro”. Esse motor criado em parceria nunca brilhou pelo desempenho, o que ficou bastante evidente no esportivo. Quem tirou grande potência desse propulsor foi a Renault, que criou variantes turbinadas de até 262 cv.
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Boris trocou o estagiário?
Se uma marca produz algo, como motores, ela é fabricante, não montadora;
A Mini nunca foi independente, foi vendida pela Rover para a BMW após o colapso das marcas inglesas.
A matéria está boa, como sempre, mas, por favor, corrigir a frase:
(…) Nissan e Mitsubishi. E nesse processo houveram alguns intercâmbios. O motor 1.3 turbo, que é usado aqui por (…)
(…) Nissan e Mitsubishi. E nesse processo houve alguns intercâmbios. O motor 1.3 turbo, que é usado aqui por (…)
Faltou incluir na lista (embora tenham comentado de passagem) o Família 1 da GM que foi usado pela FIAT, inexplicavelmente, já que o Torque 1.6, estava lá na Argentina para ser usado.
Rogério, vc mesmo respondeu a sua pergunta. Não foi inexplicavelmente o uso do Familia I, pois era feito aqui, trazê-lo da Argentina gera divisas o que vai ocasionar em impostos ou compensações de alguma forma, ou até mesmo uma variação cambial. Muito mais fácil usar o motor feito na esquina, mesmo sendo menos avançado (gastava horrores e não redia tanto assim, mas é muito resistente).