Semelhança nos preconceitos se convergem; em contrapartida a adesão às motos parece maior se compara aos carros
Não é de hoje que o mercado brasileiro de carros, mais especificamente o consumidor final, teme a “invasão chinesa”. Desde 2009, com a chegada da Chery, o cidadão tenta entender e confiar nos produtos orientais que sempre foram sinônimo de baixa qualidade. Essa posição do brasileiro tem mudado, afinal aumentou-se a adesão a marcas ainda mais recentes como a BYD.
No universo das motocicletas isso não é diferente, porém o país “ameaçador” é outro: a Índia.
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Mais ou menos como nos carros, as motos indianas chegaram em massa no Brasil há cerca de 15 anos, mais especificamente em 2011, quando a Dafra remarcou por aqui a Apache RTR 150. A originalmente indiana TVS, chegou com o logo da brasileira, chamando-se Dafra Apache RTR 150.
Em 2017 a Royal Enfield veio com seus primeiros modelos e em 2022 a Bajaj chegou. Hoje essas duas conterrâneas indianas já são as 6ª e 7ª (respectivamente) marcas que mais emplacaram no segmento de duas rodas nacional.
Em crescimento exponencial, essas indianas representam para o consumidor a entrega de um equipamento mais robusto em troca de preços mais acessíveis. Claro que isto é pensando em uma perspectiva positiva, porém pelo lado negativo elas se traduzem assim como os carros chineses.
No imaginário popular, qualidade continua sendo japonesa, europeia ou estadunidense e tanto os carros chineses quanto as motos indianas são sinônimo de uma engenharia mais mal acabada.
Os carros chineses expressam beleza e tecnologia, mas são questionados quanto aos seus sistemas elétricos (comum em muitos oriundos do país) que são novidade e ainda motivos de dúvidas aos consumidores.
Outro ponto está na importação. As primeiras remessas da BYD, por exemplo, vieram de fora e peças de reposição ficaram escassas na época da eclosão de vendas. A nacionalização ainda chega, mas as marcas se adaptam ao mercado tropical.

Para as motos o cenário positivo de preços bem acessíveis é travestido de conjunto completo sem tecnologia. As motos mais simples dessas fabricantes muitas vezes superam as concorrentes japonesas, portando motor maior, freios ABS e disco nas duas rodas, painel digital e suspensão invertida (um pacote mínimo para chamar uma moto de “completinha”), porém ainda sem tecnologia quando se sobe o patamar. As concorrentes maiores já vêm com controle de tração, painéis mais completos, motores multicilindricos, conforto e ciclística condizente à alta potência.
Um grande exemplo disso é a Bajaj Dominar D 400, uma campeã de vendas que custa, na loja, praticamente o mesmo que uma 150 ou 160 japonesa, e também é mais tecnológica. Porém a história muda quando ela é comparada com uma Yamaha MT-03 ou até mesmo a Honda NX 500.
Apesar dos pesares, o mercado de motos parece estar mais aberto do que o de carros. O público que critica os chineses segue bem mais concervador que os das motos.
Hoje, em fóruns e comentários nas redes sociais as motos indianas não tem representado todo aquele temor que já foram um dia.
É claro que a resistência é o sinônimo de inferioridade prevalece, mas já é possível encontrar proprietários orgulhosos de sua indiana.
Prova disso talvez seja o prêmio de Moto do Ano 2026, eleito pela Revista duas rodas neste fim de 2025. Neles as indianas Royal Enfield e Bajaj venceram categorias com novos modelos. A Royal ganhou na categoria Naked até 500 cm³, com a Gerrilla 450, e a Bajaj na categoria Street até 250 cm³. com a Dominar NS200.
Será que o jogo está virando no mundo das duas rodas?
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