Número de mulheres na indústria automotiva cresce, mas ainda é ínfimo

Levantamento realizado pela OLX indica que a força de trabalho feminina no setor automobilístico passou de 16,8%, em 2011, para 19,4%

mulher funcionaria nissan de branco ao lado de carro na linha de montagem
As mulheres representam 21% da força de trabalho da Nissan do Brasil (Foto: Nissan | Divulgação)
Por Laurie Andrade
Publicado em 08/03/2023 às 13h58
Atualizado em 08/03/2023 às 15h32

A Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu formalmente, em 1977, o Dia Internacional da Mulher. Desde então, 8 de março é a data escolhida para refletir questões de igualdade de gênero. É o que faremos nesta reportagem, que evidencia o pequeno crescimento da participação das mulheres na indústria automobilística brasileira.

De acordo com o Data OLX Autos, reunindo informações da plataforma e de dados mais recentes do mercado de trabalho formal (RAIS – Relação Anual de Informações Sociais), as mulheres representavam, em 2021, 19,4% da força de trabalho nas montadoras do país, contra 16,8% em 2011 – um crescimento de quase três pontos percentuais.

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A pesquisa também aponta um pequeno aumento da participação das mulheres nos empregos formais do setor de comércio de automóveis, indo de 22,6% em 2011 para 23,1% em 2021.

Apesar da participação feminina no comércio de automóveis ser maior do que na indústria automotiva, há uma grande diferença quando se compara com o setor de comércio como um todo, em que as mulheres respondem por 44,1% das pessoas empregadas”, comenta Mariana Wik Atique, economista do Data OLX Autos.

O relatório traz ainda que em 2021 o setor automotivo brasileiro contratou diretamente cerca de 1 milhão e 400 mil pessoas, sendo 425 mil na indústria e 950 mil na comercialização de veículos, peças e acessórios e na manutenção e reparação dos mesmos.

Segundo a análise do Data OLX Autos, ao longo dos últimos 10 anos, a evolução do número de empregados na indústria automotiva esteve de acordo com a trajetória da produção do setor.

Mesmo com a baixa participação feminina no mercado de trabalho formal do setor automotivo brasileiro, vimos que uma redução geral da quantidade de postos de trabalho no passado recente esteve acompanhada de um aumento da participação feminina, sinalizando que as mulheres foram relativamente menos afetadas por essa redução geral”, afirma Mariana.

Embora seja observado um pequeno avanço no setor, a presença feminina nesse segmento ainda é abaixo da média na indústria de transformação como um todo. Em 2021, ela apresentava, no Brasil, 30,2% de sua força de trabalho composta por mulheres.

Ainda segundo dados reunidos pelo estudo, o setor industrial com maior participação feminina é o de Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios, com 72,4% de presença, enquanto o setor com maior desigualdade de gênero é o de Metalurgia, com somente 11,4% de mulheres.

Presença das mulheres varia nos estados brasileiros

O Brasil é um país numeroso no que se refere a extensão e população. Não surpreende que tenhamos realidades diferentes da presença das mulheres na indústria automotiva de cada estado do país.

A pesquisa da OLX aponta Sergipe como o estado brasileiro líder em presença feminina na área industrial automotiva (51,2%) e o Amazonas com o maior percentual de trabalhadoras no comércio de autos (28,7%).

Confira os estados com maior presença feminina na indústria e comércio automotivo:

Indústria

  1. Sergipe (51,2%)
  2. Santa Catarina (27,9%)
  3. Amazonas (27,8%)
  4. Minas Gerais (24,4%)
  5. Pernambuco (20,2%)

Comércio

  1. Amazonas (28,7%)
  2. Pará (27%)
  3. Roraima (26,8%)
  4. Acre (26,2%)
  5. Minas Gerais (25%)

A análise por estados indica que há diferenças regionais na desigualdade de gênero no setor. O estado de Sergipe surpreende com mulheres representando mais da metade dos empregados formais na indústria automotiva do estado.

Esforços internacionais

A busca pela igualdade de gênero e empoderamento feminino faz parte dos chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas.

“Em um levantamento recente publicado na revista Sustainability por pesquisadores da University of Zadar, na Croácia, pudemos ver que dentre cinco grandes companhias dessa indústria (Toyota, Mercedes Benz, BMW, Honda e Hyundai), quatro tiveram estratégias ativas voltadas à igualdade de gênero em seus relatórios de sustentabilidade de 2020”.

cinco mulheres funcionarias da nissan de uniforme em frente a um kicks azul
Em 2021 a Nissan América do Sul assinou os Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEP’s) da ONU Mulheres e o Pacto Global das Nações Unidas (Foto: Nissan | Divulgação)

Em 2021 a Nissan América do Sul assinou os Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEP’s) da ONU Mulheres e o Pacto Global das Nações Unidas.

Atualmente as mulheres representam 21% da força de trabalho da Nissan do Brasil. No Complexo Industrial da Nissan em Resende, no Sul Fluminense, elas representam 15% dos funcionários. Já nos escritórios, correspondem a 35% do total de colaboradores.

A Stellantis assumiu o compromisso de chegar a 30% dos cargos de liderança ocupados por mulheres até 2025. Em 2022, mais de 40% das contratações nas plantas da região foram de mulheres. A proposta é aumentar este número para 50% neste ano, fazendo com que as admissões tenham igual número entre gêneros.

“Hoje temos 4.340 mulheres na Stellantis da América do Sul, 18,1% da nossa população total, representando 15,6% das nossas posições de produção e 25,6% das posições de staff e liderança em nossos times do Brasil, Argentina e Chile”, afirma o presidente da Stellantis para a América Latina, Antonio Filosa.

As mulheres das unidades da América do Sul representam, ainda, 26% dos trabalhadores administrativos e 15% da força de trabalho ligada à produção. Na comparação com os dados globais, as unidades sul-americanas estão acima da média mundial da presença feminina nas áreas administrativas, de gestão e liderança, que é de 24%. Já na produção, a média global é 19%, ou seja, para cada cinco trabalhadores nas fábricas, há uma mulher empregada.

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