Multilink, plataforma, turbo, injeção direta… Quem se importa?
A evolução técnica é, claro, muito necessária e bem-vinda, mas será que as pessoas estão dispostas a pagar por isso? Ou entendem a importância?
A evolução técnica é, claro, muito necessária e bem-vinda, mas será que as pessoas estão dispostas a pagar por isso? Ou entendem a importância?
Um dos assuntos quentes no segmento automotivo foi o “empobrecimento” do Polo 2023. Além do motor com menor entrega de potência e torque, muitos leitores reclamaram de que o hatch perdeu os freios a disco na traseira.
Vai fazer falta? Para a maioria dos consumidores não. A verdade é que alguns entusiastas – e jornalistas – exigem freio a disco nas quatro, supensão independente nas quatro rodas com multilink na traseira, entre outros refinamentos, mas na vida real, as pessoas querem carro bonito, com preço que caiba no bolso e manutenção simples. Até por isso qualquer inovação, muitas vezes, é rechaçada sob os brados de “é só pra deixar o carro mais caro”!
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Quer um exemplo claro? O Chevrolet Onix chegou ao mercado com freio traseiro a tambor e sem injeção direta de combustível. Resultado: dominou o ranking de mais vendidos do Brasil enquanto a produção atendia a demanda.
“Ah, mas é carro é de entrada”, um dos meus três leitores faz a ressalva. E eu respondo: o que falar do Toyota Corolla Cross? A montadora japonesa simplesmente tirou a suspensão traseira multilink do Corolla (o sedã) e colocou uma barra de torção – fora o freio de estacionamento no pedal. E o carro tá vendendo pra chuchu…
Eu lembro quando o Ford Focus chegou ao mercado com suspensão multilink na traseira, uma dirigibilidade afiadíssima, uma delícia de carro, elogiadíssimo pelos jornalistas… Um fracasso nas venda! A VW e a Audi, quando nacionalizaram Golf e A3, também simplificaram mecanicamente seus carros.
A bola da vez é o turbo: muitas vezes, um carro recém-lançado que chega ao mercado com motor de aspiração natural é criticado por nós jornalistas e alguns consumidores. Mas vamos ser objetivos: atende as normas de emissão? Entrega um desempenho legal? Então por que não? E confesso a vocês: eu curto mais um carrinho com motor aspirado. Entrega de torque mais progressivo, mais suave. E vale dizer que um propulsor desses, muitas vezes, tem mais tecnologia do que um turbo.
E a plataforma? Ah… Tão falada e pouquíssimo vista. Meu pai não faz a menor ideia do que isso significa. Ele quer sentar, ligar o carro e se sentir bem dentro dele. Claro que a soma de aspectos técnicos mais sofisticados tornam um carro mais agradável de dirigir – mas também não é garantia de nada.
Estou aqui fazendo uma ode à simplficação dos carros? Não. Carros com suspensão multilink e plataformas modernas com aços de alta resistência, por exemplo, são mais seguros. Mas a maioria dos consumidores realmente não liga para isso. E as montadoras sabem muito bem disso.
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Só discordo totalmente da “entrega de torque mais progressivo, mais suave”. Faça uma ultrapassagem passando apuros então. A não ser que esteja indo “buscar remédio para sogra” e já aposentado, sem pressa para nada.
Parabéns! Mais um ótimo artigo, com excelente visão da nossa realidade de mercado e do consumidor brasileiro. Lá no primeiro mundo a segurança, recursos técnicos e boa dirigibilidade contam.