Como GTA 6 pode trazer boas músicas de volta para os jogos de corrida
O novo modelo da indústria de jogos parece ter colocado as músicas de lado, porém o aguardado GTA 6 pode mexer nisso
O novo modelo da indústria de jogos parece ter colocado as músicas de lado, porém o aguardado GTA 6 pode mexer nisso
O primeiro trailer do GTA 6 me pegou de surpresa enquanto me arrumava para participar de um jantar após o lançamento da Ford Ranger Raptor. Já era esperado ver gráficos avançados e melhorias técnicas, mas o que realmente chamou minha atenção foi terem usado uma música de Tom Petty como trilha sonora.
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Dias depois aparece como sugestão em uma rede social a notícia de que a reprodução da música Love Is a Long Road, que está presente no trailer, subiu em 36,979% no Spotify. Fenômeno similar ao sucesso de músicas do Metallica e de Kate Bush após a última temporada de Stranger Things.
Isso só prova como músicas boas são atemporais. Mesmo os mais jovens, com seus gostos voltados para a cultura pop atual, pode sim se interessar pelos clássicos. Só é preciso que sejam introduzidos.
Os jogos da franquia GTA sempre tiveram trilha sonora bem selecionada. As rádios fictícias servem para ajudar a ambientar o jogador ao local e a época onde o game está estabelecido. Mas essa é uma arte que parece estar se perdendo, GTA 6 pode ser uma salvação.
A partir dos anos 90 as músicas licenciadas se tornaram parte dos jogos de videogame, o processador de som poderoso (para a época) do primeiro Playstation permitiu esse avanço. Os jogos de corrida foram grandes beneficiados.
Quem não se lembra de ouvir Stone Temple Pilots em Gran Turismo 2? Ou Rush em Need For Speed Hot Pursuit 2? As trilhas sonoras de jogos de corrida e de GTA (com ajuda dos jogos de skate), ajudaram a moldar o gosto musical deste humilde repórter.
Os lançamentos anuais da franquia Need For Speed até 2012 sempre estavam com uma trilha que encapsulava a MTV da época. Já o GTA trazia uma variedade de clássicos, pois Vice City e San Andreas eram ambientados nas décadas de 80 e 90 respectivamente.
Nos últimos anos notei uma queda de qualidade nas trilhas sonoras de jogos. Não vou entrar no mérito dos artistas escolhidos, por ser uma questão de gosto, mas parece que essa questão deixou de ser uma prioridade.
Os jogos de corrida foram os mais prejudicados: Gran Turismo Sport e Gran Turismo 7 repetem muitas músicas de rock japonês e incluem meia dúzia de artistas que estão no topo atualmente. Já Forza Motorsport fica apenas em trilhas originais orquestradas.
Um jogo de corrida que teve sua trilha sonora como alvo de polêmica foi Need For Speed Unbound. Nessa série sempre houve uma variedade de estilos, porém no último jogo é uma mistura de trap, rap e eletrônica.
No jogo anterior, Heat, havia uma seleção similar, porém com músicas latinas para combinar com a ambientação. Mas se me perguntarem de alguma música do jogo, vou lembrar apenas da Gloria Groove por ser brasileira.
Nos jogos de mundo aberto que vieram para competir com GTA a preocupação com a música parece ser menor. Em Watch Dogs a trilha parece ser um compilado aleatório de música (que inclui Daniela Mercury no segundo jogo). A surpresa ficou com Cyberpunk 2077, que possui diversas rádios com músicas originais feitas para o cenário futurista.
A explicação para as músicas estarem ficando de lado pode estar na própria forma em que a indústria de jogos funciona hoje. Tudo está virando serviço e recebendo atualizações para que os jogadores sigam gastando dinheiro.
Para incluir uma música é preciso pagar pelos direitos de uso, que por sua vez têm uma limitação de tempo. Em 2018, por exemplo, a Rockstar Games retirou algumas músicas de GTA IV através de uma atualização pois a licença expirou.
Deixar artistas famosos de fora ou não incluir músicas licenciadas reduzem um gasto para a produtora e garantem que não precisarão realizar alterações futuramente. Ou deixar de vender o jogo em plataformas online, Driver San Francisco não pode ser mais adquirido pois a Ubisoft não quis renovar esses direitos.
O trailer do GTA 6 ao som de Tom Petty foi um sopro de esperança. Demonstra que a Rockstar segue caprichando nas músicas e deve montar rádios com bons repertórios. A ambientação em uma Flórida fictícia pode indicar rock sulista, músicas cubanas e blues na trilha. Talvez até umas músicas brasileiras para representar os imigrantes.
Só espero que outras produtoras sigam o exemplo e voltem a dar a devida atenção a isso. Por mais que os jogos de corrida modernos façam boas simulações dos roncos dos motores, a trilha sonora também tem o seu valor.
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