Chinesa Neta entra oficialmente em processo de falência

Emissora oficial da China confirmou processo de recuperação judicial após a cobrança de dívida milionária de credor

Neta GT azul trseira em movimento
Modelos ainda estão sendo comercializados no site brasileiro da fabricante (Foto: Neta | Divulgação)
Por Lucas Silvério
Publicado em 25/06/2025 às 06h00

A Zhejiang Hozon New Energy Automobile, responsável pela marca chinesa de veículos elétricos Neta, entrou oficialmente com pedido de falência na China, segundo confirmou à emissora estatal CCTV, na última sexta-feira (21).

A informação, inicialmente divulgada pela Reuters, tem como base registros da plataforma nacional de divulgação de falências corporativas da China. O processo foi iniciado após a ação de um credor, que cobra uma dívida de 5,3 milhões de yuans — pouco mais de R$ 4 milhões. No total, a empresa acumula um passivo de cerca de US$ 1,4 bilhão.

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A crise da Neta, no entanto, não é recente. De acordo com reportagens da Autoesporte, Quatro Rodas e AutoPapo, a companhia atravessa uma grave turbulência desde meados de 2024, marcada por cortes de até 75% nos salários, paralisação na produção, mais de 400 ações judiciais, além de cerca de 90 processos de execução.

A produção de veículos da marca na China está paralisada desde fevereiro de 2025, quando apenas 740 unidades foram fabricadas — uma queda de 98% nas vendas.

A debandada de funcionários também é visível. Trabalhadores protestaram nas ruas após atrasos salariais e fornecedores alegam calote. A Reuters ainda afirmou que diversas concessionárias da marca em território chinês foram fechadas, e o mesmo movimento se repete no Brasil.

Breve e conturbada passagem da Neta pelo Brasil

A operação brasileira da Neta durou menos de um ano. A marca foi apresentada no Festival Interlagos em julho de 2024, anunciou seus preços em agosto e só iniciou as vendas em janeiro de 2025. Com produtos de apelo competitivo — o hatch Aya e o SUV X —, a marca pretendia conquistar espaço entre os elétricos de entrada.

Contudo, os números de emplacamentos foram irrisórios: apenas 51 unidades até maio, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

MARCA CHINESA NETA
NETA QUER SEGUIR CAMINHO DE BYD E GWM

Em paralelo, revendas planejadas foram canceladas ou assumidas por outras marcas. A loja de São Paulo virou Ford, a de Piracicaba passou para GAC e a do Espírito Santo agora comercializa veículos da Omoda & Jaecoo.

Atualmente, apenas três concessionárias da Neta seguem abertas no Brasil: Rio de Janeiro, Brasília e Manaus. Mesmo com o processo de falência em curso, a marca segue operando seu site no país e anuncia os modelos Aya (a partir de R$ 133.900) e X (por R$ 209.990), ambos com desconto de R$ 10 mil. Fontes do setor indicam que cerca de 800 veículos ainda aguardam venda no porto de Cariacica (ES).

Rumores sobre uma possível compra da Neta pela Toyota chegaram a circular, mas foram negados pela montadora japonesa. Internamente, a empresa chinesa contava com um aporte de US$ 500 milhões até abril deste ano para quitar dívidas e retomar as operações, o que não se concretizou.

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