Volkswagen Polo chegou em 2002 para ser uma opção mais qualificada que o Gol, mas preço elevado assustava o consumidor
Estávamos no início dos anos 2000. Na Volkswagen existia uma dúvida: continuar com o mesmo modelo de entrada desenvolvido no Brasil, o líder de mercado Gol, ou fabricar aqui o sucesso europeu Polo, tecnologicamente mais avançado. Era um embate difícil, travado entre o pessoal da matriz da VW e a turma da filial brasileira, que conhecia muito bem o consumidor latino-americano.
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Depois de muitas discussões, chegou-se a um meio termo: nosso velho e bom Gol continuaria desbravando o mercado como o carro mais vendido do país. Enquanto isso, o Polo seria oferecido como uma opção mais cara e sofisticada, para aquele que queria algo além. Para o Polo, uma encrenca braba desde que foi lançado em 2002: enfrentar seu irmão Gol que, de longe, era o carro mais vendido do país. Além disso, o Golzinho era durável, fácil de manter, barato de consertar e vendia igual água no deserto, mesmo no mercado de usados.

Tudo aquilo que o consumidor queria, o Gol ofertava. Nessa luta brava, o Polo chegou com fama de galã, oferecendo um design diferenciado com faróis redondos, e uma tecnologia construtiva superior. No showroom das concessionárias VW, o Polo brilhava mais, sem dúvidas, com seu design atual. Mas quando o vendedor dizia o preço do novo Polo, o comprador voltava novamente seus olhares para o velho e bom Gol. Esse sim cabia no seu bolso.
O Polo custava bem mais caro e esse fato espantava a freguesia. Mas, isso sim, o carro era bacana: tinha até a sofisticação de longarinas de aço especial, com espessura que variava de acordo com a sua dimensão. Essa novidade tecnológica fazia com que o hatch de projeto alemão atendesse às rígidas normas do EuroNcap nos testes de colisão. Em contrapartida, seu custo de produção tornava-se mais elevado.

Além disso, o Polo Hatch de primeira geração no Brasil, que na realidade já era a quarta do modelo europeu, era montado sobre a plataforma PQ24. Ela previa motor transversal, permitindo frente mais curta e maior espaço interno. O carro era oferecido com motores 1.0 de 16 válvulas que desenvolvia bons 79 cv; 1.6 de 101 cv; e um 2.0 com 116 cv, todos eles queimando gasolina.
O hatch compacto premium vinha, em sua maioria, com ar-condicionado e direção hidráulica de série, sempre em busca de um ar mais sofisticado e melhor acabado. O interessante é que a maior reclamação sobre o carro era o excesso de ruídos internos provocados pelos acabamentos plásticos de qualidade duvidosa. Ainda assim, podia vir com luxos como CD Player, bancos em couro, rodas de liga-leve, e até ar-condicionado automático digital, airbag duplo e freios ABS.
Em 2003 ainda nasceu o Fox, que era próximo ao Gol e Polo no tamanho, mas tinha soluções muito interessantes em termos de ergonomia. Só para que se tenha uma ideia, ele utilizava uma plataforma semelhante à do Polo, ainda que menos simples na concepção. No quesito preço, ficava no meio do caminho entre Gol e Polo, e era movido pelos mesmos motores 1.0 16v e 1.6 8v. Só não dispunha do 2.0. De qualquer forma, o consumidor gostou mais do Fox, que esteve no mercado até 2021, por nada menos que 18 anos consecutivos.

Mesmo brigando com Gol e Fox, o Polo de primeira geração ficou em nosso mercado de 2002 até 2014. Vendeu muito menos que Gol e Fox: em determinados anos, o Golzinho emplacou dez vezes mais que o irmão premium. Já o Fox, em que pese as polêmicas de início de carreira, como os dedos decepados pela trava de rebatimento do banco traseiro, teve mais de 1,3 milhão de exemplares comercializados por aqui.
Hoje, tudo novo. Cenário muito diferente, e bem mais feliz para o Polo. Na sua atual geração, que estreou em 2017, ele é praticamente líder de vendas gerais do mercado nacional, e parece estar honrando o sucesso do saudoso Golzinho. Agora sim, um Polo que agradou em cheio os brasileiros.
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Ótima matéria, sei que já foi mencionado em outra, o Gol g4 teve que sofrer alterações pela chegada dos seus irmãos mais novos Polo e Fox.