Por que os caminhões perdem os freios?
O que não faltam são respostas para explicar fatores que colocam vidas em riscos todos os dias nas rodovias brasileiras
O que não faltam são respostas para explicar fatores que colocam vidas em riscos todos os dias nas rodovias brasileiras
Não é raro depararmos com notícias de que um caminhão perdeu os freios e causou um grave acidente. De certa forma, para evitar isso, principalmente em longas descidas ou serras, são construídas as famosas áreas de escapes, onde o caminhoneiro pode consegue imobilizar o veículo numa grande caixa de brita e evitar o pior. Mas a princípio, por que os caminhões perdem os freios?
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Caminhões e ônibus, em sua grande maioria, usam sistema de freio a tambor, e para fazer o acionamento das lonas contra o tambor para gerar o atrito e desacelerar o caminhão ou ônibus, é usado ar, sendo assim, o sistema de freios é pneumático.
Para entendermos melhor a questão da perda dos freios, conversamos com o time de engenharia da Volkswagen Caminhões e Ônibus. Os engenheiros apontaram algumas das causas que fazem com que os caminhões percam a capacidade de frenagem.
A montadora explicou que um dos motivos para se desdobrar uma falha no sistema de freio é a baixa ou nenhuma manutenção dos seus componentes. Verificações como checar a integridade dos acionadores, correta lubrificação dos eixos e troca adequada do elemento filtrante do ar.
Também deve ser substituída periodicamente as mangueiras do sistema, já que um vazamento de ar pode prejudicar o acionamento dos freios. Além da falta de manutenção, o aquecimento das lonas pode prejudicar a eficiência de frenagem, ao ponto do caminhão não conseguir mais parar e até mesmo pegar fogo pela alta temperatura.
Para aumentar a segurança, os caminhões contam com o freio motor e freio retarder. O time da Volkswagen explica que o freio motor é um sistema acessório e está ligado ao powertrain (motor, caixa e diferencial) do veículo. Ele utiliza o princípio de desaceleração do veículo através do motor. É mais ou menos assim:
No momento em que o veículo está em movimento de arraste proveniente da inércia, há um fechamento da exaustão dos gases da combustão que proporciona um efeito de retardar a queima de combustível e consequentemente uma força contrária ao sentido de rotação do motor. Essa força motriz em sentido contrário ao de rolagem do veículo que nasce no motor, é transferida pelo cardã, eixos e chega até a roda/pneu, é o que chamamos de freio motor.
Ou seja, o próprio motor exerce uma força para forçar a redução da velocidade do veículo.
Já o freio retarder, é bem similar ao freio motor.
Utiliza força motriz no sentido contrário de marcha para proporcionar desaceleração. Enquanto o freio motor utiliza essa força proveniente do motor, o retarder é um dispositivo auxiliar acoplado à transmissão ou à árvore da transmissão que também proporciona desaceleração. As duas tecnologias quando utilizadas em sinergia proporcionam uma alta performance de frenagem através do powertrain e evitam a utilização excessiva dos freios de roda mitigando um possível superaquecimento.
Quando um caso de um caminhão que perdeu os freios chega a mídia, muitos se perguntam porque no Brasil não há caminhões com disco e freios, já que tem, teoricamente, uma maior eficiência. A verdade é que no Brasil há sim montadoras que oferecem freios a discos, entretanto fica como um opcional pouco procurando. De acordo com a Volkswagen Caminhoes e Onibus, isso se deve a uma questão mercadológica que já é acostumada com os freios a tambor.
A questão de utilização dos freios a tambores e discos está ligada à questão mercadológica e os fatores principais que determinam isso são os seguintes:
Infelizmente, muitos motoristas abusam da confiança que têm no caminhão e acreditam que o sistema de freio vai conseguir segurar o veículo por muito tempo. Geralmente é o que acaba resultando em acidentes. Além disso, a falta de manutenção, é bem comum. Em uma operação realizada pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) nas estradas do Rio Grande do Sul, em janeiro de 2022, dos 705 caminhões abordados, pelo menos 5% estavam com algum problema no sistema de freio.
Já em outra operação realizada em novembro de 2021, na BR 386 em Soledade (RS), a PRF vistoriou 350 caminhões e aplicou 280 autos de infração por problemas no sistema de freios em 3 dias de operação.
Por fim, a falta de treinamento e conhecimento na utilização do freio retarder e freio motor também faz com que o motorista abuse do sistema de freio mecânico, chegando ao aquecimento e ineficácia do conjunto, o que em grande parte leva a acidentes.
Por aqui, somos fã das áreas de escape e ficamos muito felizes todas as vezes que elas salvam vidas nas rodovias. ??? Você quer entender melhor como essa tecnologia funciona? ▶️ Dá play no vídeo e confira a explicação preparada pela @ANTT_oficial e pela @arteris_oficial. pic.twitter.com/Eg5qvwM5Zb
— Ministério dos Transportes (@mtransportes) January 10, 2023
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Na realidade o freio motor e o Retarder não tem potência para parar o veículo e sim para manter uma velocidade constante no aclive sem a necessidade do freio de serviço (pedal), segurando o caminhão para não “embalar” e assim mantém o sistema com baixa temperatura e com ar suficiente para uma eventual necessidade de parada. O que acontece em geral é despreparo ou excesso de confiança no sistema e acaba sobrecarregando. Outro fator é o motorista não ter perícia para acionar gradualmente o freio de estacionamento que tem um sistema independente e mecânico e que sempre atua quando não tem ar no sistema. Tanto que quando um caminhão passa um tempo estacionado e o sistema não tem ar o suficiente, o freio de estacionamento não “libera” o veículo pra ser movimentado.