Vários países estão aumentado o rigor no controle da velocidade. Até a discutível medida de interferir no mecanismo do carro
Você está na estrada e decide acelerar pois está levando um parente – emergencialmente – ao hospital. Apesar de a máxima ser 110 km/h, pisa mais fundo no acelerador. Mas o ponteiro gruda em 110 km/h e a velocidade não sobe. Por quê?
Desde julho do ano passado, no Reino Unido, os automóveis novos passaram a ser obrigatoriamente equipados com o ISA (Intelligent Speed Assistance ou Assistencia inteligente à velocidade, em tradução livre), também chamados de speed limiters ou limitadores de velocidade.
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Estes aparelhos conjugam o GPS do carro com o leitor de placas de velocidade nas rodovias, para que o motorista respeite os limites indicados. Por meio de alertas no painel ou intervindo diretamente na central eletrônica para limitar a potência, controlando a injeção de combustível.
No estado de Virginia (EUA), foi aprovada uma lei que torna obrigatório instalar o ISA em veículos flagrados a mais de 160 km/h (100 mph) ou que acumularem múltiplas infrações consideradas graves.
E a legislação continua procurando dificultar a vida do motorista que insiste em acelerar acima do limite. Em São Fancisco (California, EUA) as notificações a partir de radares de velocidade serão ajustadas com valores proporcionais ao rendimento do motorista. Eles são de U$ 50 (R$275) até U$ 500 (R$2.750) e poderão ter descontos de até 50% em função do valor declarado no Imposto de Renda do motorista.
O estado de Washington aprovou uma lei que obriga a se instalar no carro o limitador de velocidade (ISA) caso o condutor tenha tido sua habilitação suspensa por infrações flagradas por radares. Se multado por estar alcoolizado, deverá ter no carro um aparelho que deve ser soprado e só permite ligar o motor se o teor alcoólico estiver abaixo do limite permitido.
O governo de Washington espera reduzir o número de acidentes com vítimas fatais nas estradas, que aumentaram 40% nos últimos quatro anos.
A Alemanha é o país tido como exemplo de quem defende a velocidade liberada nas rodovias, pois há muitos trechos nas autobahnen sem limite. Não há, de fato, um grande número de acidentes em função desta liberdade. Mas, quando acontecem, costumam ser verdadeiras catástrofes com muitos carros e vítimas fatais envolvidos.
Já houve diversas tentativas e movimentos para se estabelecer limite de velocidade nas estradas alemãs. Mas as discussões são acaloradas apesar de mais da metade da população defender a idéia. Também ambientalistas, polícia rodoviária e associações de auxilio às vitimas de trânsito são favoráveis ao limite.
Entretanto, há também reações contrárias: primeira, das fábricas de automóveis, interessadas no alto faturamento dos esportivos. Segunda, das empresas de turismo que conquistam milhares de clientes atraídos pela possibilidade de acelerar à vontade. E de muitos alemães que simplesmente não querem ser tolhidos da liberdade de pisar quanto quiser. Não há outro país com rodovias sem imposição de limite, além da Alemanha e da ilha de Man.
Aliás, tem sim: no Brasil, onde o prefeito de Marília (SP), Vinicius Camarinha, decidiu – ele mesmo – cortar os cabos que levavam energia para os radares de controle de velocidade na cidade, após ter declarado guerra à “indústria da multa”.
Existem, sem dúvida, “pardais” nitidamente dependurados em pontos estratégicos para atuar como “pegadinhas”. Mas o prefeito não deveria se esquecer de que multa só existe para quem comete infração.
O Brasil está entre os países que lideram o ranking mundial de acidentes nas rodovias e da maior importância as ações para redução de velocidade. Indiscutível: quanto mais rápido o carro, maior o risco de os ocupantes sofrerem lesões mais graves num acidente. Mas, há também quem questione até que ponto a eletrônica pode interferir no comando do automóvel.
Ninguém discute o acerto da frenagem automática para impedir um acidente, nem o alerta para mudança de faixa e outras do gênero. Mas, pode o governo interferir na decisão do motorista de exceder a velocidade máxima ao levar um acidentado ao pronto-socorro?
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No Brasil tem sido comum prefeitos reduzirem limites de velocidade sem qualquer critério técnico (e até em lugares sem muito sentido) sob a cantilena-padrão “para salvar vidas”.
Discutindo apenas aquelas medidas com reais boas intenções (e descartando aquelas de má fé), cabe ressaltar que as fatalidades no trânsito são causadas essencialmente por condutores que infringem várias leis ao mesmo tempo, enquanto excedem limites de velocidade por amplas e largas margens – são uma minoria, porém os grandes causadores das tragédias. Porém são ainda enquadrados como meros infratores perante a lei, quando na verdade são literalmente criminosos.
Portanto nada se resolve apenas impondo-se limites de 40 km/h em grandes avenidas, ou 50-60 km/h em vias expressas que comportam 70-80 km/h. Isso apenas penaliza e atrasa a grande maioria dos condutores, que são prudentes e andam na lei.
Já os causadores de tragédias não respeitam qualquer limite de velocidade, excedem largamente os 80 km/h e mais largamente ainda os 50-60 km/h. Não pagam as multas que recebem, não regularizarm documentação, e continuam assim porque as Leis não os punem de fato.
Prova disso é que quando há redução nos limites ds velocidade e mais multas são geradas, a maioria delas simplesmente não são pagas e as tragédias não diminuem.
Ou se resolve isso como caso de polícia, mobilizando os entes federais para atualizações no codigo-penal, ou isso jamais sera resolvido de verdade.