Samsung fabricou caminhão, mas descobriu que é melhor fazer celular
Empreitada da sul-coreana Samsung durou pouco mais de 10 anos e não teve muito sucesso, diferentemente de seus televisores e celulares
Empreitada da sul-coreana Samsung durou pouco mais de 10 anos e não teve muito sucesso, diferentemente de seus televisores e celulares
A Samsung pode ser mundialmente conhecida pelos seus celulares, notebooks, televisores, geladeiras e até máquinas de lavar roupa, porém isso é apenas uma pequena fatia do conglomerado multinacional que é a Samsung. Dentre as empresas ou divisões, surge uma história curiosa, a que a Samsung tentou entrar no mercado de caminhões pesados. E isso quase deu certo.
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Tudo começou com o gearhead de carteirinha, o Sr. Lee Kun-hee (morto em outubro de 2020, aos 78 anos) que era um antigo funcionário da empresa. Ele colecionava alguns carros antigos e raros. E com toda a sua paixão, ele propôs a Samsung de entrar no segmento automotivo em 1987.
O plano seria ser uma concorrente para a Hyundai. A ideia inicialmente não agradou muito aos seus diretores, tanto é que foi descartada, mas a vontade ainda permaneceu. Entretanto, por destino ou apenas o curso da vida, o Sr. Lee se tornou presidente do grupo Samsung é claro, que voltou com a ideia.
Para convencer e dar mais base ao seu plano, o Sr. Lee fez uma apresentação onde mencionava: ” Estudei a indústria automotiva mais do que qualquer outra pessoa e conheci muitas pessoas. Li e assinei quase todas as revistas automotivas do mundo e conheci quase todos os executivos e técnicos dos principais fabricantes de automóveis do mundo. Não comecei espontaneamente, mas preparei e pesquisei tudo cuidadosamente durante 10 anos”.
O próprio governo sul-coreano não via o plano com bons olhos. Mas com todo o estudo, Sr. Lee viu uma alternativa: investir no segmento de caminhões. Essa opção só foi possível porque o executivo iria usar a Samsung Heavy Industries, empresa do grupo que é responsável pela fabricação de máquinas para construção civil e até navios de grande porte. A ideia era boa, já que não iria arriscar entrar em um segmento totalmente novo, mas apenas aumentar o portfólio de produtos de um segmento em que a Samsung já atuava.
Depois de tudo acertado, em 1994 a Samsung iniciou a produção de caminhões. Entretanto, ao invés de criar um modelo do zero, ela resolveu apenas licenciar a produção. E a sua parceira foi a Nissan. Com isso o primeiro caminhão era o Samsung SM510 que na verdade era o Nissan Big Thumb.
O Samsung SM510 era equipado com um motor V8 de 17 litros de aspiração natural e potência de 340 cv. Já o segundo modelo ofertado pela empresa era o Samsung SM530, que também era equipado com um motor V8 de 18 litros, e com isso a potência era de 370 cv.
A empresa ainda ofereceria uma variedade de configurações para a linha SM. Entretanto o modelo tinha capacidade de até 18 toneladas e a Samsung queria ter caminhões pesados. Insatisfeita, ela se voltou para o mercado europeu e firmou parceria com a montadora alemã MAN, hoje do grupo Traton.
Os modelos Samsung-MAN eram baseados na série F da marca alemã e vinham equipados com os motores D28 de 12 litros e 6 cilindros em linha, que entregavam os mesmos 370 cv do motor V8 da linha SM. Já a caixa de câmbio era ZF de 16 velocidades. Os modelos tinham capacidade de carga de até 22 toneladas agradaram os clientes que naquela época viram a oportunidade de comprar um modelo de certa forma europeu, mas com uma marca conhecida por eles.
Com o sucesso, em 1996 a Samsung criou um departamento separado para a venda desses caminhões e até mesmo começou a exportar os modelos de sua parceria. Entretanto, em 1997, os países asiáticos foram atingidos por uma grande crise econômica que fez a Samsung repensar em toda a sua estratégia.
Até mesmo um plano de venda foi elaborado, em que três montadoras (Renault, Scania e Volvo) tinham grande interesse no negócio, apesar de a Renault ser a mais cotada para a compra. No entanto, a Samsung desistiu do plano e elaborou um novo, que consistia na introdução de um modelo de 3,5 toneladas, ou seja um VUC.
Ainda em 1998 a Samsung apresentou o SV110, baseado no Nissan Atlas F23. Mas foi um fracasso em vendas devido a problemas de projeto, que tinha até mesmo uma suspensão que não suportava a capacidade total de carga do modelo. Ao final das contas, a Samsung conseguiu apenas 4% de participação no mercado.
Em 2002, 8 anos após o início da produção de caminhões, a divisão foi encerrada. A Nissan Diesel, que fabricava os modelos, se tornou a UD Trucks em 2010, e logo foi vendida para o Grupo Volvo. Esta que vendeu a UD Trucks para a japonesa Isuzu em 2022. Vale lembrar que a Volvo já havia comprado a Samsung Heavy Industries Construction Equipment que era a divisão de escavadeiras e tratores.
Atualmente a Samsung Heavy Industries foca na produção de navios de grande porte para o transporte de cargas em geral e cargas gaseificadas.
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