Santos Dumont 150 anos: 1º carro do Brasil foi de sua família
O brasileiro que inventou o avião também tinha paixão por automóveis, sendo o responsável por trazer o primeiro do país
O brasileiro que inventou o avião também tinha paixão por automóveis, sendo o responsável por trazer o primeiro do país
Nessa quinta-feira (20), foi comemorado 150 anos do nascimento de Alberto Santos Dumont, inventor brasileiro e pai da aviação. Apesar de sua história ser marcada pelas máquinas que voam, o nosso visionário também era amante dos carros.
O primeiro automóvel a rodar no Brasil foi trazido pela família Santos Dumont. O carro em questão era um Peugeot Type 3, trazido em 1891.
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Alberto Santos Dumont se descrevia como um adepto fervoroso do automóvel. Ele fez questão de estudar a máquinas e suas peças. Isso ajudou na manutenção como também na criação de seus aviões e dirigíveis.
Uma curiosidade sobre o Peugeot de Santos Dumont, é que mesmo sendo o primeiro carro trazido ao Brasil, ele não foi o primeiro a ser emplacado. Essa primazia foi do automóvel de Francisco Matarazzo, quando a placa de identificação passou a ser obrigatória em São Paulo (SP) no ano de 1903.
A capital paulista começou a cobrar um imposto similar ao IPVA no final de 1900. O irmão de Santos Dumont, Henrique, enviou uma petição à prefeitura da cidade pedindo a isenção do tributo.
O motivo era a má qualidade das vias, que tornavam os reparos nos automóvel obrigatório após qualquer passeio. Segundo Henrique, o calçamento da cidade prejudicava principalmente os pneus.
Após mais de um século, algumas coisas não mudaram pelo visto. Em pleno 2023 continuamos criticando o IPVA e tendo que lidar com problemas causados pela pavimentação.
O Peugeot Type 3 foi o primeiro automóvel entregue em França a um cliente particular. Foi a 2 de outubro de 1891 que a marca entregou o primeiro veículo de passageiros a um particular, o Sr. Poupardin. Residente em Dornach, o proprietário havia encomendado o seu automóvel a 27 de agosto desse mesmo ano, um modelo de quatro lugares com um motor Daimler de 2 cv.
Depois de um teste realizado em 1889 com um veículo equipado com motor a vapor, Armand Peugeot produziu o seu primeiro automóvel movido a gasolina em 1890, conhecido como o Type 2. Em 1891, para apresentar o seu novo modelo, o Type 3 com quatro lugares Vis-à-Vis, teve a ideia de o fazer acompanhar a prova de ciclismo Paris-Brest-Paris, para beneficiar da publicidade em redor do evento.
De Valentigney a Paris e depois até Brest, bem como na viagem de regresso, o veículo percorreu 2.045 km, a uma velocidade média de 14,7 km/h, permitindo que milhares de franceses descobrissem, assim, o automóvel.
O Peugeot Type 3 foi fabricado de 1891 a 1894, numa produção total de 64 exemplares. Das suas características técnicas destacam-se um motor V2 com 565 cm³, potência de 2 cv e caixa de 4 velocidades.
Alberto Santos Dumont é considerado o Pai da Aviação. Reconhecimento máximo pelo pioneirismo de ter conseguido voar com um aparelho mais pesado que o ar e com propulsão própria, o 14 Bis. O feito foi no Campo de Bagatelle, em Paris, em 23 de outubro de 1906.
Apaixonado pela inovação, Santos Dumont já colecionava feitos aéreos antes do voo com o 14-Bis, como a construção de um balão – o menor já fabricado para a ascensão de uma pessoa a bordo, que voou por cinco horas, também na França, em julho de 1898. Dumont prosseguiu com o pioneirismo, associando motores de combustão interna a balões, construindo engenhosos lemes, o que resultou no dirigível. Em 1901 sobrevoou Paris em um deles, chamando a atenção da imprensa brasileira e mundial.
Vivendo em Paris desde os 18 anos, foi às margens do Rio Sena que observou um detalhe que o permitiu evoluir dos balões para o primeiro modelo de avião. Em 1905, Dumont assistia a uma corrida de lanchas, quando percebeu que o motor da embarcação poderia ser o gerador de potência que permitiria a autopropulsão do 14-Bis. Uma adaptação que depois de testes e falhas mostrou-se suficiente para o voo de 60 metros, a 3 metros de altura no ano seguinte.
O brasileiro prosseguiu com o desenvolvimento da sua máquina de voar. Em 1909, decolou em seu avião Demoiselle, um dos primeiros aeroplanos do mundo, parecido com um ultraleve.
O espírito visionário de Santos Dumont deixa outras influências. Foi ele o desenvolvedor de um hangar, estrutura que se tornou essencial para a indústria aeronáutica. Se o uso do avião não é uma realidade cotidiana para todas as pessoas, outras ideias e costumes do mineiro fazem parte da vida de quase todos nós.
Não foi ele quem inventou, mas sim quem popularizou o uso do relógio de pulso. Um modelo mais prático para cronometrar voos e que ganhou mercado ao ser usado pelo famoso inventor. Outra é o chuveiro da casa dele, que usava uma espécie de balde com perfurações e um mecanismo para misturar água quente e gelada. A invenção está no Museu Casa de Santos Dumont, em Petrópolis, cidade de atração turística na região serrana do Rio de Janeiro.
Santos Dumont pode ser considerado também um precursor do open source, termo em inglês que significa código aberto, muito citado no ambiente da computação. É um modelo de propriedade intelectual que permite que outros inventores “bebam na fonte” de uma ideia inicial, permitindo aperfeiçoamentos. O próprio avião Demoiselle foi aprimorado por outros empreendedores da época.
“Um dos fornecedores de peças do motor queria patentear, e Santos Dumont disse: ‘Negativo. Eu quero deixar os direitos abertos porque tem que que dar chance para outras pessoas poderem pesquisar e desenvolver o avião, para que a gente possa trazer melhor conforto, melhor meio de vida para a população’, era isso que ele queria”, relata o historiador Maurício Inácio da Silva.
Há mais de um século existe a controvérsia sobre quem é o verdadeiro inventor do avião. Contemporâneos de Dumont, os irmãos americanos Wilbur e Orville Wright disputam a primazia, apontando um feito de dezembro 1903, em um voo impulsionado por uma catapulta, ou seja, não tinha autopropulsão e não teve o registro de testemunhas.
“[No caso de Dumont] todos estavam lá registrando com fotos. Havia uma comissão internacional montada. Existia um regulamento que dizia que só seria avião aquele que decolasse por meios próprios, enquanto os irmãos Wright estavam numa praia dos Estados Unidos, com o vento superforte e utilizavam catapulta. Eles só aparecem na Europa em 1908, quando outros concorrentes também já estavam com várias invenções voando bem”, conta o suboficial da Aeronáutica Maurício Inácio da Silva, historiador do Museu Aeroespacial (Musal), no Rio de Janeiro,.
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