Terceira marca em volume de vendas no Brasil também é uma das com maior quantidade de reclamações dos consumidores
A Shineray anunciou no início deste mês de dezembro o marco de 400 concessionárias instaladas no país. Posição que a coloca mais uma vez como a terceira maior do Brasil, uma vez que ela também é medalha de bronze em comercialização.
Mesmo nos dois pódios do mercado, a fabricante também encara o terceiro lugar dentre as piores avaliadas pelos consumidores. E aí a dúvida vem: como uma das piores marcas avaliadas, pode estar entre as que mais comercializa?
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As avaliações negativas da chinesa Shineray são expressadas pelo site de confiabilidade Reclame Aqui, que atualmente é a maior vitrine dos consumidores brasileiros.

Com uma nota de 6.5 de um total de 10, a é Shineray é classificada como uma marca de “Reputação Regular” e, por mais espantoso que seja, fica à frente apenas da inglesa Triumph e da japonesa Kawasaki – marcas popularmente elogiadas pela qualidade.
Porém, para o azar da chinesa medalha de bronze, suas maiores reclamações estão ligadas a seus produtos e a recorrência de defeitos. Segundo o site, 38,84% das reclamações sobre a Shineray são ligadas às suas motos e 17,83% às recorrências de problemas.
Em um levantamento rápido feito com alguns seguidores do AutoPapo, as maiores reclamações estão ligadas à falta de peças e falta de qualidade nos produtos. É importante ressaltar que as respostas obtidas não necessariamente vieram de proprietários da marca, o que leva a situação para um outro aspecto: o imaginário popular do brasileiro.
A Shineray chegou ao Brasil em 2006, com modelos simples e com motores pequenos. Assim como a maioria das fabricantes, iniciou como importadora e apenas depois se nacionalizou com uma fábrica própria. O problema é que este arco temporal levou 9 anos.
A essa altura do campeonato a fabricante já encarava comentários negativos dos clientes em relação à falta de peças (o que é natural para importados) e até sobre a qualidade dos seus produtos (que muitas vezes eram comparados com modelos maiores e taxados como modelos ruins).
Em conversa com um amigo e colega de setor bem mais experiente e que viu de perto essa chegada da marca, o jornalista Teo Mascarenhas, ele abordou que o que fez a marca ter sucesso também a “jogou no buraco”.
O sucesso foi imediato. A produção cresceu vertiginosamente, junto com osmais variados e desorganizados pontos de venda, dentro de uma das mais carentesregiões do Brasil. Porém, para oferecer produtos de baixo custo de aquisição,compatível com o consumidor, utilizou a fórmula industrial mais fácil.
Produção em massa (na China), linha de montagem simplificada, materiais e componentes menos nobres e principalmente economia na pesquisa e desenvolvimento, praticamente “copiando” modelos de marcas tradicionais já estabelecidas. Este processo, inclusive, rendeu algumas ações na justiça do Brasil por uso indevido de “propriedade intelectual”. Na prática, a popular clonagem de modelos de outras marcas, economizando o desenvolvimento.”
Desde sua chegada ao Brasil, a Shineray não demorou muito para ter uma mínima relevância nas comercializações. Mas dois foram os momentos em que a marca alavancou suas vendas.
O primeiro se deu em 2015, justamente quando a fábrica da marca foi instaurada. Consequentemente, essa fase se deu em meio à queda da Dafra, marca que era a “terceira via” de baixo custo do brasileiro em relação a Honda e Yamaha. Com essa queda e preços ainda mais acessíveis, a Shineray assumiu a posição.
O segundo momento veio após à pandemia do Covid-19, em 2022, quando a alta dos preços atingiu o mercado e a adesão por modelos mais em conta passou a ser um critério ainda mais pesado na decisão do consumidor.
Em 2024 a fabricante atingiu seu recorde de comercializações, com 117.906 unidades emplacadas e assegurando 5,88% de todo o mercado de motos brasileiro (quantidade muito alta se considerar que a Honda sempre contém cerca de 70% de todas as vendas).
Com seu aumento nas vendas, a Shineray decidiu tentar acabar com essa má fama. Novos modelos, maiores e com mais qualidade começaram a chegar no mercado. O primeiro foi a Shineray Urban 150, uma moto totalmente diferente do que se estava acostumado pela marca: scooter, automática, freios ABS, acabamento premium e com conectividade com o celular. Logo em seguida a Storm 200 chegou como uma trilheira de boa qualidade, assim como um trio de 250 que veio a seguir.

Mas foi em maio de 2025, durante o Festival interlagos que a chinesa lançou a SBM (Shineray Brasil Motos), uma marca de luxo da fabricante. Em parceria com a sua conterrânea QJ Motor, modelos com blocos de até 600 cm³ e alta qualidade no acabamento foram apresentados pela Shineray.
É fato que a Shineray ainda carrega a má fama que acumulou nestes 20 anos de mercado, porém também é inegável que a marca se consolidou no país e agora conta com fábrica e pontos de venda e manutenção em todas as regiões do país.
O que ficará para ser avaliado com o tempo é a qualidade dos novos produtos da marca. Mais de uma dezena de motos novas chegou no último ano e apenas a experiência do brasileiro poderá reavaliar essa chinesa que busca um rebranding.
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