Stock Car no Mineirão pode parar na justiça
Gigante da Pampulha voltará a ser palco de corridas após meio século, mas obras desagradam moradores e ambientalistas que não descartam ação judicial
Gigante da Pampulha voltará a ser palco de corridas após meio século, mas obras desagradam moradores e ambientalistas que não descartam ação judicial
O Mineirão voltará a ser palco de corridas de automóveis. O imponente estádio de Belo Horizonte, que foi palco de grandes duelos e até mesmo do vexatório 7 a 1, verá novamente bólidos acelerarem ao seu redor, com a inédita etapa da Stock Car Brasil, que acontecerá em agosto.
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Apesar de tudo acertado com os organizadores, prefeitura, além do aval do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam), a prova pode receber bandeira preta antes mesmo da largada. Isso porque as adequações para receber a corrida desagradaram moradores, ambientalistas e representantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com seu campus localizado às margens do futuro traçado.
Uma das principais reclamações está em relação ao transtorno no trânsito da região e também o impacto ambiental. Segundo a prefeitura, será preciso cortar 73 árvores que ficam nas margens e canteiros das avenidas que servirão de traçado para a prova.
Além disso, as obras com previsão de início já em março ainda removerão quebra-molas e ajustes em calçadas para construção de arquibancadas. A contrapartida será o replantio de novas 500 mudas, mas a proposta não agradou quem vive na região.
Moradores reclamam que a retirada das árvores deixará a região ainda mais quente. Muitos questionam a atual estrutura do Mineirão com sua grande esplanada que forçou a remoção de centenas de árvores que ficam no entorno do estádio. Além disso, o replantio não será feito no traçado. E mesmo se fosse, demoraria anos para as árvores criarem as copas atuais.
Se os moradores não estão satisfeitos com as obras da corrida, a reitoria da UFMG também não está nada satisfeita. A universidade disse que irá negociar com a prefeitura a mudança do local da prova.
A reitora da UFMG, Sandra Goulart, pediu uma reunião com o prefeito Fuad Noman para tentar dissuadi-lo da ideia, uma vez que as obras irão comprometer o acesso dos alunos e docentes ao campus. A UFMG ainda aponta que se o diálogo não for suficiente, poderá buscar apoio na justiça.
Isso porque a pista irá cortar dois grandes aparelhos da UFMG: o campus e Centro Esportivo Universitário (CEU). O Mineirão fica exatamente no meio das duas estruturas. E para complicar ainda mais, a prova inviabilizaria o acesso à única entrada do Hospital Veterinário, que deve ser coberta pelas normas de qualquer área hospitalar. Ou seja, sem restrição de acesso.
Nesta quinta-feira (29) será realizada uma segunda audiência na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para debater o assunto. Em nota, os organizadores da prova alegam que não há outro local em Belo Horizonte capaz de receber a prova e que todos os critérios de sustentabilidade, inclusão e segurança foram levados em conta no projeto.
Corridas no entorno do Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, eram populares durante os anos 1970. Boris Feldman inclusive foi um dos pilotos que acelerou às margens do gigante, com seu Ford Corcel. Ele teve como companheiro de volante nada menos que o bicampeão de Fórmula 1, Emerson Fittipaldi.
Há meio século, o entorno do Mineirão era bem diferente do que é hoje. A densidade populacional na região era muito menor. Isso tudo sem falar nos carros. Naquela época as provas eram amadoras e não com bólidos de chassi tubular e motores V8 com mais de 500 cv, que superam os 200 km/h.
E para receber essas máquinas e garantir segurança, é fundamental limpar o entorno e criar áreas de escape, assim como preparar o asfalto de acordo com especificações técnicas da prova. E claro, tudo isso trará impactos e gera resistência.
A prefeitura defende a prova de olho no dinheiro que o evento pode atrair. A expectativa é que a etapa da Stock Car no Mineirão injete R$ 200 milhões na capital mineira.
E fica a pergunta: a Stock Car do Mineirão vai sair do papel?
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