SUV cupê e outras ‘forçações’ de barra das montadoras

Quando a ideia é agradar ao consumidor e criar novos nichos, os marqueteiros das montadoras estão de parabéns - eles não têm freio

fiat fastback audace turbo 200 2023 cinza tres quartos frente
Fastback: SUV cupê da Fiat (Fotos: Divulgação)
Por Felipe Boutros
Publicado em 18/09/2022 às 12h03

A propaganda é alma do negócio, já disse alguém – e eu não vou procurar no Google quem foi. Então se o consumidor quer SUV, que tudo se transforme em SUV! Na semana passada tivemos dois lançamentos importantes, claro, em categorias e para públicos distintos, mas que são para atender essa demanda.

No patamar  mais alto dos supercarros, a Ferrari Purosangue, pioneiro em duas situações dentro da marca: é um utilitário esportivo de quatro portas – vai purista, chora aqui! Entre os carros para os meros mortais, o Fiat Fastback, classificado pela marca como um SUV cupê – com um detalhe: como o nome sugere, a carroceria é um fastback.

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Aliás, uma parênteses: a Ford tentou vender o Focus sedã (que nunca foi um sucesso de mercado) como um fastback. Mas você quer relembrar qual é esse tipo de carroceria? O Passat nacional era um exemplo de fastback.

Essa história toda começou há mais tempo, a Mercedes já tinha dado uma carregadinha nas tintas ao lançar o (lindíssimo) CLS, o “cupê de quatro portas”. Depois a Volkswagen foi na onda com o Passat CC e a BMW chutou o balde com o X6, esse sim o primeiro SUV cupê.

O que isso tudo quer dizer? Que as montadoras classificam as coisas como bem entendem, normalmente guiadas pelo departamento de marketing. “Ah, eu quero um SUV, porque procuro um carro altinho”. Desculpa aí a sinceridade, mas corre o risco de você comprar um hatch bombado com o assento alto e nada mais…

Há uns 10 anos, esses carros todos seriam chamados de crossover, modelos que mesclavam vários estilos o que dificultava colocar em uma “caixinha”. Os mais antigos vão relembrar que o Dodge Journey/Fiat Freemont era classificado dessa forma. A primeira geração do Peugeot 3008 também.

Mas quem quer saber de um “crossover” em 2022? Todo mundo quer SUV, oras! Inclusive, o Inmetro estabelece algumas regras para que um veículo seja considerado um utilitário esportivo. Muitos dos queridinhos do mercado levam bomba! Outros que podem ser vendidos com esse apelo abriram mão disso, como o novo Citroën C3.

Mas a forçação de barra das montadoras vai além do estilo. A Porsche, por exemplo, tem uma versão do Taycan batizada de Turbo… Seria normal se esse modelo não fosse 100% elétrico. A marca justifica ao usar essa designação para os carros mais potentes da gama.

porsche taycan turbo s de tras

Outro carro elétrico que apela para o marketing é o BYD Han que traz um “3.9” na traseira. Mas como? Seu motor não tem cilindrada! Esse número é o tempo que o modelo gasta para acelerar de 0 a 100 km/h.

A gente pode falar que as montadoras estão sendo desonestas? Não, claro que não. Elas só criaram nichos e tendências e, se o consumidor as seguiu, melhor para elas.

Ficou curioso com o C3? Veja as nossas impressões:

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1 Comentário
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Daniel Melara 19 de setembro de 2022

Boa noite.
E então quando carro passa apenas por um facelift e mesmo assim a fabricante diz que se trata de uma nova geração? Foi o que aconteceu com o Gol G3 e G4.
Aquele Gol, que foi lançado em 2008 (usando a mesma plataforma do FOX) e deu origem também ao retorno do Voyage, na verdade deveria se chamar Gol G3 em vez de Gol G5.

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