Usar o carro para trabalhar é uma arte, é preciso usar um modelo que seja bem durável e não dê gastos; essa regra vale em todo o mundo
Mesmo com o crescimento dos serviços de transporte por aplicativo, os táxis ainda são figuras comuns nas ruas de todo o mundo. Alguns carros usados para esse trabalho foram bastante icônicos, virando cartão postal de alguma cidade.
Hoje não existe mais esse tipo de padronização e são poucas as marcas que fazem versões específicas para taxistas. Listamos aqui sete dos táxis mais icônicos do mundo.
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A Volkswagen lançou o Santana como carro executivo nos anos 80, mas a chegada de concorrentes mais avançados nos anos 90 fez ele virar carro de frota. Na virada do século as versões mais luxuosas foram limadas e o foco nas vendas corporativas ficou maior.
O Santana amarelo com listra azul na lateral, pintura icônica nos táxis do Rio de Janeiro (RJ), deve ser o carro de praça mais famoso do Brasil. Um carro assim foi muito usado por Agostinho Carrara no seriado A Grande Família.
O Santana também foi o táxi mais famoso da China. A versão brasileira do sedã foi produzida por lá, onde era reconhecido pela robustez. Ele só começou a sumir das ruas chinesas nos últimos anos, quando eles viraram a chave para focar em elétricos cheios de tecnologia.
Nos EUA a tradição é usar sedãs grandes de marcas generalistas como táxi. Se tiver chassi separado da carroceria é melhor ainda, por ser uma construção robusta.
O último carro feito dessa forma foi o Ford Crown Victoria, que é um sucessor direto do nosso Galaxie. Ele foi produzido até 2011 e tinha uma versão específica para taxistas.
Esse modelo contava com entre-eixos mais longo, suspensão reforçada, radiador para o óleo do câmbio automático e da direção hidráulica, saídas de ar-condicionado para o branco traseiro, assoalho em vinil e preparação para receber acessórios.
Seu motor era um V8 4.6 com comando no cabeçote, que produzia apenas 220 cv. Era menos que alguns V6 da época, mas era superdimensionado e extremamente confiável.
O táxi mais icônico dos EUA é o de Nova York, com pintura amarela e um medalhão rebitado no capô. A cidade tinha exigências bem estritas para seus táxis, mas começou a relaxar após o fim do Crown Victoria para favorecer modelos híbridos.
A cidade de Londres é bastante antiga e possui muitas ruas estreitas. Por isso, os táxis usados lá precisam ser espaçosos e ao mesmo tem têm que ser fáceis de manobrar.
O modelo mais icônico usado na Inglaterra é o Austin FX4, que foi lançado em 1958 e produzido até 1997. Ele possui um teto alto e espaço para seis passageiros, fora o motorista. As bagagens vão onde seria o banco do passageiro dianteiro.
Uma característica importante para os táxis britânicos é poder dar meia volta em apenas 7,6 m. Por isso a direção do Austin FX4 esterça as rodas em quase 90°.
A Austin fechou nos anos 80 junto da British Leyland, o FX4 seguiu em produção pela Carbodies. Essa empresa mudou seu nome para London Taxi International (LTI) e passou a focar em fazer esse carro.
Em 1997 ela lançou uma versão moderna do FX4, chamado de LTI TX1. Hoje a empresa pertence a chinesa Geely, que mudou o nome dela para London EV Company (LEVC).
O táxi de Londres atual é um híbrido plug-in, com motor 1.5 turbo de três cilindros da Volvo que atua apenas como gerador. Seu desenho é retrô e ele consegue dar meia volta em apenas 8,45 metros.
O Toyota Crown Comfort possui algumas características em comum com o Ford Crown Victoria além de parte do nome. Ambos são sedãs focados em vendas diretas, viraram parte da paisagem urbana, possuem tração traseira, banco dianteiro inteiriço e alavanca de câmbio na coluna de direção.
Uma diferença importante está no tamanho, o Crown Comfort foi feito para atender às normas exigentes japonesas que taxam os carros com base nas medidas externas. Sua largura era de apenas 1,69 m, a mesma de um Honda Fit. O comprimento era de 4,59 m na versão curta e 4,69 m na longa. Porte bem próximo ao do City atual.
O Toyota Crown Comfort foi o táxi oficial do Japão e de Hong Kong até sair de linha em 2018, mas ainda é possível ver esse sedã icônico nas ruas desses lugares até hoje. E todos eles possuem uma característica única: a porta traseira do lado do carona pode ser aberta e fechada pelo motorista através de uma alavanca.
O mecanismo pode ser pneumático ou mecânico. A ideia é que o passageiro não faça esforço, parte da hospitalidade asiática. Os taxistas japoneses ainda colocam uma capa de renda nos bancos e mantém o carro sempre impecável.
Sob o capô desse sedã foi usado vários motores de quatro ou seis cilindros em linha, incluindo uma opção com sistema híbrido leve. Haviam versões com bancos dianteiros individuais ou inteiriço, nesse segundo caso a alavanca de câmbio ia para a coluna — mesmo se a caixa escolhida fosse a manual de cinco marchas.
A TRD, divisão esportiva da marca, fez 59 unidades do Comfort GT-Z Supercharger. Ele usava motor 2.0 16v sobrealimentado com compressor mecânico, que rendia 160 cv, e câmbio manual. Esses carros não foram usados como táxi.
O sucesso do Crown Comfort foi o Toyota JPN Taxi, que é vendido como Comfort Hybrid em Hong Kong. Ele possui um formato mais próximo de uma van e porta traseira corrediça automática. A motorização é híbrida plena com um 1.5 aspirado a gasolina, mesmo conjunto que será usado pelo Yaris Cross brasileiro.
Uma característica importante para um táxi é ser robusto. A Mercedes-Benz era referência nesse assunto até meados dos anos 90 e por isso vários carros da marca estão entre os mais rodados do mundo.
Até hoje o Classe E é um dos táxis mais populares da Europa, principalmente na Alemanha. Por lá existem versões mais simples desse sedã, com motores menos potentes a gasolina ou diesel para a lida. Até 2018 havia até opção de câmbio manual.
A popularidade dos sedãs e peruas da Mercedes nos pontos de táxi alemães dificultou a chegada da Uber ao país. Os consumidores não viam vantagem e andar em um hatch compacto e menos confortável, mesmo com o custo menor.
Mas o Classe E se tornou um dos táxis mais icônicos do mundo por causa de lugares menos afortunados. Gerações antigas dele, como a W114 e a W123, rodam até hoje no norte da África e alguns países do Oriente Médio.
Esses carros rodam sob sol escaldante com mais desenvoltura que muitos modelos mais novos. Um país onde ainda são muito comuns é o Marrocos, sempre com pintura azul e teto branco. O governo do país começou a oferecer dinheiro para os taxistas trocaram seus Mercedes por carros mais novos em 2014, por motivos de segurança e ambientais.
A Mercedes-Benz possui um 240D em seu museu com 4,6 milhões de quilômetros rodados. Ele era de um taxista da cidade de Salonica, na Grécia. Além de levar passageiros, ele levou suprimentos para Belgrado, na Sérvia, durante a Guerra do Balcãs. Ele é o segundo carro mais rodado do mundo.
Em 2017 a marca colocou outro táxi em seu museu, um 200D de 1988 com 1,9 milhão de km. Esse carro era de um taxista da cidade portuguesa de Porto. Exemplos da durabilidade desse sedã é o que não falta.
Todos os carros tinham uma função na União Soviética, haviam modelos familiares para o proletariado, carros para oficiais de alta patente, carros para polícia e veículos PcD adaptados. O GAZ Volga era um sedã similar ao nosso Chevrolet Opala, servia a executivos, políticos de baixa patente, forças policiais e taxistas.
A versão táxi do GAZ Volga tinha um código específico, taxímetro no lugar do rádio e bancos individuais na dianteira. Seu motor 2.5 de quatro cilindros vinha em especificação de baixa taxa de compressão, para funcionar com combustível de baixa octanagem.
Assim como o Mercedes Classe E, o Volga era um sedã admirado pelos taxistas por ser bastante durável e simples de manter. Ele seguiu em produção mesmo após o fim da União Soviética, ganhando várias atualizações e mudanças de estilo controversas na carroceria dos anos 60.
O antigo Volga foi feito até 2010 e foi um dos últimos resquícios automotivos da União Soviética. No final da carreira ele já dividia as praças com o Lada 2105, que foi vendido no Brasil como Laika. Hoje os russos já adotam sedãs médios e grandes comuns para esse fim, sem ter algo tão icônico como o Volga.
O México foi o último país no mundo a produzir o Fusca. A fábrica da Volkswagen em Puebla trabalhou em ritmo pesado até esse final em 2003, boa parte das vendas iam para os taxistas.
O principal motivo para o fim do Fusca foi uma decisão de Andrés Manuel López Obrador, que era governador do Distrito Federal do México em 2002. Ele passou um decreto proibindo o registro do veterano alemão como táxi, por ter duas portas. Ele ainda rodou pela Cidade do México até 2012, ano limite para carros registrado em 2002.
Os Fusca táxis mexicanos não tinham o banco do passageiro para facilitar o acesso. A pintura era verde e branca. Esse esquema também foi usado no Brasil, nos “Táxis Mirins”.
Se a intenção de Obrador era aposentar o antigo Fusco para colocar carros modernos no lugar, o tiro saiu pela culatra. Os taxistas mexicanos migraram para o Nissan Tsuru, o Sentra de terceira geração que ficou em linha de 1992 a 2017.
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