Parece tecnologia, mas é corte de custos: veja cinco casos

Os carros modernos estão ficando cada vez mais tecnológicos, mas isso também ajuda o fabricante no corte de custos

interior citroen c3 2023 22
A tecnologia chama a atenção, mas ela pode estar lá para cortar algum custo (Foto: Citroën | Divulgação)
Por Eduardo Rodrigues
Publicado em 16/10/2022 às 11h02

A tecnologia trouxe recursos aos carros modernos que nem eram imaginados há alguns anos. A evolução da indústria automobilística também ocorreu nos processos de desenvolvimento e produção dos veículos, deixando tudo mais eficiente. E isso também ajudou nos cortes de custos, que ajudam no lucro dos fabricantes.

Esses cortes podem ser vistos por dois espectros: por um lado temos carros de entrada com itens que antes só eram vistos em modelos de luxo. Por outro lamentamos a falta de capricho em alguns detalhes e simplificação do acabamento. Para onde foi aquele tecido que havia na porta dos compactos?

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E não pense que cortes de custos existem apenas nos carros populares brasileiros, isso pode ser visto em toda a indústria global e chega até os carros de luxo. Hoje vamos listar algumas formas que as marcas fazem de usar a tecnologia para aumentar o lucro:

1. Painel digital (mas nem tanto)

Lembra do luxo que era o painel digital do Chevrolet Omega CD? Era um recurso para poucos. Hoje o Citroën C3 1.0 Live, de R$ 68.990, já traz um painel digital. Citar isso na lista de equipamentos do compacto chama a atenção, mas ele esconde alguns cortes de custos.

O primeiro é que o fabricante não precisa fazer mais de um tipo de painel para o carro, todos irão receber a mesma peça. O segundo é que esse painel digital do C3 é bastante simples, de LCD e lembra até uma calculadora. Além disso, ele não traz conta-giros em nenhuma versão. Precisam nem reprogramar para a faixa vermelha diferente em cada motorização.

Existem outros painéis digitais que gritam “corte de custos”. O do novo Hyundai HB20, por exemplo, usa a tela do computador de bordo da versão analógica ao centro ladeada por duas telas simples que mostram apenas a velocidade e as rotações do motor.

2. Central multimídia faz-tudo

Voltando à PSA, mas dessa vez no lado Peugeot, agora todo 208 sai de fábrica com central multimídia. Além do ganho em escala de produção, essa tela engloba os comandos do ar-condicionado. Isso reduz a quantidade de componentes usados na produção do veículo.

Em carros mais caros, a central comanda ainda mais funções dos carros: sistema de aquecimento dos bancos, modos de condução, configurações do veículo, etc. A Tesla leva isso ao extremo, seus carros atuais trazem até o seletor do câmbio, direcionamento das saídas de ventilação, regulagem dos retrovisores e até mesmo os comandos dos limpadores de para-brisa na tela.

Juntar tudo na central multimídia faz como que a diferenciação entres os diferentes modelos de um mesmo carro seja feita por configurações no software. Alguns modelos tem a pachorra de manter o botão de algum recurso na tela para mostrar uma mensagem dizendo que você não pagou por ela caso clique nele.

Apesar de ser bom para as planilhas dos fabricantes (quando estão com semicondutores em mãos), ter que comandar tudo em uma tela pode ser perigoso por demandar mais atenção do motorista. O simples ato de tatear por um botão e ter um feedback físico que ele foi acionado não exige tirar os olhos da via.

3. Padronização no pacote de equipamentos

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Esse é o Pulse de entrada e até ele tem ar-digital, para a fábrica fazer apenas um painel (Foto: Fiat | Divulgação)

O Fiat Pulse é um SUV compacto que tem na base de sua gama a versão Drive 1.3 com câmbio manual. Esse modelo traz bancos em tecido, rodas de aço estampado com calotas e… ar-condicionado automático. Isso pode ser um diferencial quando comparado com algum concorrente, mas também é um forma de corte de custos.

Todo Pulse vir com esse equipamento faz que a Fiat tenha que produzir apenas um tipo de painel. Além disso, os comandos da ventilação se misturam com o volume do som e funções importantes como a trava das portas. Oferecer um ar-condicionado simples exigiria muitas mudanças nessa região.

4. Manual do proprietário digital

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Consultar o manual pela central tira o impresso da lista de itens a ser incluídos no carro (Foto: Volkswagen | Divulgação)

Com a quantidade de recursos que os carros modernos possuem, os manuais ficaram maiores. Alguns trazem um separado para a central multimídia para facilitar a consulta. Marcas de luxo estão tornando o manual digital, deixando-o integrado a central multimídia e oferendo em aplicativo de smartphone.

Esses manuais digitais são anunciados até como uma forma de reduzir o uso de papel pela empresa. Mas outra redução que ele faz é a dos custos. Aquele conjunto de livros dentro de uma pastinha no porta-luvas tem o seu preço para os fabricantes. E com as atualizações remotas que estão em voga atualmente, um manual físico pode ficar incompleto ou inútil do dia para a noite.

5. Alavanca de câmbio eletrônica

jaguar xf seletor do cambio automatico
O seletor eletrônico reduz a quantidade de componentes (Foto: Jaguar | Divulgação)

Em 2007 a Jaguar lançou o XJ, sucessor do S-Type que veio para quebrar o padrão de estilo retrô da marca e dar uma sacudida em sua imagem. Um recurso inovador que estreou nele foi o seletor do câmbio eletrônico e giratório, como o botão de volume daquele amplificador Gradiente do seu pai.

Hoje as alavancas seletoras de câmbio automático existem em vários formatos: joystick, botões no painel, alavancas na coluna e o já citado comando na central-multimídia da Tesla. Eliminando a alavanca tradicional você reduz a quantidade de componentes mecânicos e também os custos.

Esse tipo de seletor traz também algumas funções de segurança também. O carro coloca na posição Parking automaticamente quando abre a porta e alguns acionam o freio de estacionamento eletrônico sozinho.

Bonus: Revestimento sintético nos bancos

volkswagen nivus highline 2021 bancos dianteiros
O couro é um material premium, os revestimentos sintéticos cobram o preço do produto natural mesmo sendo mais baratos (Foto: Alexandre Carneiro | Divulgação)

Ter bancos em couro era sinônimo de status. O Chevrolet Monza 500 EF era um exemplo de carro topo de linha com esse tipo de revestimento. Com o tempo o couro foi popularizando, chegando a ensaiar uma chegada aos carros compactos com o Renault Twingo Initiale e o Ford Ka Black.

Conforme o couro foi ficando popular e na lista de exigências dos consumidores, os fabricantes foram buscando formas de cortar custos nisso. Primeiro foi adotando o material de origem animal apenas nas áreas onde os ocupantes entram em contato com o banco, como o assento e o encosto. As laterais usavam vinil.

Depois vieram os materiais sintéticos, que por muito tempo foram chamados de couro ecológico até isso ser proibido por lei. Agora é difícil encontrar um carro que usa o produto natural, mesmo dentre modelos médios e grandes.

Esse material sintético é mais barato para o fabricante que o couro de verdade. Mas ele não possui a resistência e conforto da forração de origem animal. Em alguns carros as versões mais simples com bancos em tecidos são até mais agradáveis que a topo de linha com o revestimento dito “premium”.

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6 Comentários
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1271lcvc@gmail.com 21 de outubro de 2022

Tudo balela, no final obrigam a passada no cumputador que na realidade não resolve grandes coisas. Volta ao carburador onde regula a lenta na mão e não precisa de 5 sensores que custa uma fortuna Para talvez resolver.

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Waslon 20 de outubro de 2022

Banco forrados com plástico em vez de tecido é picaretagem.

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Ney Silva 17 de outubro de 2022

É caminho sem volta. Minimalização de projetos está aí, por mais que a eletrônica parecia que iria aumentar custos, é justamente o contrário. Em casa vc não usa botões e nem precisa de tanto espaço pra acomodar sua TV. O meio automotivo seguirá este caminho.

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Roberto Henry Ebelt 16 de outubro de 2022

Está mais do que na hora de a indústria automotiva retroceder uns 20, 25 anos.

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Gilberto 16 de outubro de 2022

Retroceder jamais.

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Roberto Henry Ebelt 17 de outubro de 2022

Às vezes é importante dar alguns passos atrás. Por exemplo, carros elétricos movidos a combustíveis fósseis é um contrassenso.

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