Tecnologia demais atrapalha? As vezes um carro é só um carro
Dirigir o novo Nissan Sentra pode fazer você valorizar as coisas simples em um carro moderno, precisamos mesmo estar sempre cercados de tecnologia?
Dirigir o novo Nissan Sentra pode fazer você valorizar as coisas simples em um carro moderno, precisamos mesmo estar sempre cercados de tecnologia?
A cada novo lançamento ficamos de olho nas novas tecnologias. Os carros estão ganhando mais recursos e isso obriga nós jornalistas a prestar atenção em outras coisas além do comportamento do motor, câmbio e suspensão.
A conexão do Android Auto é boa? Fica caindo o tempo todo? As entradas USB são bem posicionadas? Funções importantes estão escondidas em menus na central multimídia? Onde estão os botões do ar-condicionado? O carro está lento por causa do motor ou eu não selecionei o modo de condução certo? Os assistentes de segurança são ansioso?
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Sei que muitos de vocês vão chamar isso de frescura, mas o público que compra carro novo quer saber. Quem compra um carro novo com preço acima de R$ 150 mil está interessado em saber se os recursos tecnológicos do veículo funcionam bem e são fáceis de operar.
Em meio a todos esses lançamentos, dirigi um carro que agradou justamente por estar datado: o Nissan Sentra Advance. O sedã possui central antiga, que ainda conecta e espelhamento via cabo, freio de estacionamento por pedal, painel analógico e comandos físicos para tudo.
Acostumei rápido com o carro, única “configuração” que precisei fazer foi zerar o hodômetro parcial e parear o meu smartphone. De resto, foi apenas dirigir o Sentra para ver como ele se comporta e constatar que os bancos dianteiros da Nissan seguem sendo uns dos melhores do mercado.
A falta de apitos dos assistentes e a frenagem de emergência que só acionou em uma situação onde eu já estava com o pé no freio fez esquecer que o ADAS era a novidade na versão avaliada. Quando entreguei o Sentra fiquei pensando em como a simplicidade vista nele faz falta nos carros modernos.
Em uma análise fria de ficha técnica, ele não se destaca perante o Toyota Corolla ou os SUVs de preço similar. Seu 2.0 de 150 cv não é dos mais fortes e o pacote de equipamentos não é dos mais completos. O que agradou foi tudo que tem nele funciona direitinho e o conjunto é bem acertado.
Confesso que posso ter apreciado essa simplicidade do Nissan Sentra por possuir um carro com qualidades similares. Meu Honda Fit vem equipado apenas com o essencial para um compacto e serve seu propósito sem reclamações. Acabo usando ele para “desintoxicar” de todas as tecnologias dos carros modernos e dirigir um carro que é apenas um carro.
Os novos carros chineses, principalmente os da BYD, estão usando a tecnologia como chamariz. O Dolphin Mini possui um aplicativo de Karaokê na central multimídia, que por sinal possui uma tela que gira. No showroom da concessionária esse tipo de coisa chama muito a atenção, mas ao volante você estranha o acerto da suspensão.
Em carros mais caros, tudo muda ao toque de um botão. O Porsche Cayenne S, por exemplo, pode ser um elétrico silencioso com suspensão macia e mudar de personalidade completamente acionando o modo esportivo, que liga um V6 biturbo e enrijece a suspensão. Mas continuaria sendo um carro bom mesmo sem essas possibilidades de ajustes.
Mas com tanta tecnologia nos carros, aplicativos nas centrais multimídias e possibilidades de mudar o modo de condução, ainda existe espaço para um carro que é apenas um carro? A fórmula tradicional dos japoneses ainda possui seus fãs no mercado. O Sentra pode vender pouco, mas compatriotas como o Toyota Corolla e o Honda City têm público fiel.
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