Tempra SW era tudo que nem a Fiat e nem o brasileiro precisava

Lançada nos anos 1990, a Tempra SW era a aposta da Fiat para competir com a Quantum da VW, mas foi um case de fracasso

TempraSW
Fiat acreditou que a Tempra SW poderia ter o mesmo desempenho que o sedã, mas a história foi bem diferente do plano (Fotos: Fiat | Divulgação)
Por Douglas Mendonça
Publicado em 06/07/2025 às 13h00

O Tempra foi um carro relativamente bem vendido no mercado nacional, principalmente se considerarmos que o negócio da Fiat na década de 1990 era vender um volume expressivo de carros populares como o Uno e sua família.

Como o Tempra era um carro médio, o consumidor acabava optando pelo Santana, Monza ou Vectra, onde a Volkswagen e a General Motors tinham mais jogo de cintura para fabricar esses médios mais luxuosos. Mesmo assim, a Fiat vendeu mais de 200 mil unidades do Tempra no período em que o carro foi fabricado por aqui, entre 1991 e foi até 1999.

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O fato é que o consumidor brasileiro comprou mesmo o Tempra sedã, com suas quatro portas e um excelente espaço de porta-malas, que batia seus concorrentes. Em contrapartida, as versões cupê de duas portas e a versão perua, batizada de SW (Station Wagon), foram um completo fracasso de vendas.

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Perua utiliza componentes diferentes do sedã produzido em Betim

Imaginem, um mercado em que a graciosidade daVW Quantum conquistava a preferência da família média brasileira desde 1985, quando foi lançada. Depois que a Quantum havia se transformado no sonho da família brasileira, 9 anos depois a Fiat traz para o Brasil, da Itália, a Tempra SW: uma peruona feia e desengonçada, que, além de tudo, era importada e tinha muitos componentes mecânicos diferentes do Tempra sedã brasileiro. Por isso, o SW custava mais caro. Já era o início da derrota.

Mas os italianos que dirigiam a Fiat aqui no Brasil não se deram conta que estariam lançando uma perua para brigar com a preferida Quantum. A única forma de tirar o terreno conquistado pela VW era trazer um modelo mais moderno, mais bonito e com um pacote tecnológico superior. Mas não foi isso que a marca italiana fez na época. Complicado…

Tempra SW era importada e não compartilhava todas peças com os sedã

Para completar o pacote de desigualdade da Tempra SW, o modelo importado da Itália era equipado com motor diferente daquele utilizado pelo Tempra nacional. No modelo italiano, era de 16 válvulas (4 por cilindro) e possuía ainda eixos contra rotantes que tinham como função reduzir as vibrações normais de um 4 cilindros. Além disso, era alimentada por um sistema de injeção multiponto digital.

Vale lembrar que a versão nacional do Tempra tinha motor de apenas 8 válvulas, salvo raras exceções, e não possuía os tais eixos de balanceamento. Na alimentação do sedã, inicialmente injeção monoponto, e só depois, multiponto.

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Diferentemente do sedã, que tinha estilo moderno, a perua não era a das mais simpáticas

Mas o fato é que a Tempra SW não pegou. O consumidor não gostou, o carro era feio e não acrescentava nada com relação a sua concorrente alemã, que já tinha cativado nove anos de consumidores no mercado. Hoje, são menos de 10 mil exemplares ainda em circulação, e é de se esperar que as vendas da perua tenham rondado apenas 10% dos emplacamentos do sedã. Um estrondoso fracasso!

Mas é fácil entender que, estrategicamente, os italianos pretendiam ter uma gama de produtos da família Tempra, começando pelo sedã, de longe o mais vendido, indo para o cupê (outro fracasso), e finalmente a perua, que pretendia conquistar a preferência das famílias brasileiras. Histórias de produtos mal lançados por nossa indústria automotiva…

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