O dia em que um tornado destruiu o Campo de Provas da GM
Em 2005, instalações da General Motors foram arrasadas pelo fenômenos climático e atrapalhou testes e validações dos carros da marca
Em 2005, instalações da General Motors foram arrasadas pelo fenômenos climático e atrapalhou testes e validações dos carros da marca
Corria o ano de 2005. Era o dia 24 de maio. No campo de provas da Cruz Alta (CCPA), da GM, em Indaiatuba (SP), tudo corria bem. Às 17 horas, os funcionários do turno do dia deixaram suas ferramentas, recolheram os veículos em teste e dirigiram-se aos ônibus que os levaria para suas casas.
Sorte deles, pois um tornado passou pelo campo de provas cinco minutos depois, deixando um rastro de tragédia, destruindo veículos, laboratórios, quebrando máquinas e instrumentos de seus trabalhos. Sorte também dos que chegaram para o turno da noite, que já estava fora da rota do tornado e não foram pegos no caminho para suas áreas de trabalho.
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O vendaval, com a velocidade de 251 km/h e 200 metros de diâmetro, segundo informou a Concessionária Rodovia das Colinas, não fez vítimas humanas, salvo pequenos ferimentos em um ou outro funcionário, mas, os laboratórios de Testes Estruturais, Segurança de Veículos, e Ruídos e Vibrações foram destruídos, perdendo telhados e parte das estruturas.
Todos eles empenhados no trabalho de homologação da última geração do Vectra para as entidades federais. Luciano Santos, então diretor do campo de provas, estava em reunião com engenheiros da fábrica no escritório central. Começaram a ouvir um barulho muito forte.
Todos pensaram tratar-se de um avião que se aproximava, talvez porque o piloto, ao avistar uma das pistas de testes, confundiu-a com a do aeroporto de Viracopos, a menos de 10 km de distância do campo de provas.
Quando o teto do escritório começou a tremer, fora até a porta e avistaram tetos dos laboratórios voando, carros virados e muitos destroços – sentiram temor por suas vidas.
“Nossa preocupação era é que, a caixa de água caísse, (o que não aconteceu) pois ela balançava fortemente. Olhando para a portaria, ela já não existia e no dia seguinte recebemos a visita de um vizinho, distante cerca de 500 metros, contando que a estrutura de ferro da portaria estava lá no seu terreno”, conta Luciano.
Abel Santiago conta que muitos carros, estacionados na área externa do campo, foram deslocados e outros encontrado com rodas para o ar. Um clima de destruição, comentou ele.
A mesma reação teve Gerson Borini, na época engenheiro no campo de provas, que viu carros arrastados por mais de 100 metros ou capotados. Conforme salientou, “felizmente ninguém se feriu”.
José Carlos Lindor, escapou por pouco de ser levado pelo tornado. Ele se dirigia à portaria para pegar um carro. Ia aproveitar para colocar sua Meriva, que acabara de comprar, sob a cobertura de motos que havia no estacionamento.
“Dei sorte porque antes de chegar na portaria, o vento movimentava meu carro. Me prendi no cinto de segurança sai quando o vento havia passado e levado o teto da portaria”, relembra Lindor.
Sidney Nascimento, foi outro que a providência salvou. Trabalhando na engenharia e validação de projetos, deixou o laboratório junto com alguns colegas. Ouviram o enorme barulho e viram o tornado se aproximando.
Começaram a correr, mas o vento era mais rápido que eles – e o Sidney era o mais lento, que foi ficando para trás. Vendo que não conseguiria chegar a um lugar seguro como seus colegas, deitou-se ao lado de uma parede e dali viu tudo acontecer: carros sendo carregados, pedaços de tetos, peças, equipamentos.
“Depois andei pelo campo vendo a destruição. E não podíamos voltar para casa porque a estrada estava tomada pelas árvores e postes derrubados”, explica Sidney.
Enquanto isso, Júlio Stellute, engenheiro de Segurança de Veículos (que está completando 38 anos da fábrica), atuava no laboratório, preparando o Vectra para testes a serem enviado ao Denatran. E viu tudo ir pelos ares, literalmente nos três laboratórios, Segurança Veicular, Ruídos e Vibrações.
Desolação foi o que deixou para trás o tornado. Laboratórios destruídos, chegou a hora da verdade. Havia um tempo para apresentar os testes às entidades governamentais mas os meios para realizar esses testes estavam destruídos.
O que fazer? “Levantar a cabeça e começar a trabalhar”, foi a fala de Luciano Santos. Em duas semanas foi possível retornar aos testes, inclusive o crash-test, feito a céu aberto, já que o teto fora levado pelo tornado.
Enfim, o Campo de Provas da Cruz Alta, da GM em Indaiatuba (SP) passou pelo teste do tornado.
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