O Toyota Corolla quase saiu de linha e foi salvo por um engenheiro

Há quase 30 anos os SUVs e as minivans quase fizeram a montadora japonesa cancelar uma geração nova de seu carro mais vendido

toyota corolla SE G 2003 prata frente parado
A nona geração do Corolla foi desenvolvida com pouca verba (Fotos: Toyota | Divulgação)
Por Eduardo Rodrigues
Publicado em 13/10/2024 às 09h00

É impossível imaginar um mundo onde a Toyota não tenha o Corolla em sua gama. Isso quase aconteceu na virada do milênio, mas o tradicional sedã médio foi salvo e evoluiu graças a um engenheiro: Takeshi Yoshida.

Isso ocorreu no final dos anos 90, com o estouro da bolha especulativa japonesa e uma crise financeira que atingiu o continente asiático. Isso ocorreu junto de uma mudança no gosto dos consumidores, que estavam dando preferência aos SUVs e às minivans.

toyota corolla se g 2002 cinza frente parado
Essa geração já foi um projeto de baixo custo, compartilhando muito com a anterior, e poderia ser a última

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Com as vendas do Corolla em baixa, a Toyota considerou tirá-lo de linha após o fim da oitava geração. O engenheiro Takeshi Yoshida relata para o site global da montadora que foi considerado até trocar o nome do sedã.

Mas foi Takeshi Yoshida quem tomou iniciativa de convencer os executivos da Toyota que o Corolla deveria continua. Ele argumentou que o nome era forte e construiu uma reputação em todo o planeta.

Os chefões foram convencidos e deram para Yoshida a tarefa de chefiar o projeto da nona geração do sedã com um desafio: o orçamento de pesquisas e desenvolvimento era limitado.

O engenheiro e sua equipe optaram por subir o nível do Toyota Corolla na nova geração, trazendo melhorias no acabamento, na qualidade de construção e aumentando o porte.

Para conseguir atingir esse objetivo com os custos limitados, Yoshida precisou mudar também a forma como a Toyota trabalhava internamente. As equipes de powertrain, design e ergonomia trabalhavam separadamente, ele juntou todas nas mesmas reuniões e encorajou a discussão entre áreas diferentes.

O nascimento do Toyota Corolla mais vendidos de todos os tempos

O resultado desse esforço deu origem ao Toyota Corolla que foi apelidado no Brasil de “Brad Pitt”, por contar com o ator nas publicidades. Ele cresceu em 14 cm no entre eixos e passou a usar uma versão simplificada da plataforma do Camry japonês.

Nessa geração ele perdeu a suspensão traseira independente em favor do eixo de torção. Em compensação, a qualidade de construção adotou padrões de tolerância da Lexus. As frestas entre as partes das carroceria e o alinhamento são mais precisos que muitos carros atuais.

A cabine do Toyota Corolla também ganhou refinamento e alguns porta objetos. O painel analógico podia vir com a iluminação Optitron da Lexus, que deixava tudo preto quando estava desligado.

O Corolla de nona geração trocou o antigo motor 7A com bloco de ferro pelo ZZ com bloco de alumínio. O propulsor novo era mais leve e eficiente, adotando o comando de válvulas variável VVT-i para ter boa elasticidade.

As versões esportivas vendidas nos EUA, Europa e Japão traziam uma versão mais brava desse motor, com 190 cv e aspiração natural. Ele atingia 8.600 rpm e foi usado também pelo Lotus Elise.

Também foi sucesso no Brasil

Essa geração do Toyota Corolla foi a segunda produzida no Brasil. A campanha publicitária estrelada por Brad Pitt e o desenho moderno, que lembrava carros mais caros, alavancou o modelo japonês para a liderança do segmento de sedãs médios.

Ele desbancou a Chevrolet, que havia tradição nessa área desde os tempos do Monza. Hoje ele é o último do segmento em produção no Brasil, tendo como concorrentes diretos os importados Nissan Sentra e BYD King.

O Corolla “Brad Pitt” também deu uma sobrevida às peruas, com a Fielder. A filial brasileira juntou a carroceria familiar vendida no Japão com a dianteira mais longa do modelo nacional, que era compartilhada com os EUA e sudeste asiático.

Hoje essa geração do Toyota Corolla ainda é bem vista no mercado de usados. Muitos estão com mais de 200 mil km, não é raro ver passando dos 400 mil km. Achar um pouco rodado e bem conservado é como ganhar na loteria.

Esse sedã conquistou o público por ser confiável e competente. O bom acabamento é condizente com o segmento, ele traz os equipamentos triviais e tudo funciona bem.

A decisão de Takeshi Yoshida foi tão certeira que essa geração do Toyota Corolla foi a mais vendida na história do sedã. Nada mau para um carro que estava com o pé na cova antes de nascer e foi desenvolvido com orçamento limitado.

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4 Comentários
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Georges 14 de outubro de 2024

A modinha SUV (sportive?) foi enfiada goela abaixo dos consumidores que aceitam para se sentir pertencendo. Mas quem tem família pequena, ou usuário solo ou até quem pensa racionalmente no meio ambiente precisa ter opção de não ficar usando essas barcas. O Corolla podia sim ser menos espartano no interior mas quem o fez (Cruze Hb) não conseguiu convencer a massa. Aliás, caberia uma versão Hb do Corolla?

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Victor Hugo 14 de outubro de 2024

Pois é nem todo mundo quer SUV muita gente prefere uma perua… Mas na prática será que vende?

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Santiago 14 de outubro de 2024

Apoiado!!!

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Geraldo 13 de outubro de 2024

Já fizeram a besteira de tirar as SW de linha como a Fielder….vão continuar com estas porcarias de SUV? Voltem com a Fielder caramba

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