Para ser feliz de fato, só faltava um upgrade em sua mobilidade... Mas foi aí que tudo começou a dar errado
Era operário prestigiado na construtora, espécie de faz-tudo. Fichado como eletricista, mas faltou pedreiro, pintor ou telhadeiro, podia contar com o Zé do Curto Circuito. Apelido carinhoso dos colegas, que logo virou Zé do Curto. Nenhuma alusão a qualquer característica orgânica. Correto, pontual, jamais faltava, colaborativo e cordial com todos.
Em casa, marido e pai exemplar. Ao Zé, para ser feliz de fato, só faltava um upgrade em sua mobilidade: trocar a moto por um carro, para os dias de chuva e os fins de semana com mulher e filhos. Pelejou para comprar um “usadinho joia” que poderia ser financiado em até 50 meses, mas não tinha a grana da entrada. Até que uma loja do bairro avaliou e aceitou a moto, desde que o cunhado, irmão de Doralinda, sua mulher, avalizasse o financiamento.
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O Gol 2003 foi examinado pelo vizinho, que era amigo e mecânico. E aprovado. Obrigado pelo banco a segurar o carro, que garantia a dívida. Trâmites burocráticos habituais e, dois dias depois, chegou em casa com o possante. No primeiro fim de semana, volta inaugural com Doralinda e o casal de filhos: visita à família da mulher para exibir o sonho motorizado.
Única lembrança da moto era a facilidade para estacionar próximo à obra onde trabalhava. O carro já era mais difícil. Mas valia a pena mesmo assim: só de não tomar chuva na moto….
Vinte dias depois, o Gol negou fogo ao sair de casa pela manhã, pois o arranque não virava. Era a bateria pifada. Fez uma “chupeta” no carro do vizinho e foi trabalhar, com ligeiro atraso. Na hora de voltar para casa, os colegas precisaram empurrar o carro pois a bateria continuava arriada.
O mecânico diagnosticou um problema no alternador, que não gerava energia para recarregar a bateria. Puxa vida, pensou o Zé do Curto, justo na parte elétrica. Que ele era incapaz de resolver, pois não tinha a menor noção da parte elétrica dos automóveis.
No dia seguinte, foi trabalhar de ônibus enquanto o vizinho dava um jeito no carro. Alguns dias depois, problema nos freios e o Zé chegou novamente atrasado na obra. E mais uma despesinha inesperada que o deixou sem a grana que guardara: teve que adiar a troca dos pneus, quase carecas.
Enquanto isso, no ir e vir nas proximidades de casa, a morena que sempre encantou o Zé, mas que jamais olhou para ele na moto, deu o primeiro sorriso para o Gol. E ele se animou a parar e oferecer uma carona, pois estava distante da Doralinda.
E aí, conversa vai, conversa vem e a morena topou um programinha mais íntimo com o Zé. Que tinha de ser à tarde pois ela estudava de manhã. O Zé arranjou uma desculpa na construtora para sair mais cedo e levá-la ao motel. Sua primeira traição. E passou a dar umas eventuais escapadas com a morena.
Além do alternador e dos freios, foram aparecendo mais problemas no carro. A pontualidade do Zé na obra foi sendo questionada pelo chefe. E suas finanças, sempre estáveis, começaram a balançar com os pagamentos ao mecânico, as tardes festivas com a morena…
Doralinda começou a desconfiar do Zé e, além disso, um dia seu irmão aparece para reclamar que recebeu um aviso do banco: o Zé estava atrasado com as prestações do carro.
Não demorou para que uma vizinha fofoqueira viesse comentar do affaire do marido. E no mesmo dia, um oficial de justiça atrás do Zé, para buscar o carro por inadimplência com o banco. Para completar o quadro, demitido pela construtora por excesso de atrasos e faltas.
E assim acabou a história do Zé do Curto com o potente dos sonhos: sem moto nem carro, divorciado e quebrado. E sequer a morena como prêmio de consolação…
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Não foi o primeiro e nem será o último.
Tá cheio de cabeça de prego por aí.