Ford Versailles Royale chegou ao mercado em 1992, como um clone da Quantum, feita pela própria Volkswagen, mas não emplacou
A Royale, como ficou popularmente conhecida a perua Versailles Royale, foi fruto da Autolatina, uma associação que existiu entre a Ford e a Volkswagen de 1987 até 1995. Nessa associação, a marca alemã e a norte-americana trocavam, entre si, componentes, plataformas e até carros completos que as marcas produziam com identificação do parceiro.
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Entre os inúmeros produtos dessa parceria, a Royale foi uma delas. A Ford precisava ofertar aos seus consumidores uma perua mais moderna que a Belina, lançada ainda em meados dos anos 1970, e que ficou em produção até 1991.Mesmo utilizando o motor AP da VW, já era hora de mudar por completo de produto.
A decisão da direção da Autolatina foi a de lançar uma versão Ford da moderna VW Quantum, porém na configuração de duas portas, justamente para se assemelhar com a Belina. Na realidade, a Ford Royale nada mais era do que uma versão duas portas da Quantum, mas com detalhes de acabamento que remetiam aos Ford e, principalmente, a Belina.
Grade, faróis, para-choques, lanternas e todos os detalhes de acabamento interno e forração eram típicos da Ford. Basicamente, uma VW Quantum travestida de Ford.
Inclusive na motorização, a Royale assemelhava-se a Quantum: motores AP 1.8 ou 2.0, carburados nas versões básicas ou injetados nas mais caras. Claro que a resistência mecânica e a confiabilidade eram típicas da marca alemã. A Royale foi lançada em 1992, exatamente no ano seguinte do fim de linha da Belina.
Pensava-se, na época, que o consumidor de Ford Belina apreciava o modelo também pelo fato dela possuir apenas duas portas. Mas a ideia era ter um carro familiar sem portas traseiras para dar mais segurança aos pais, já que assim os filhos não corriam o risco de caírem para fora com o carro em movimento.
Na realidade esse conceito não existia mais, e poucos consumidores se interessaram pela Royale, que, apesar de ser muito mais moderna que a Belina, ainda tinha o desconforto de apenas duas portas grandes e pesadas, que dificultavam muito o acesso ao banco traseiro, principalmente dos mais idosos.
O fato é que, no início dos anos 1990, as famílias optavam pelo conforto das quatro portas até mesmo nos carros pequenos. Além disso, portas grandes e pesadas dificultavam ainda mais o acesso quando o veículo estava parado em aclives ou declives. E até por isso, poderiam causar pequenos acidentes com graves consequências.
As vendas da Royale nunca chegaram perto sequer das previsões da Ford. Apesar de Royale e Quantum saírem da mesma linha de montagem da fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP), o consumidor que desejava o conforto das quatro portas só poderia optar pela marca Volkswagen, única que oferecia essa opção.
As vendas da Royale, que nunca foram promissoras, foram definhando à medida que o tempo passava. O carro foi perdendo a graça, e até mesmo o fiel consumidor da marca Ford partiu para outros caminhos. Seus únicos compradores eram aqueles que buscavam o conforto extremo, alto luxo e melhor acabamento da Royale Ghia, versão topo de linha. A Quantum não era tão requintada ou esmerada no acabamento. Mas esse era um nicho muito restrito de consumidores, que não sustentavam o modelo da Ford.
Enquanto existiu, a Autolatina também gerou muitas brigas internas envolvendo as duas peruas. A rede de concessionárias da Volkswagen, por exemplo, não queria que a marca alemã entregasse para a Ford um Royale quatro portas, fato que levaria muitos consumidores de Quantum a comprarem a Royale.
A perua da Ford foi vendida nas concessionárias de 1992 até 1996, quando o modelo definitivamente saiu de linha. É interessante ressaltar que a tal queda de braço entre a VW e a Ford pela Quantum quatro portas acabou em 1995: a partir desse ano, a Royale ganhou uma reestilização visual e, finalmente, a opção das quatro portas. Isso meses antes dela sair de linha. Já era tarde demais…
A parceria Autolatina já havia acabado no ano anterior e a VW não tinha o menor interesse em oferecer a versão quatro portas da Royale para a rede de concessionária Ford, que ia bater de frente com a VW e sua Quantum. Claro que, para a Volkswagen, isso interessaria muito, mas sua rede de concessionária iria se indispor ferozmente com a fabricante alemã. E essa briga não seria boa para ninguém!
Por isso, 1996 foi o último ano da Royale, que, nesse momento, era ofertada na versão duas e quatro portas, bem ao gosto do freguês. Um modelo que poderia ter sido vendido em um volume bem maior, não fossem as brigas pelos interesses comerciais das redes de concessionárias. Histórias da indústria automotiva brasileira…
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A Autolatina não acertou nada, talvez o Ford Verona com duas portas tenha tido algum sucesso. Lembro do dia em que abri o capô do Gol de frota, tomei um susto, motor Ford CHT, até que andava bem e consumia pouco.