Ford Mustang 60 anos: confira as versões mais legais
No dia 17 de abril é comemorado o aniversário de 60 anos do esportivo mais famoso da Ford, que nem sempre foi um esportivo
No dia 17 de abril é comemorado o aniversário de 60 anos do esportivo mais famoso da Ford, que nem sempre foi um esportivo
O Ford Mustang irá completar 60 anos de seu lançamento no dia 17 de abril. Ele é o carro mais icônico na história da marca e um dos mais importantes na indústria automotiva dos EUA.
Seu lançamento já foi um evento que parou o país, um comercial de televisão passou no dia anterior ao lançamento, que foi uma quinta-feira. No dia 17 as concessionárias da Ford amanheceram lotadas de interessados.
VEJA TAMBÉM:
Nessa data foram vendidas 22 mil unidades do Mustang. Isso fez que ele já entrasse o livro dos recordes como o lançamento de maior sucesso na história.
O interesse era tanto que muitos consumidores dormiram dentro do carro na concessionária até o cheque ser aprovado pelo banco. Ao final de 1964, 418.812 unidades do Mustang foram vendidas. Como comparação, toda a linha da Fiat emplacou 475.517 unidades no Brasil em 2023.
Mas por que o Ford Mustang vendeu tanto em seu lançamento? Para entender melhor é preciso conhecer o contexto do mercado norte-americano da época.
Até o final dos anos 50, as três grandes montadoras dos EUA produziam apenas carros grandes e caminhonetes. Em 1960 começaram a lançar modelos compactos para segurar a onda de importados liderada pelo Volkswagen Fusca.
O representante da Ford era o Falcon, que era um modelo criado apenas para cumprir a função de carro econômico sem trazer emoção. O Mustang nasceu como um carro estiloso feito sobre essa plataforma, para quem precisava de um transporte sensato e não queria deixar a vaidade de lado.
O estilo do Mustang era diferente de tudo que havia no mercado norte-americano. O único carro mais especial da época era o Chevrolet Corvette, mas ele era um esportivo de dois lugares e bem mais caro. O Thunderbird foi um roadster esportivo em sua primeira geração, mas nos anos 60 cresceu para se tornar um carro de luxo com dois lugares.
O Ford Mustang trazia um visual arrojado por um preço mais convidativo. Além disso, era altamente personalizável com sua infinidade de opcionais.
O que ele não era, pelo menos no lançamento, é ser esportivo. A versão GT focava mais em adereços esportivos, com o motor V8 289 (4,7 litros) K-Code mais bravo, de 275 cv, sendo uma opção.
Por incrível que pareça, a Ford apostava no Falcon como carro esportivo. A versão Sprint de seu popular participou de competições importantes, como o Rali de Monte Carlo e do campeonato britânico de turismo.
O Mustang só virou um esportivo de fato após Carroll Shelby transformá-lo em um carro de pista. Isso deu início a uma série de versões apimentadas que fizeram a fama do carro. Vamos listar a seguir as melhores.
A Ford pediu para o ex-piloto e preparador Carroll Shelby que ele fizesse um Mustang para as corridas de turismo dos EUA. O texano foi relutante, falou que não era possível transformar um “carro de secretária” em carro de corrida.
Mas no final acabou realizando a tarefa. Removeu todo o peso desnecessário do carro, incluindo o banco traseiro, instalou freios a disco Kelsey-Hayes na dianteira, tambores de Galaxie na traseira, diferencial traseiro de 9 polegadas e suspensão mais firme.
O motor V8 289 K-Code já trazia componentes desejáveis como tuchos mecânicos e foi preparado para entregar mais força. Recebeu coletor de admissão com maior fluxo e carburador de corpo quadruplo com maior vazão. A potência subiu para 310 cv a 6 mil rpm.
Foi com Shelby GT350 que o Mustang finalmente se tornou um esportivo de respeito, tanto nas ruas quanto nas pistas. Apenas 562 unidades foram feitas em 1965, antes dessa versão ganhar alguns luxos e deixar de ser o carro de corridas para as ruas.
Uma curiosidade interessante sobre o Shelby GT350 é a origem de seu nome. Carroll Shelby não sabia qual nome dar e mandou um funcionário ir andando até o aeroporto próximo de sua oficina contando os passos. O resultado foi 347 passos, que Shelby arredondou para 350.
A história do Mustang Boss 302 é similar a do Shelby GT350, foi outro criado para homologar um carro de corrida. Dessa vez a competição era a Trans Am, mas quem criou o modelo foi a própria Ford.
A Chevrolet lançou o Camaro para rivalizar com o Mustang em 1967 e criou a versão Z/28 para correr na Trans Am. A briga entre Ford e Chevrolet nesse segmento estava iniciada.
O V8 de entrada do Mustang era o 289 Windsor, que cresceu para 302 (4,9 litros) na linha 1969. O Boss 302 trazia uma versão de alta performance dele, que era o oito cilindros mais leve da marca.
A potência de 294 cv no Boss 302 de rua era menor que a do antigo Shelby GT350, mas o carro era mais civilizado e trazia banco traseiro. O desenho dessa versão foi assinado por Larry Shinoda, designer que criou o Corvette Stingray C2 e que havia saído da General Motors no ano anterior.
O visual tirava alguns adornos desnecessários do GT, como as tomadas de ar falsas das laterais. Um grande splitter dianteiro foi adicionado, havia a opção do capô ser preto fosco e na traseira haviam persianas no vigia, como no Lamborghini Miura.
A segunda geração foi o ponto mais baixo na carreira do Mustang. Ele diminuiu de tamanho e perdeu o V8, a maior evolução foi ganhar um sistema de direção por pinhão e cremalheira.
No meio dos anos 70 a Ford até tentou revitalizar a imagem com a opção de motor V8, mas a situação só melhoraria com uma geração nova. Foi o que ocorreu em 1979, com a terceira geração na moderna plataforma Fox.
O Mustang ganhou um chassi melhor e preparado para o motor V8. De início, a potência ainda não era o forte devido as leis de emissões, mas o potencial existia.
A Ford conseguiu fazer um Mustang mais rápido que qualquer Camaro V8 da época e alguns esportivos europeus usando um motor fabricado em Taubaté (SP). Era o quatro cilindros 2.3 com comando no cabeçote que foi usado no Brasil pelo Maverick e pela linha Jeep.
O Mustang usava ele como opção de entrada e tinha uma variante turbinada mais mansa. Para a linha 1984 esse potencial foi explorado fazendo uma versão turbo mais forte do 2.3, que acabou sendo o Mustang mais rápido de seu tempo.
Essa versão foi chamada de SVO e trazia uma potência de 177 cv no 2.3 turbo. Na linha 1985 o valor cresceu para 208 cv. Como referência, o GT V8 5.0 rendia 184 cv com injeção eletrônica e 214 cv com carburador.
O Mustang SVO era mais rápido por ser mais leve. Além disso ele trazia melhorias como amortecedores Koni, freios a discos ventilados nas quatro rodas, pneus Goodyear de alta performance e pedaleira redesenhada para facilitar o punta tacco.
Essa versão de quatro cilindros foi a mais rápida do Mustang por mais alguns anos. A tecnologia ajudou o antigo V8 a render mais potência, principalmente com a virada para 1990.
Após os fãs do Mustang tomarem um susto, com o plano de substituir ele pelo Probe de tração dianteira, a Ford correu para fazer a quarta geração à moda antiga. A plataforma Fox foi atualizada e o visual ganhou algumas inspirações no passado.
O modelo de alta performance não era mais o GT, o SVT Cobra apresentado no final da geração anterior deixou de ser uma edição especial para virar versão de produção. O primeiro SVT Cobra R da quarta geração nasceu como brinquedo de pista, exigindo até licença de corrida para ser adiquirido.
Com o face lift da linha 1999 o Ford Mustang STV Cobra ganhou a suspensão traseira do Thunderbird. Isso foi uma grande ajuda na dinâmica e fez ele caminhar mais em direção ao caminho de ser um esportivo de verdade e não apenas um muscle car.
No ano seguinte a divisão da Ford explorou ainda mais essa plataforma atualizada com o SVT Cobra R. No lugar do V8 4.6 estava o 5.4, com duplo comando e 32 válvulas. Ele produzia 390 cv.
Esse Mustang não rivalizava mais com o Camaro e sim com o Corvette e o Dodge Viper. Por dentro ele era aliviado, perdia o banco traseiro, o ar-condicionado e o rádio. O escapamento sai na lateral, abaixo das portas.
A produção foi de apenas 300 unidades, o que torna ele um dos Mustangs mais raros já feitos. Apesar disso, ele demorou a ser desejado pelos colecionadores.
A quinta geração do Ford Mustang veio no auge da era retrô da indústria automotiva mundial. Ele foi inspirado pelo Fastback de 1965 e usava uma plataforma nova, que era uma simplificação da usada pelo Jaguar S-Type.
Nessa onda de nostalgia veio o Shelby GT500 em 2007, 40 anos após o lançamento do primeiro. Ele usava um V8 5.4 de 32 válvulas com supercharger, era basicamente o motor do Ford GT com bloco de ferro fundido e não em alumínio.
Na linha 2011, já com um face-lift, veio o bloco de alumínio para ajudar na distribuição de peso. Em 2013 o Shelby GT500 virou o primeiro Mustang a passar de 300 km/h, com o deslocamento ampliado para 5,8 litros.
Tudo isso foi com um eixo rígido na traseira, cambio manual e uma dinâmica nada refinada perto dos esportivos europeus da época. Na geração seguinte, o Mustang evoluiu para ficar mais próximo desses rivais e se tornar global.
No modelo 2020 da sexta geração veio o Shelby GT500, para ser o melhor Mustang que a Ford já fez. Ele usava as melhorias do chassi estreadas no GT350, rodas de fibra de carbono e pneus semi-slick Michelin Pilot Sport Cup 2.
O motor era um V8 5.2 com supercharger capaz de produzi 771 cv. No lugar do câmbio manual entra uma caixa de dupla embreagem.
Segundo quem testou o carro, o Shelby GT500 era um esportivo de respeito. Ele não entregava muita força como também conseguia mantê-la sobre controle.
Essa versão fez que a sexta geração do Ford Mustang saísse de cena em grande estilo. A nova geração já chegou, mas sem versões especiais nesse nível. Foi presentado o GTD, que traz potencial de superar o GT500. Isso só saberemos daqui um ano.
👍 Curtiu? Apoie nosso trabalho seguindo nossas redes sociais e tenha acesso a conteúdos exclusivos. Não esqueça de comentar e compartilhar.
TikTok | YouTube | X |
Ah, e se você é fã dos áudios do Boris, acompanhe o AutoPapo no YouTube Podcasts:
Podcast - Ouviu na Rádio | AutoPapo Podcast |