Volkswagen Pointer: o carro que a VW não deveria ter lançado

Fruto do conturbado casamento entre Ford e Volkswagen, VW Pointer era um Escort com motor de Gol, mas que não agradou a ninguém

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Não dá para negar que o Pointer tinha seu charme, além de um monte de problemas (Fotos: VW | Divulgação)
Por Douglas Mendonça
Publicado em 27/09/2025 às 13h00

Era início dos anos 1990, e o projeto da Autolatina avançava a todo vapor. Na época, Volkswagen e Ford tinham um acordo de parceria em que havia trocas de componentes mecânicos, como motores e câmbios completos, utilização das instalações industriais para uma marca produzir carros da outra, e até mesmo o fornecimento de carros completos entre elas. O objetivo era o de fortalecer as marcas pela diversificação de produtos oferecidos em cada uma de suas redes de concessionárias.

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Essa parceria entre a Ford e a Volks durou de 1987 até 1996, e rendeu alguns frutos. O Volkswagen Pointer foi um deles. O carro tinha como uma de suas principais características um desenho arrojado e muito moderno para a época. Suas linhas eram fluídas, sem cantos vivos, com tudo arredondado. Sem dúvidas, o Pointer era um Volkswagen de linhas marcantes.

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Pointer GTI tinha o mesmo conjunto da versão esportiva do Gol, mas não convenceu o consumidor

Oferecido sempre com carroceria hatch de cinco portas, tinha em sua mecânica motor e câmbio produzidos pela própria VW. Podia ser 1.8 ou 2.0 dependendo da versão. Mas, a sua base mecânica, como suspensões, sistema de direção e freios eram do Ford Escort contemporâneo. Em resumo, o Pointer era um Escort com novo design de carroceria, sem calhas e com vidros colados à carroceria, equipado com um motor e câmbio da Volkswagen.

Pointer carburado não dá para defender

Logo na estreia, ele já cometeu uma mancada: as primeiras unidades ainda eram equipadas com o obsoleto carburador no sistema de alimentação. Alguns meses depois, a Autolatina adotou a injeção eletrônica em toda linha do modelo. Essa mudança causou revolta naqueles consumidores que adquiriram os primeiros exemplares, ainda carburados. Esses, aliás, viraram micos no mercado de usados, e desvalorizaram muito.

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VW Pointer herdou as maselas do projeto do Escort como fragilidade da suspensão e baixa rigidez torcional 

Além disso, aqueles consumidores acostumados com produtos Volkswagen estranharam algumas características do novo carro, como curso muito longo da alavanca de câmbio, e durabilidade de componentes muito aquém do esperado. Por ser praticamente um Escort com nova carroceria, o Pointer era fabricado nas instalações industriais da Ford em São Bernardo do Campo, em que pese o fato dele ser um Volkswagen. Assim como o “irmão” Logus, também teve problemas quanto a rigidez torcional de carroceria, e relatos de suspensão muito frágil.

Um carro bonito, de linhas atraentes, mas com uma dinâmica que não convencia. Nem mesmo o lançamento da versão esportiva GTI foi capaz de convencer o consumidor tradicional da VW a comprá-lo. O Pointer GTI era equipado com o motor AP 2000 semelhante ao utilizado pelo Gol GTi, mas disposto transversalmente e alimentado por uma injeção eletrônica digital, ao invés da analógica do Gol. Ainda assim, não agradou.

Fim do casamento

Em 1996, a parceria entre a Ford e a Volks se encerrou. Não só pelo pouco interesse do consumidor nesses carros híbridos, que uniam mecânica de um na carroceria do outro, mas também por constantes desentendimentos entre as áreas industriais de cada marca, como também conflitos de engenharias alemã e norte-americana. Nos bastidores, eram comuns casos de lotes inteiros de carros ou componentes mecânicos (motores, transmissões, suspensões e afins) rejeitados por uma das fabricantes, e devolvidos para a outra, que havia feito a produção.

Uma “brigaiada” sem fim que deixou o Volkswagen Pointer sem pai nem mãe, a partir de 1996. Um carro que já tinha sérios problemas de vendas, agora tinha ficado órfão, pois houve uma separação do casal Ford-VW. Ele acabou saindo de linha com pouco mais de 37 mil carros feitos em um período de 3 anos. Catástrofe!

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